A vaidade do artista é uma defesa contra os que o negam.
Frases de Vergílio Ferreira
361 resultados‘O inferno são os outros’ – disse Sartre. E é sobretudo por isso que se usam óculos escuros.
Como é subtil, milimétrico o desequilíbrio do que escrevemos. Um breve desvio e é logo o insuportável para o leitor. Tudo porque a sua liberdade é o seu mais alto privilégio. E é assim difícil que se nos submeta.
Só à distância se admira alguém, no tempo ou no espaço, porque nos não faz concorrência. Sinto que enfim começo a ser aceite. Sinal de que já vou sendo do passado.
Quanto mais alto se sobe, mais longe é o horizonte.
Uma convicção é mais uma forma de estarmos com os outros do que connosco ou os argumentos que tivermos.
É muito difícil conhecer as nossas limitações. Porque dentro de uma casa não se vê essa casa.
Um homem cumpre-se melhor no corpo do que no espírito.
Não consideres petulante um autor quando diz que os outros lhe não interessam nada. Pensa apenas que não é o que os outros fazem que ele quereria fazer. E não o julgues petulante mas honesto. Ou humilde.
A honestidade é própria das classes médias. As de baixo não a ignoram, mas não sabem para que serve. As de cima não a ignoram, mas não sabem para que ainda serve.
Guarda o passado, se não tens já futuro. Porque se também o perderes, o presente que te restar é o da pia, que não tem tempo algum.
Se te é indiferente matar uma criança ou uma mosca, podes dizer com verdade que estão mortos todos os valores. Mas nesse caso e em coerência com essa verdade, deve ser-te indiferente continuares livre ou seres preso. Ou enforcado.
A alegria do que nos alegrou dura pouco. A dor do que nos doeu dura muito mais. Vê se consegues poupar a alegria e esbanjares o que te dói. Vive aquela intensamente e moderadamente. E atira a outra ao caixote. Talvez chegues a optimista profissional e tenhas uma bela carreira de político.
É fácil que um escritor se não pareça com os outros. O que é difícil é que ele se pareça consigo.
O autodidacta pode saber tudo. Excepto o porque é que isso se deve saber.
Falar alto para quê? Poupa as forças, fala baixo. Poderás talvez assim ser ouvido ainda, quando os outros que falam alto se calarem estoirados.
Para o escritor que falhou o presente, o reconforto é a posteridade. E essa nunca falha porque nunca se sabe se falhou.
A verosimilhança de uma obra de arte (de um romance, por exemplo, que é o que mais me importa) é a coerência interna dos seus elementos.
O maior mistério da morte é que só o podemos saber quando já o não podemos saber.
A extensão do ‘nunca mais’ com a tua morte vai até à morte do universo. E é sobretudo isso que a torna incompreensível.