Passagens sobre Irmãos

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Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão

XXVII

Ontem – néscio que fui! – maliciosa
Disse uma estrela, a rir, na imensa altura:
“Amigo! uma de nós, a mais formosa
“De todas nós, a mais formosa e pura,

“Faz anos amanhã… Vamos! procura
“A rima de ouro mais brilhante, a rosa
“De cor mais viva e de maior frescura!”
E eu murmurei comigo: “Mentirosa!”

E segui. Pois tão cego fui por elas,
Que, enfim, curado pelos seus enganos,
já não creio em nenhuma das estrelas…

E – mal de mim! – eis-me, a teus pés, em pranto…
Olha: se nada fiz para os teus anos,
Culpa as tuas irmãs que enganam tanto!

Interrogação

A Guido Batelli

Neste tormento inútil, neste empenho
De tornar em silêncio o que em mim canta,
Sobem-me roucos brados à garganta
Num clamor de loucura que contenho.

Ó alma de charneca sacrossanta,
Irmã da alma rútila que eu tenho,
Dize pra onde vou, donde é que venho
Nesta dor que me exalta e me alevanta!

Visões de mundos novos, de infinitos,
Cadências de soluços e de gritos,
Fogueira a esbrasear que me consome!

Dize que mão é esta que me arrasta?
Nódoa de sangue que palpita e alastra…
Dize de que é que eu tenho sede e fome?!

Qual o Próximo Pretexto para o Holocausto ?

Vi o fim do fascismo. Foi bom. Vejo o fim do comunismo. É bom. E vi durante toda a vida como um e outro foram úteis para o ódio se cumprir. Mas finda a utilidade desses pretextos, que outro pretexto vai ser? Curamos os efeitos da doença, guardamos a doença para outra vez. É a reserva maior do homem, essa, a do mal, Há o que lhe é inevitável, mas não lhe basta. Cataclismos, traições do irmão corpo. Não chega. E a própria morte, que é a sua fatalidade, ele não a desperdiça e aproveita-a para ir matando mais cedo. Como a um animal do seu sustento. O homem. Que enormidade.

Relações de Poder entre Homens e Mulheres

Por cada mulher e rapariga atacadas com violência, reduzimos a nossa humanidade. Por cada mulher forçada a ter sexo desprotegido por exigência do homem, destruímos dignidade e orgulho. Cada mulher que tem de vender a sua vida por sexo, condenamos a prisão perpétua. Por cada mulher infectada pelo VIH, destruímos uma geração. (…) Temos de ser honestos e sinceros sobre as relações de poder entre homens e mulheres na nossa sociedade, e temos de ajudar a construir um ambiente de maior capacitação e apoio, que coloque o papel da mulher na ribalta desta luta. Cada um de nós – irmã e irmão, mãe e pai, professor e aluno, sacerdote e paroquiano, gerente e trabalhador, presidentes e primeiros-ministros – têm de juntar a sua voz a esta exigência de actuação.

Não olhes para o dia do teu irmão no dia da sua desgraça

Não olhes para o dia do teu irmão no dia da sua desgraça.

para uma canção de embalar

embalo a minha filha joana que acordou num berreiro.
a casa está às escuras, vou passando com cuidado
para não dar encontrões nos móveis, embalo esta menina
que se calou mas está de olho muito aberto e quer brincar,
e há um halo de luz parda a coar-se pelas persianas
e às vezes uns faróis riscando estrias a correrem pelo tecto.

levo-a bem presa ao colo, toda de porcelana pesadinha,
enquanto a irmã está a dormir meio atravessada nos lençóis.
ao chegar-me a outra janela vejo as luzes fugindo na auto-estrada
em direcção ao rio, a uma placa da lua sobre o rio,
e trauteio «já gostava de te ve-er», enquanto acendo o fogão
para aquecer o leite e embalo a minha filha e a outra está a dormir.

oxalá cresçam ambas airosas e bem seguras,
e possam ir na vida serenamente como os rios correm,
ou como os veleiros voam, ou como elas agora respiram
em cadências regulares neste silêncio táctil.
a meio da noite um homem acordou no sossego da casa
e pôs-se a cuidar do sono das suas filhas pequenas.

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Tarde Demais

Crescemos sempre assim, unidos – desde crianças
vivemos como irmãos, e, afinal, só depois
que o tempo nos mudou, é que eu e tu, nós dois,
descobrimos no amor as nossas esperanças…

Mas foi tarde demais… Eu já tinha tomado
um rumo diferente – e o meu caminho e o teu
cada qual do princípio um dia se esqueceu,
e seguiu, cada qual, um rumo inesperado…

Quantos anos!… Meu Deus!… É esquisita esta vida…
Depois que a nossa estrada em duas foi partida
em uma novamente, o mundo as quis juntar.. .

Mas de nada serviu… De que serviu nos vermos
se o presente tornou os nossos sonhos ermos,
– se não podes me amar!… se não posso te amar!…

Cruzada Nova

Vamos saber das almas os segredos,
Os círculos patéticos da Vida,
Dar-lhes a luz do Amor compadecida
E defendê-las dos secretos medos.

Vamos fazer dos áridos rochedos
Manar a água lustral e apetecida,
Pelos ansiosos corações bebida
No silêncio e na sombra d’arvoredos.

Essas irmãs furtivas das estrelas,
Se não formos depressa defendê-las,
Morrerão sem encanto e sem carinho.

Paladinos da límpida Cruzada!
Conquistemos, sem lança e sem espada,
As almas que encontrarmos no Caminho.

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.