Virtude os meios ama, odeia extremos;
Extremos sĂŁo no mundo ou erro ou culpa.
Do mesmo que abrilhanta a Humanidade
Longe, longe, Ăł mortais, o injusto excesso!
Frases de Manuel Maria Barbosa du Bocage
30 resultadosRasga meus versos. CrĂȘ na eternidade.
Ingénuo, tem conta de ti!
No mundo hĂĄ muitos enganos
(Eu o sei, porque os sofri);
Os bons padecem mil danos
Julgando os outros por si.
VĂłs suspirais pela posse
Das externas perfeiçÔes;
Vós cobiçais os deleites,
Eu cobiço os coraçÔes.
Faço a paz, sustento a guerra,
Agrado a doutos e a rudes,
Gero vĂcios e virtudes,
Torço as leis, domino a Terra.
A frouxidĂŁo no amor Ă© uma ofensa,
Ofensa que se eleva a grau supremo;
PaixĂŁo requer paixĂŁo; fervor e extremo
Com extremo e fervor se recompensa.
Um tĂmido pudor activos fogos
Contrariava em vĂŁo, em vĂŁo retinha
Ignotos medos, sĂŽfregos desejos.
Suspensa e curiosa, eu esperava
Gostosa cena, em que prolixas noites
Pensando o que seria, despendera.
CĂ©us! Amar sem ser amado!
Ah! Se a vossa liberdade
Zelosamente guardais,
Como sois usurpadores
Da liberdade dos mais?
PolĂtica feroz, que sempre armada
De bĂĄrbaros pretextos,
Ă morte horrenda em lĂșgubre teatro
DĂĄs vĂtimas sem conto,
Apoucas e destrĂłis a Humanidade,
Afectando mantĂȘ-la.
SĂł tu, meu bem, me arrebatas
A vontade, o pensamento;
Vivo de ver-te e de amar-te,
E detesto o fingimento.
Mas, ah tirano Amor! Ou cedo ou tarde
à forçoso aos mortais sofrer teu jugo;
Amor, tu Ă©s um mal que fere a todos:
Longa experiĂȘncia contra ti nĂŁo vale,
Ou Virtude, ou RazĂŁo, sĂł vale a Morte.
Triste quem ama, cego quem se fia.
Tu, de quantos dragÔes o Inferno encerra,
Ăs o pior, Inveja pestilente!
Morde a virtude, ao mérito faz guerra
Teu detestĂĄvel, teu maligno dente.
Basta, cega paixĂŁo, loucos amores;
Esqueçam-se os prazeres de algum dia,
TĂŁo belos, tĂŁo durĂĄveis como as flores.
De Amor os gozos sĂŁo como o diamante,
Que, sem o engaste que tocar-lhe veda,
Perdera a polidez, perdera o brilho.
Nas paixÔes a razão nos desampara.
De quantas cores se matiza o Fado!
Nem sempre o homem ri, nem sempre chora,
Mal com bem, bem com mal Ă© temperado.
Morrer Ă© pouco, Ă© fĂĄcil; mas ter vida
Delirando de amor, sem fruto ardendo,
Ă padecer mil mortes, mil infernos.
Sacode o jugo, despedaça os ferros,
A vaidade te anime.
Quase tudo o que Ă© raro, estranho, ilustre,
Da vaidade procede,
Móvel primeiro das acçÔes pasmosas.