Todo o Mal Provém não da Privação mas do Supérfluo
Ser feliz Ă©, afinal, nĂŁo esperar muito da felicidade, ser feliz Ă© ser simples, desambicioso, Ă© saber dosear as aspirações atĂ© Ă quela medida que põe o que se deseja ao nosso alcance. Pegando de novo em Tolstoi, que vem sendo em mim um padrĂŁo tutelar, lembremos de novo um dos seus herĂłis, o prĂncipe Pedro Bezoukhov (do romance ‘Guerra e Paz’). As circunstâncias fizeram-no conviver no cativeiro com um sĂmbolo da sabedoria popular, um tal Karataiev. Pois esse companheirismo desinteressado e genuĂno, esse encontro com a vida crua mas desmistificadora, nĂŁo sĂł modificaram o prĂncipe Pedro como lhe revelaram o que ele precisava de saber para atingir o que nĂłs, pobres humanos, debalde perseguimos: a coerĂŞncia, a pacificação interior, que sĂŁo correctivos da desventura.
Tolstoi salienta-nos que Pedro, apĂłs essa vivĂŞncia, apreendera, nĂŁo pela razĂŁo mas por todo o seu ser, que o homem nasceu para a felicidade e que todo o mal provĂ©m nĂŁo da privação mas do supĂ©rfluo, e que, enfim, nĂŁo há grandeza onde nĂŁo haja verdade e desapego pelo efĂ©mero. Isto, aliás, nos Ă© repetido por outra figura de Tolstoi, a princesa Maria, ao acautelar-nos com esta sĂntese desoladora: «Todos lutam, sofrem e se angustiam,
Passagens sobre SĂnteses
25 resultadosO homem Ă© a sĂntese do mundo, a mulher Ă© o cĂ©u desse homem.
Mera mudança nĂŁo Ă© crescimento. Crescimento Ă© a sĂntese de mudança e continuidade, e onde nĂŁo há continuidade nĂŁo há crescimento.
ConfissĂŁo Social
NinguĂ©m tem qualquer interesse em saber isto; mas se eu tivesse de me confessar socialmente, a sĂntese do meu desespero era esta: que cheguei, em matĂ©ria de descrença no homem, Ă saturação.
E, contudo, este perdido, este condenado, merece-me uma ternura tal, que não há tolice que faça, asneira que invente, mentira que diga que me deixem indiferente. Tenho por força de olhar, reparar, ouvir, e comentar com toda a paixão de que sou capaz.
Contágio Mental
O contágio mental representa o elemento essencial da propagação das opiniões e das crenças. A sua força Ă©, muitas vezes, bastante considerável para fazer agir o indivĂduo contra os seus interesses mais evidentes. As inumeráveis narrações de martĂrios, de suicĂdios, de mutilações, etc., determinados por contágio mental fornecem uma prova disso.
Todas as manifestações da vida psĂquica podem ser contagiosas, mas sĂŁo, especialmente, as emoções que se propagam desse modo. As ideias contagiosas sĂŁo sĂnteses de elementos afectivos.
Na vida comum, o contágio pode ser limitado pela acção inibidora da vontade, mas, se uma causa qualquer – violenta mudança de meio em tempo de revolução, excitações populares, etc. – vĂŞm paralisá-la, o contágio exercerá facilmente a sua influĂŞncia e poderá transformar seres pacĂficos em ousados guerreiros, plácidos burgueses em terrĂveis sectários. Sob a sua influĂŞncia, os mesmos indivĂduos passarĂŁo de um partido para outro e empregarĂŁo tanta energia em reprimir uma revolução quanto em fomentá-la.
O contágio mental nĂŁo se exerce somente pelo contacto direto dos indivĂduos. Os livros, os jornais, as notĂcias telegráficas, mesmo simples rumores, podem produzi-lo.
Quanto mais se multiplicam os meios de comunicação tanto mais se penetram e se contagiam. A cada dia estamos mais ligados àqueles que nos cercam.