Parem eu confesso sou poeta cada manhĂŁ que nasce me nasce uma rosa na face parem eu confesso sou poeta sĂł meu amor Ă© meu deus eu sou o seu profeta.
Passagens sobre Rosas
446 resultadosO coração de uma mulher galante é uma rosa da qual cada amante tira uma folha; não tarda que ao marido fiquem apenas os espinhos.
Besta Célere
Há quem lhe chame, por brincadeira, besta cĂ©lere para caracterizar a qualidade mediana (tomada por mĂ©dia) desse produto cultural (agora Ă© tudo cultural!) e, ao mesmo tempo, a rapidez com que ele se esgota em sucessivas edições. O best-seller Ă© um produto perfeita (ou eficazmente) projectado em termos de «marketing» editorial e livreiro. É para se vender – muito e depressa – que o best-seller Ă© construĂdo com os olhos postos num leitor-tipo que vai encontrar nele aquilo que exactamente esperava. Nem mais, nem menos. Os exemplos, abundantĂssimos, nem vale a pena enumerá-los. ConvĂ©m nĂŁo confundir, pelo menos em todos os casos, best-seller com «topes» de venda. Embora seja cabeça de lista, o best-seller tem, em relação aos livros «normais», uma caracterĂstica que logo o diferencia: foi feito propositadamente para ser um campeĂŁo de vendas. A sua razĂŁo de ser Ă© essa e sĂł essa. E aqui poderia dizer-se, recuperando o lugar-comum para um sentido sĂ©rio, que «o resto Ă© literatura».
Estou a pensar em bestas céleres como Love Story ou O Aeroporto. Não estou a pensar em «topes» de venda como O Nome da Rosa ou Memórias de Adriano. estes últimos são boa, excelente literatura que, por razões pontuais e,
Te Quero
Pássaro perdido em raaresia, te quero,
com teus seios de nĂŞsperas e teu colo de safira.
Assim prenhe de rosas, te quero,
assim estranha e mĂşltipla, nĂŁo consentida,
assim tranqĂĽila, dispersa em sonho,
fantástica e só.E mais que por isso te quero,
ave de asa tonta,
corpo e forma do meu canto.Boneca da infância esquecida,
eis que te quero.
Rosas Vermelhas
Que estranha fantasia!
Comprei rosas encarnadas
Ă s molhadas
dum vermelho estridente,
tĂŁo rubras como a febre que eu trazia…
– E vim deitá-las contente
na minha cama vazia!Toda a noite me piquei
nos seus agudos espinhos!
E toda a noite as beijei
em desalinhos…A janela toda aberta
meu quarto encheu de luar…
– Na roupa branca de linho,
as rosas,
sĂŁo corações a sangrar…Morrem as rosas desfolhadas…
Matei-as!
Apertadas
Ă s mĂŁos-cheias!Alvorada!
Alvorada!
Veio despertar-me!
Vem acordar-me!Eu vou morrer…
E nĂŁo consigo desprender
dos meus desejos,
as rosas encarnadas,
que morrem esfarrapadas,
na fĂşria dos meus beijos!
Em Cruz nĂŁo Era Acabado
As crianças viravam as folhas
dos dias enevoados
e da página do Natal
nasciam os montes prateadosda infância. Intérmina, a mãe
fazia o bolo unido e quente
da noite na boca das crianças
acordadas de repente.Torres e ovelhas de barro
que do armário saĂam
para formar a cidade
onde o menino nascia.Menino pronunciado
como uma palavra vagarosa
que terminava numa cruz
e começava numa rosa.Natal bordado por tias
que teciam com seus dedos
estradas que entĂŁo havia
para a capital dos brinquedos.E as crianças com a tinta invisĂvel
do medo de serem futuro
escreviam os seus pedidos
no muro que dava para o impossĂvel,chĂŁo de estrelas onde dançavam
a sua louca identidade
de serem no dicionário
da dor futura: saudade.
Tua Chama Incendeia o Meu Pensamento
Penso: logo tua chama
incendeia o meu pensamento
logo me entregas
as pálpebras da orquĂdea submersa
logo o dia amanhece
em todas as conchas do teu dorso
logo os meus olhos
esvaziam o cálice de tua nudez
logo te aproximas
coroada de algas e de espumas.
