Passagens de Friedrich Nietzsche

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Com freqüência a sensualidade precipita o crescimento do amor, de modo que a raiz permanece fraca e é facilmente arrancada.

A grandeza de alma é inseparável da grandeza intelectual, porque implica independência. Mas, sem grandeza intelectual, a grandeza de alma deveria ser contida, pois que cria a desordem, mesmo que tenha a intenção de proceder bem e de obrar com justiça.

Para mim, um determinado grau de crença constitui actualmente uma objecção a essa crença; antes de mais, inspira-me dúvidas relativas à integridade mental do crente.

Ser Injusto é Necessário

Todos os juízos acerca do valor da vida se desenvolveram ilogicamente e são, por isso, injustos. A impureza do juízo encontra-se, em primeiro lugar, na maneira como o material se apresenta, isto é, muito incompleto; em segundo lugar, na maneira como é efectuada a respectiva soma; e, em terceiro lugar, no facto de cada um dos fragmentos do material ser, por seu lado, resultado de um conhecimento impuro e isto, na verdade, de forma absolutamente necessária. Nenhum conhecimento obtido pela experiência acerca, por exemplo, de uma pessoa, por muito perto que esta esteja de nós, pode ser completo, de modo que nós tenhamos um direito lógico a uma avaliação global da mesma. Todas as estimativas são precipitadas e têm de o ser.
No fim de contas, a medida, com a qual nós medimos, ou seja, o nosso ser, não é uma grandeza invariável; nós temos estados de espírito e oscilações, e, não obstante, deveríamos conhecer-nos a nós próprios como uma medida fixa para podermos avaliar justamente a relação de qualquer coisa connosco. Talvez se conclua de tudo isto que não se deveria julgar de todo em todo; mas se se pudesse sequer viver sem avaliar, sem ter antipatia nem simpatia!…

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No convívio com sábios e artistas facilmente nos enganamos no sentido oposto: não é raro encontrarmos por detrás dum sábio notável um homem medíocre, e muitas vezes por detrás de um artista medíocre – um homem muito notável.

Moral para Psicólogos

Não cultivar uma psicologia de bisbilhoteiro! Nunca observar só por observar! Isso provoca uma óptica falsa, uma perspectiva vesga, algo que resulta forçado e que exagera as coisas. O ter experiências, quando é um querer-ter-experiências, — não resulta bem. Na experiência não é lícito olhar para si mesmo, todo o olhar se converte então num «mau-olhado». Um psicólogo nato guarda-se, por instinto, de ver por ver; o mesmo se pode dizer do pintor nato. Este não trabalha jamais «segundo a natureza», encomenda ao seu instinto, à sua câmara escura o crivar e exprimir o «caso», a «natureza», o «vivido»… Até à sua consciência chega só o universal, a conclusão, o resultado: não conhece esse arbitrário abstrair do caso individual. — Que é que resulta quando se procede de outro modo? Quando se cultiva, por exemplo, uma psicologia de bisbilhoteiro, à maneira dos romanciers parisienses, grandes e pequenos? Essa gente anda, por assim dizê-lo, à espreita da realidade, essa gente leva para casa cada noite um punhado de curiosidades… Porém veja-se o que acaba por sair daí — um montão de borrões, um mosaico no melhor dos casos, e de qualquer forma algo que é o resultado da soma de várias coisas,

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Prejudicar com o que se tem de Melhor

As nossas forças levam-nos por vezes tão longe que não podemos continuar a suportar as nossas fraquezas e disso perecemos: bem nos sucede prever esse resultado, mas não lhe podemos introduzir nenhuma modificação. Usamos então a dureza contra o que seria necessário poupar em nós memos, e a nossa grandeza faz a nossa barbárie.
Esta experiência, que acabamos por pagar com a vida, simboliza a acção dos grandes homens nos outros e no seu tempo: é com aquilo que têm de melhor, com aquilo que são os únicos a poder fazer, que arruinam grande número de seres fracos, incertos, sem vontade própria, ainda em mudança, é com aquilo que têm de melhor em si próprios que se tornam nocivos. Pode até acontecer que só prejudiquem porque aquilo que há de melhor nele só pode ser absorvido, esvaziado de um trago, de qualquer maneira, por seres que ali afogam a sua razão e a sua individualidade, como se fosse num licor excessivamente forte: estão de tal modo embriagados que não poderão deixar de partir os membros em todos os caminhos em que a sua embriaguez os fulminará.

Toda virtude tem seus privilégios: por exemplo, o de levar seu próprio feixezinho de lenha para a fogueira do condenado.

A Necessidade do Próximo

Nós só sentimos agrado para com os semelhantes – ou seja pelas imagens de nós próprios – quando sentimos comprazimento connosco. E quanto mais estamos contentes connosco, mais detestamos o que nos é estranho: a aversão pelo que nos é estranho está na proporção da estima que temos por nós. É em consequência dessa aversão que nós destruímos tudo o que é estranho, ao qual assim mostramos o nosso distanciamento.
Mas o menosprezo por nós próprios pode levar-nos a uma compaixão geral para com a humanidade e pode ser utilizado, intencionalmente, para uma aproximação com os demais.
Temos necessidade do próximo para nos esquecermos de nós mesmos: o que leva à sociabilidade com muita gente.
Somos dados a supor que também os outros têm desgosto com o que são; quando isto se verifica, então receberemos uma grande alegria: afinal, estamos na mesma situação.
E, talqualmente nos vemos forçados a suportar-nos, apesar do desgosto que temos com aquilo que somos, assim nos habituamos a suportar os nossos semelhantes.
Assim, nós deixamos de desprezar os outros; a aversão para com eles diminui, e dá-se a reaproximação.
Eis porque, em virtude da doutrina do pecado e da condenação universal,

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