Passagens de Friedrich Nietzsche

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Quem não sabe encontrar o caminho para o «seu» ideal vive de um modo mais leviano e insolente que o homem sem ideal.

Declaração de Amor

(e o poeta cai na armadilha)

Ó maravilha! Voará ainda?
Sobe e as suas asas nĂŁo se mexem?
Quem Ă© entĂŁo que o leva e faz subir?
Que fim tem ele, caminho ou rédea, agora?

Como a estrela e a eternidade
Vive nas alturas de que se afasta a vida,
Compassivo, mesmo para com a inveja…
E quem o vê subir sobe também alto.

Ă“ albatroz! Ă“ minha ave!
Um desejo eterno me empurra para os cimos
Pensei em ti e chorei.
Chorei mais e mais… Sim, eu amo-te!

À força de se andar à procura das origens transformamo-nos em caranguejos. O historiador olha para o passado; no fim «crê» também no passado.

Um único homem sem alegria basta para criar numa casa inteira um mau humor contínuo e para a envolver numa nuvem escura: e é um milagre se este homem não está presente! É preciso muito para que a felicidade seja doença tão contagiosa. De onde é que isso vem?

E Essa Tolerância, Esse ‘Largeur’ Do Coração Que Tudo ‘Perdoa’ Porque Tudo ‘Compreende’, É Para NĂłs como O vento Siroco…

As Nossas Verdades

A aprendizagem transforma-nos, faz o mesmo que toda a alimentação que tambĂ©m nĂŁo «conserva» apenas -: como sabe o fisiĂłlogo. Mas no fundo de nĂłs mesmos, muito «lá no fundo», há, na verdade, qualquer coisa rebelde a toda a instrução, um granito de fatum espiritual, de decisões predestinadas e de resposta a perguntas escolhidas e prĂ©-formuladas. A cada problema fundamental ouve-se inevitavelmente dizer «isso sou eu»; por exemplo, a respeito do homem e da mulher, um pensador nĂŁo pode aprender nada de novo mas apenas aprender atĂ© ao fim, – prosseguir atĂ© ao fim na descoberta do que, para ele, era «coisa assente» a esse respeito. Encontram-se por vezes certas soluções de problemas que alimentam precisamente a nossa grande fĂ©; talvez de ora em diante lhes chamemos as nossas «convicções».

Mais tarde – sĂł se verá, nessas convicções, pegadas que conduzem ao autoconhecimento, indicadores que conduzem ao problema que nĂłs somos, – ou mais exactamente, Ă  grande estupidez que somos, ao nosso fatum espiritual, ao incorrigĂ­vel, que se encontra totalmente «lá no fundo». – Depois dessa atitude simpática que acabo de assumir em relação a mim prĂłprio, talvez me seja mais facilmente permitido dizer francamente algumas verdades sobre «a mulher em si»: uma vez que agora já se sabe de antemĂŁo que sĂŁo apenas –

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Depois que cansei de procurar aprendi a encontrar. Depois que um vento me opĂ´s resistĂŞncia, velejo com todos os ventos.

Os nossos atos marcadamente habituais acabam por formar em redor de nós como que um edifício sólido; açambarcam as nossas forças de tal modo que tornam difícil um desvio de intenções

É preciso estudar as misérias dos homens, incluindo entre essas misérias as ideias que eles têm quanto aos meios para combatê-las.

Esquecer não é uma simples vis inertiae [força inercial], como creem os superficiais, mas uma força inibidora ativa, positiva.

O filósofo representa a espécie superior, contudo bastante mesquinha, até ao presente. A espécie que o artista representa, sendo embora inferior àquela, é a que mais bela e ricamente é desenvolvida.

Um, nunca tem razão; a dois, começa a verdade. Um, não se pode provar; dois, já não podem continuar a refutar-se.

Consolação para os Principiantes

Vede a criança, rodeada de porcos a grunhir,
Desarmada, encolhendo os dedos dos pés.
Chora, nĂŁo sabe fazer mais nada senĂŁo chorar.
Será alguma vez capaz de ficar de pé e de caminhar?
Coragem! E depressa, penso eu,
Podereis ver a criança dançar;
Logo que conseguir manter-se de pé,
Haveis de a ver caminhar de cabeça para baixo.

Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.

É equivocar-se grosseiramente ver no código penal de um povo uma expressão do seu carácter; as leis não revelam o que é um povo, mas o que lhe parece estranho, bizarro, monstruoso, exótico.

Não é só a razão, mas também a nossa consciência, que se submetem ao nosso instinto mais forte, ao tirano que habita em nós.

Contra as Leis

A partir de hoje penduro ao pescoço
Com uma corda de crina o relĂłgio que marca as horas;
A partir de hoje cessam o curso das estrelas
E do sol, e o canto do galo e a sombra;
E tudo aquilo que a hora nunca anunciou
Está agora mudo, surdo e cego:
Toda a natureza se cala para mim
Diante do tiquetaque da lei e da hora.