Penso: logo existes
metamorfose da rosa em meu sangue.[Argila ErĂłtica: 14]
Imagens sĂŁo adonde Amor se Adora
Quem pode livre ser, gentil Senhora,
Vendo-vos com juĂzo sossegado,
Se o Menino, que de olhos Ă© privado,
Nas Meninas dos vossos olhos mora?Ali manda, ali reina, ali namora,
Ali vive das gentes venerado;
Que vivo lume, e o rosto delicado,
Imagens sĂŁo adonde Amor se adora.Quem vĂŞ que em branca neve nascem rosas
Que crespos fios de ouro vĂŁo cercando?
Se por entre esta luz a vista passa,Raios de ouro verá, que as duvidosas
Almas estĂŁo no peito traspassando,
Assim como um cristal o Sol traspassa.
Intimidade
Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela – e se te nĂŁo comparo Ă rosa,
É que a rosa, bem vĂŞs, passou de moda…Anda-me Ă s vezes a cabeça Ă roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidĂŁo ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.Mas Ă© na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!E nĂŁo te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo,
Juras – mentindo – que me tens amor…
Anda, Vem
Anda, vem… por que te nĂ©gas,
Carne morĂŞna, toda perfume?
Por que te cálas,
Por que esmoreces
Boca vermĂŞlha, – rosa de lume!Se a luz do dia
Te cĂłbre de pĂŞjo,
Esperemos a noite presos n’um beijo.Dá-me o infinito goso
De contigo adormecer,
Devagarinho, sentindo
O arĂ´ma e o calĂ´r
Da tua carne, – meu amĂ´r!E ouve, mancebo aládo,
Não entristeças, não penses,
– SĂŞ contente,
Porque nem todo o prazer
Tem peccado…Anda, vem… dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos;Tenho Saudades da vida!
Tenho sĂŞde dos teus beijos!
Talvez Natal
Que a minha poesia
Jorre de novo em fonte.
Tu que fazes, Maria?
– Vou beijar-te na fronte.Que a rosa da alegria
Volte a esfolhar-se em mim.
Tu que fazes, Maria?
– Colho-a no meu jardim.Que eu tome cada dia
O alvor da comunhĂŁo.
Tu que fazes, Maria?
– O milagre do pĂŁo.Que graça te alumia?
Quem te sublima em luz?
Tu que fazes, Maria?
– Trago ao colo Jesus.
Nirvana
Viver assim: sem ciĂşmes, sem saudades,
Sem amor, sem anseios, sem carinhos,
Livre de angĂşstias e felicidades,
Deixando pelo chĂŁo rosas e espinhos;Poder viver em todas as idades;
Poder andar por todos os caminhos;
Indiferente ao bem e Ă s falsidades,
Confundindo chacais e passarinhos;Passear pela terra, e achar tristonho
Tudo que em torno se vĂŞ, nela espalhado;
A vida olhar como através de um sonho;Chegar onde eu cheguei, subir à altura
Onde agora me encontro – Ă© ter chegado
Aos extremos da Paz e da Ventura!
Lydia
A Esther
Feliz de quem se vai na tua idade,
Murmura aquele que nĂŁo crĂŞ na vida,
E nĂŁo pensa sequer na mĂŁe querida
Que te contempla cheia de saudade.Pobre inocente! Se alegrar quem há-de
Com tua sorte, rosa empalidecida!
Branca açucena inda em botĂŁo, caĂda,
O que irás tu fazer na eternidade?Foges da terra em busca de venturas?
Mas, meu amor, se conseguires tĂŞ-las,
De certo, não será nas sepulturas.Fica entre nós, irmã das andorinhas:
Deus fez do Céu a pátria das estrelas,
Do olhar das mães o Céu das criancinhas.
Pequena Elegia Chamada Domingo
O domingo era uma coisa pequena.
Uma coisa tĂŁo pequena
que cabia inteirinha nos teus olhos.
Nas tuas mĂŁos
estavam os montes e os rios
e as nuvens.
Mas as rosas,
as rosas estavam na tua boca.Hoje os montes e os rios
e as nuvens
nĂŁo vĂŞm nas tuas mĂŁos.
(Se ao menos elas viessem
sem montes e sem nuvens
e sem rios…)
O domingo está apenas nos meus olhos
e Ă© grande.
Os montes estĂŁo distantes e ocultam
os rios e as nuvens
e as rosas.
Ă“ Minha Felicidade
Revejo os pombos de SĂŁo Marcos:
A praça está silenciosa; ali se repousa a manhã.
