Quem vive no medo precisa de um mundo pequeno, um mundo que pode controlar.
Frases de Mia Couto
354 resultadosA poeira não vem da terra mas dos anos. Temos medo do pó porque é uma prova de que o Tempo existe e nos vai tornar obsoletos, quase minerais.
A palavra de hoje é cada vez mais aquela que se despiu da dimensão poética e que não carrega nenhuma utopia sobre um mundo diferente.
É fácil sermos tolerantes com os que são diferentes. É um pouco mais difícil sermos solidários com os outros. Difícil é sermos outros, difícil é sermos os outros.
Nós chegamos à morte como um rio que desagua no mar: uma parte está a nascer e, simultaneamente, a outra já se assombra no sem-fim.
A guerra, disse o adivinho, é uma espécie de serpente que matamos sem pisar a cabeça. Um pequeno descuido e eis que ela ressurge no escondido do capinzal.
O melhor modo de criar um estilo próprio é receber influências, as mais diversas e variadas influências.
Quando regressava da pescaria, não tinha mais defesa para os olhos da mulher e dos filhos que se espetavam nele. Pareciam olhos de cachorro, custava admitir, mas a verdade é que a fome iguala os homens aos animais.
Sem roupa, teu corpo está nu. Sem filhos, tua vida está despida.
No coração envelhecido de uma mãe, os filhos regressam sempre tarde.
Eis a nossa sina: esquecer para ter passado, mentir para ter destino.
Contra factos tudo são argumentos.
Essa habilidade em produzir diversidade, esse é o segredo da nossa vitalidade e das nossas artes de sobrevivência. Temos que saber manter essa capacidade – agora no plano cultural e civilizacional – para respondermos às novas ameaças que sobre todos nós pesam. As saídas que nos restam pedem-nos não o olhar do lince mas o olho composto da mosca.
A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres sâo os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos.
Há coisas que fazem o homem, outras fazem o humano.
Não são os grandes traumas que fabricam as maldades. São, sim as miúdas arrelias do quotidiano, esse silencioso pilão que vai esmoendo a esperança, grão a grão.
A gargalhada é mulher, o riso é masculino.
Todos elogiam o sonho, que é o compensar da vida. Mas é o contrário, Doutor. A gente precisa do viver para descansar dos sonhos.
O cansaço é um modo do corpo ensinar a cabeça.
As mãos não são nada sem o coração.