Como Eu nĂŁo Possuo

Olho em volta de mim. Todos possuem –
Um afecto, um sorriso ou um abraço.
Só para mim as ânsias se diluem
E não possuo mesmo quando enlaço.

Roça por mim, em longe, a teoria
Dos espasmos golfados ruivamente;
SĂŁo ĂŞxtases da cĂ´r que eu fremiria,
Mas a minh’alma pára e nĂŁo os sente!

Quero sentir. NĂŁo sei… perco-me todo…
Não posso afeiçoar-me nem ser eu:
Falta-me egoísmo pra ascender ao céu,
Falta-me unção pra me afundar no lôdo.

Não sou amigo de ninguém. Pra o ser
Forçoso me era antes possuir
Quem eu estimasse – ou homem ou mulher,
E eu nĂŁo logro nunca possuir!…

Castrado de alma e sem saber fixar-me,
Tarde a tarde na minha dor me afundo…
Serei um emigrado doutro mundo
Que nem na minha dor posso encontrar-me?…

*       *       *       *       *

Como eu desejo a que ali vai na rua,
TĂŁo ágil, tĂŁo agreste, tĂŁo de amor…
Como eu quisera emmaranhá-la nua,
BebĂŞ-la em espasmos d’harmonia e cĂ´r!…

Desejo errado… Se a tivera um dia,

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