Passagens de Friedrich Nietzsche

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Aquele que luta com monstros deveria tomar cuidado para não se tornar, através disto, um monstro. E se você encara por muito tempo um abismo, o abismo também encara você.

O cômico tem espírito,mas pouca consciência do espírito. Crê sempre naquilo pelo qual faz crer mais energicamente – crer em si mesmo.

Remédio para o Pessimismo

Queixas-te porque não encontras nada a teu gosto?
São então sempre os teus velhos caprichos
Ouço-te praguejar, gritar e escarrar…
Estou esgotado, o meu coração despedaça-se.
Ouve, meu caro, decide-te livremente.
A engolir um sapinho bem gordinho,
De uma só vez e sem olhar.
É remédio soberano para a dispepsia.

A Mentira

Porque é que, na maior parte das vezes, os homens na vida quotidiana dizem a verdade? Certamente, não porque um deus proibiu mentir. Mas sim, em primeiro lugar, porque é mais cómodo, pois a mentira exige invenção, dissimulação e memória. Por isso Swift diz: «Quem conta uma mentira raramente se apercebe do pesado fardo que toma sobre si; é que, para manter uma mentira, tem de inventar outras vinte». Em seguida, porque, em circunstâncias simples, é vantajoso dizer directamente: quero isto, fiz aquilo, e outras coisas parecidas; portanto, porque a via da obrigação e da autoridade é mais segura que a do ardil. Se uma criança, porém, tiver sido educada em circunstâncias domésticas complicadas, então maneja a mentira com a mesma naturalidade e diz, involuntariamente, sempre aquilo que corresponde ao seu interesse; um sentido da verdade, uma repugnância ante a mentira em si, são-lhe completamente estranhos e inacessíveis, e, portanto, ela mente com toda a inocência.

Aos Pregadores de Moral

Não quero fazer moral, mas dou o seguinte conselho àqueles que a fazem: se quereis tirar às melhores coisas todo o prestígio e todo o valor, continuai a falar delas como o fazeis. Fazei disso o centro da vossa moral, repeti de manhã à noite a felicidade da virtude, a tranquilidade da alma, a equidade e a justiça imanente; pelo caminho por onde ides, essas excelentes coisas acabarão por ganhar o coração do povo; a voz do povo estará do seu lado; mas, passando de mão em mão, perderão toda a sua duradoura; pior: o seu ouro transformar-se-á em chumbo. Ah! Como sois peritos nessas contra-alquimias! Como sabeis desvalorizar as substâncias mais preciosas! Tentai, portanto, uma vez, a título de experiência, uma receita diferente, se não quereis, como até agora, conseguir o contrário daquilo que procurais: negai essas excelentes coisas, retirai-lhes o aplauso da multidão, entravai a sua circulação, voltai a fazê-las outra vez o objecto de secreto pudor da alma solitária, dizei que a moral é um fruto proibido! Talvez ganheis então para a vossa causa a única espécie de homens que interessa, quero dizer, a raça dos heróis.

Não se conhecer a si mesmo revela a prudência do idealista: uma pessoa que tem razões para não se ver claramente a si própria e que é assaz inteligente para não esclarecer as suas próprias razões.

Um Ser Revoltante e Falso

Quanta felicidade dá a grata suavidade das coisas! Como a vida é cintilante e de bela aparência! São as grandes falsificações, as grandes interpretações que sempre nos têm elevado acima da satisfação animal, até chegarmos ao humano. Inversamente: que nos trouxe a chiadeira do mecanismo lógico, a ruminação do espírito que se contempla ao espelho, a dissecação dos instintos?
Suponde vós que tudo era reduzido a fórmulas e que a vossa crença era confinada à apreciação de graus de verosimilhança, e que vos era insuportável viver com tais premissas… que fazíeis vós?