Indolentemente envio os meus cantos para o seio da suave
frescura,
Como enxames de pombos para o azul
Depois torno a chamá-los
Para prender mais uma rima Ă s suas penas.
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!Calmo céu, céu azul-claro, céu de seda,
Planas, protector, sobre o edifĂcio multicor
De que gosto, que digo eu?… Que receio, que invejo…
Como seria feliz bebendo-lhe a alma!
Alguma vez lha devolveria?
NĂŁo, nĂŁo falemos disso, Ăł maravilha dos olhos!
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!Severa torre, que impulso leonino
Te levantou ali, triunfante e sem custo!
Dominas a praça com o som profundo dos teus sinos…
Serias, em francês, o seu «accent aigu»!
Se, como tu, eu ficasse aqui,
Saberia a seda que me prende…
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!Afasta-te, música. Deixa primeiro as sombras engrossar
E crescer até à noite escura e tépida.
É ainda muito cedo para ti, os teus arabescos de ouro
Ainda nĂŁo cintilam no seu esplendor de rosa;
O Chalé
É um chalé luzido e aristocrático,
De fulgurantes, ricos arabescos,
Janelas livres para os ares frescos,
Galante, raro, encantador, simpático.O sol que vibra em rubro tom prismático,
No resplendor dos luxos principescos,
Dá-lhe uns alegres tiques romanescos,
Um colorido ideal silforimático.Há um jardim de rosas singulares,
LĂrios joviais e rosas nĂŁo vulgares,
Brancas e azuis e roxas purpĂşreas.E a luz do luar caindo em brilhos vagos,
Na placidez de adormecidos lagos
Abre esquisitas radiações sulfúreas.
Pétala Dobrada para Trás da Rosa
Pétala dobrada para trás da rosa que outros dizem de veludo.
Apanho-te do chão e, de perto, contemplo-te de longe.Não há rosas no meu quintal: que vento te trouxe?
Mas chego de longe de repente. Estive doente um momento.
Nenhum vento te trouxe agora.
Agora estás aqui.
O que foste não és tu, se não toda a rosa estava aqui.
Pequena Elegia de Setembro
NĂŁo sei como vieste,
mas deve haver um caminho
para regressar da morte.Estás sentada no jardim,
as mãos no regaço cheias de doçura,
os olhos pousados nas Ăşltimas rosas
dos grandes e calmos dias de setembro.Que mĂşsica escutas tĂŁo atentamente
que não dás por mim?
Que bosque, ou rio, ou mar?
Ou Ă© dentro de ti
que tudo canta ainda?Queria falar contigo,
Dizer-te apenas que estou aqui,
mas tenho medo,
medo que toda a mĂşsica cesse
e tu nĂŁo possas mais olhar as rosas.
Medo de quebrar o fio
com que teces os dias sem memĂłria.Com que palavras
ou beijos ou lágrimas
se acordam os mortos sem os ferir,
sem os trazer a esta espuma negra
onde corpos e corpos se repetem,
parcimoniosamente, no meio de sombras?Deixa-te estar assim,
ó cheia de doçura,
sentada, olhando as rosas,
e tĂŁo alheia
que nem dás por mim.
voz numa pedra
NĂŁo adoro o passado
nĂŁo sou trĂŞs vezes mestre
nĂŁo combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi OsĂris porĂ©m chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava JoĂŁo
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemĂŁo que as tem tĂŁo grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a nĂŁo ser pelo arco em flecha negro e azul do ventoNĂŁo digo como o outro: sei que nĂŁo sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco Ăris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vĂŁo acabar?
Os segadores do amor vĂŁo acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me entĂŁo aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa nĂŁo me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propĂłsito de nĂŁo sacrificar-se nĂŁo construirĂŁo ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Ó Tranças De Que Amor Prisões Me Tece
Ó tranças de que Amor prisões me tece,
Ă“ mĂŁos de neve, que regeis meu fado!
Ó tesouro! Ó mistério! Ó par sagrado,
Onde o menino alĂgero adormece!Ă“ ledos olhos, cuja luz parece
TĂŞnue raio de sol! Ă“ gesto amado,
De rosas e açucenas semeado,
Por quem morrera esta alma, se pudesse!Ó lábios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcĂssimos favores
Talvez o próprio Júpiter suspira!Ó perfeições! Ó dons encantadores!
De quem sois? Sois de VĂŞnus? – É mentira;
Sois de MarĂlia, sois dos meus amores.