Textos sobre Investigação

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Textos de investigação escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

As Artes e as Ciências Nasceram dos Vícios

A astronomia nasceu da superstição; a retórica, da ambição, do ódio, da adulação, da mentira; a geometria, da ganância; a física, da curiosidade vã; e todas elas, mesmo a ética, do orgulho humano. As artes e as ciências devem portanto o seu nascimento aos nossos vícios, e nós deveríamos duvidar menos das suas vantagens se elas tivessem tido origem nas nossas virtudes. (…) Quantos perigos! Quantos caminhos equivocados na investigação das ciências? Por meio de quantos erros, milhares de vezes mais perigosos do que a verdade é útil, não é preciso abrir caminho a fim de alcançá-la? O problema é patente; pois a falsidade admite um número infinito de combinações; mas a verdade possui apenas um modo de ser.

Ninguém Pensa Senão em Mulheres e Homens

Ninguém pensa senão em mulheres e homens, a totalidade do dia é um trâmite que se detém num dado momento para permitir pensar neles, o propósito da cessação do rabalho ou do estudo não é senão começar a pensar neles, mesmo quando estamos com eles pensamos neles, pelo menos eu. Os parênteses não são eles, mas as aulas e as investigações, as leituras e os escritos, as conferências e as cerimónias, as ceias e as reuniões, as finanças e as politiquices, a globalidade daquilo que consideramos ser aqui a actividade. A actividade produtiva, a que proporciona dinheiro e segurança e apreço e nos permite viver, a que faz com que uma cidade ou um país andem e estejam organizados. A que depois nos permite dedicarmo-nos a pensar neles com toda a intensidade.
Até neste país é assim, contrariamente às nossas pretensões e fama, contrariamente àquilo que nós próprios gostamos de crer. O parêntese é isso, e não o contrário. Tudo o que se faz, tudo o que se pensa, tudo o resto que se pensa e maquina é um meio de pensar neles. Mesmo as guerras são travadas para poder voltar a pensar, para renovar esse pensamento fixo dos nossos homens e das nossas mulheres,

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Portugal Necessita de um Projecto Mobilizador

Portugal necessita de um projecto mobilizador. É tempo de que este país encontre um rumo definido de recuperação e de desenvolvimento. Somos um país pobre em recursos materiais, mas mesmo os poucos que temos estamos a desperdiçá-los. Somos ricos em recursos humanos que se encontram abandonados.

Só com uma política que em matéria de recursos nacionais privilegie a agricultura e as pessoas, que aproveite todas as potencialidades dos serviços e da indústria, conjugada com uma política de investigação científica e tecnológica, com uma política cultural, com uma política de educação, poderemos sair da situação dramática em que nos encontramos.

A Política Cultural

A política cultural deve radicar nos valores e nas realidades portuguesas. A política de educação deve ser não mera repetição, mas inovação, progresso e igualdade de oportunidades para todos. Apolítica de investigação científica e tecnológica deve mobilizar os intelectuais portugueses em conjunto com o Povo, aproveitar todas as potencialidades humanas dos Portugueses, seja qual for o seu estrato social ou o seu setor de trabalho, permitir dar uma esperança nova aos Portugueses. Para isso é necessária a estabilidade política.

As Ideias dependem das Sensações

À primeira vista, nada pode parecer mais ilimitado do que o pensamento humano, que não apenas escapa a toda autoridade e a todo poder do homem, mas também nem sempre é reprimido dentro dos limites da natureza e da realidade. Formar monstros e juntar for­mas e aparências incongruentes não causam à imaginação mais em­baraço do que conceber os objectos mais naturais e mais familiares. Apesar de o corpo confinar-se num só planeta, sobre o qual se arrasta com sofrimento e dificuldade, o pensamento pode transportar-nos num instante às regiões mais distantes do Universo, ou mesmo, além do Universo, para o caos indeterminado, onde se supõe que a Natureza se encontra em total confusão. Pode-se conceber o que ainda não foi visto ou ouvido, porque não há nada que esteja fora do poder do pensamento, excepto o que implica absoluta contradição.

Entretanto, embora o nosso pensamento pareça possuir esta liber­dade ilimitada (…) ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e todo o poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de transpor, aumentar ou de diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos sentidos e pela experiência. Quando pensamos numa montanha de ouro, apenas unimos duas idéias compatíveis,

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É Possível Estarmos Todos Errados?

É possível (…) que não se tenha visto, conhecido e dito nada de real e importante? É possível que se tenha tido milénios para olhar, reflectir e anotar e que se tenha deixado passar os milénios como uma pausa escolar, durante a qual se come fatias de pão com manteiga e uma maçã?
Sim, é possível.
É possível que, apesar das investigações e dos progressos, apesar da cultura, da religião e da filosofia, se tenha ficado na superfície da vida? É possível que até se tenha coberto essa superfície – que, apesar de tudo, seria qualquer coisa – com um pano incrivelmente aborrecido, de tal modo que se assemelhe aos móveis da sala durante as férias de Verão?
Sim, é possível.
É possível que toda a História Universal tenha sido mal-entendida? É possível que o passado seja falso, precisamente porque sempre se falou das suas multidões, como se dissertasse sobre uma aglomeração de pessoas, em vez de falar de uma única, em torno da qual elas estavam, porque se tratava de um desconhecido que morreu?
Sim, é possível.
É possível que se tenha julgado ser preciso recuperar o que aconteceu antes de se ter nascido?

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