Os Germes da Natureza
Numa floresta, as árvores, justamente pelo facto de que uma tenta arrebatar da outra o ar e o sol, esforçam-se Ă porfia por se ultrapassarem umas Ă s outras e, portanto, crescem belas e erectas. PorĂ©m, pelo contrário, as que lançam em liberdade os seus ramos segundo a sua vontade, afastadas de outras árvores, crescem mirradas, contorcidas e curvadas. Toda a cultura, toda a arte, que ornamentam a humanidade, assim como a ordem social mais bela, sĂŁo frutos da falta de sociabilidade, que Ă© forçada por si mesma a disciplinar-se e a desabrochar com isso por completo, impondo-se tal artifĂcio, os germes da natureza.
Textos sobre Ar de Immanuel Kant
2 resultadosA Necessidade da MetafĂsica
A razão humana tem este destino singular, numa parte dos seus conhecimentos, de sucumbir ao peso de certas questões que não pode evitar. Com efeito, tais questões impõem-se à razão devido à sua mesma natureza, mas ela não pode responder-lhes porque de todo ultrapassam a sua capacidade.
NĂŁo devemos contar que o espĂrito humano renuncie um dia por completo Ă s indagações metafĂsicas: seria o mesmo que aguardar que, em vez de respirar sempre um ar viciado, suspendĂŞssemos um belo dia a respiração. Por conseguinte, haverá sempre no mundo, ou, melhor, em todo homem, sobretudo se ele reflecte, uma metafĂsica, que, na ausĂŞncia de uma norma comum, cada qual talhará a seu grado; ora o que atĂ© aqui se tem denominado metafĂsica nĂŁo pode satisfazer nenhum espĂrito reflectido, mas renunciar a ela por completo Ă© tambĂ©m impossĂvel; Ă© necessário, pois, empreender enfim uma crĂtica da razĂŁo pura em si, ou, se alguma existe, perscrutá-la e examiná-la em conjunto; na verdade, nĂŁo há outro meio de satisfazer esta exigĂŞncia imperiosa, que Ă© coisa muito diferente de um simples desejo de saber.