Frases sobre Guerra de Mia Couto

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Frases de guerra de Mia Couto. As mais belas frases e mensagens de Mia Couto para ler e compartilhar.

A guerra é uma parteira: das entranhas do mundo faz emergir um outro mundo. Não o faz por cólera nem por qualquer sentimento. É a sua profissão: mergulha as mãos no Tempo, com a altivez de um peixe que pensa que ele é que faz despontar o mar.

Quem mais sofre na guerra é quem não tem serviço de matar. As crianças e as mulheres: essas são quem carrega mais desgraça.

O jornalista atribui a si mesmo uma missão, e essa missão tem notáveis semelhanças com uma operação de guerra: trata-se de conquistar audiências, bombardear com notícias num tempo precioso e milimetricamente calculado. O jornalista está em cima do acontecimento como se o evento fosse um alvo preciso. O acontecimento é a presa dessa aranha que é o repórter, nessa teia noticiosa que dá a volta ao planeta.

A guerra, disse o adivinho, é uma espécie de serpente que matamos sem pisar a cabeça. Um pequeno descuido e eis que ela ressurge no escondido do capinzal.

A diferença entre a Guerra e a Paz é a seguinte: na Guerra, os pobres sâo os primeiros a serem mortos; na Paz, os pobres são os primeiros a morrer. Para nós, mulheres, há ainda uma outra diferença: na Guerra, passamos a ser violadas por quem não conhecemos.

O que se pretende em toda e qualquer guerra não é apenas ganhar. É abolir o inimigo, dissolver o Outro. É fazer desaparecer não apenas o adversário mas todo o seu mundo. Pretende-se anular a sua história, apagar a sua memória.

A morte é uma guerra de enganos. As vitórias são só derrotas adiadas. A vida enquanto tem vontade vai construindo a pessoa.

A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda.