Poemas sobre Bem de Pedro Homem de Melo

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Amizade

Ser-se amigo Ă© ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez…)
É pôr-se a boca onde cai
A nĂłdoa que nos desfez.

É dar sem receber nada,
Consciente da prisĂŁo,
Onde os nossos passos vĂŁo
Em linha por nĂłs traçada…

É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e nĂŁo ter fome.

É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
SĂł porque a gente respira
O ar de quem nos engana.

Escárnio

O meu amor anda em fama.
Mesmo assim lhe quero bem.
Cegueira? Seja o que for!
Os olhos do meu amor
Não os vejo em mais ninguém.

Tentaram deitá-lo à rua,
Mas abri-lhe a minha porta,
E a minha mĂŁo, toda nua,
Varreu toda a noite morta.
Porém, mil vozes, medonhas
Como pedaços de lama,
Segredaram-me vergonhas
Do meu amor que anda em fama.

Ai! a dor! — casa florida…
Ai! o amor! — casa cercada.

Há-de-se acabar a vida
Com a Ăşltima pedrada!..

Dinheiro

Quem quiser ter filhos que doire primeiro
A jarra onde, inteira, caiba alguma flor!
Ai dos que tĂŞm filhos, mas nĂŁo tĂŞm herdeiro!
— Dinheiro! Dinheiro!
Ó canção de Amor!

As noivas sorriem, talvez, aos vinte anos.
Os amantes sonham… Sonho passageiro!
Música de estrelas: Ética de enganos;
Ilusões, perdidas depois dos vinte anos..
E logo outras nascem: Dinheiro! Dinheiro!

Teus pais, teus irmĂŁos e tua mulher
CercarĂŁo teu leito de herĂłi derradeiro
(Ai de quem, ouvindo-os, nada lhes trouxer!)
E hĂŁo-de ali pedir-te o que o mundo quer:
— Dinheiro! Dinheiro!

Deixa-lhes os versos que um dia fizeste,
Amarrado ao lodo, porém verdadeiro.
E eles te dirão: — Pássaro celeste,
Morreste? Morrendo, que bem que fizeste!

Ó canção de amor!
Dinheiro! Dinheiro!