Soneto Ditado Na Agonia
Já Bocage nĂŁo sou!… Ă€ cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento…
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!… Tivera algum merecimento
Se um raio da razĂŁo seguisse pura.Eu me arrependo; a lĂngua quasi fria
Brade em alto pregĂŁo Ă mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:Outro Aretino fui… a santidade
Manchei!… Oh! Se me creste, gente Ămpia,
Rasga meus versos, crĂŞ na eternidade!.
Sonetos sobre Fantástico
23 resultadosVoz Interior
(A JoĂŁo de Deus)
Embebido n’um sonho doloroso,
Que atravessam fantásticos clarões,
Tropeçando n’um povo de visões,
Se agita meu pensar tumultuoso…Com um bramir de mar tempestuoso
Que até aos céus arroja os seus cachões,
AtravĂ©s d’uma luz de exalações,
Rodeia-me o Universo monstruoso…Um ai sem termo, um trágico gemido
Ecoa sem cessar ao meu ouvido,
Com horrĂvel, monĂłtono vaivĂ©m…SĂł no meu coração, que sondo e meço,
Não sei que voz, que eu mesmo desconheço,
Em segredo protesta e afirma o Bem!
Parece Que Nasceste, Oh! Pálida Divina
Parece que nasceste, oh! pálida divina,
Para seres o farol, a luz das puras almas!…
Parece que ao estridor, ao frĂŞmito das palmas
Exalças-te feliz a plaga cristalina!…Parece que se partem, angĂ©lica Bambina,
As campas glaciais dos Tassos e dos Talmas,
Lá quando no tablado as turbas sempre calmas
Transmutas em vulcĂŁo, em raio que fulmina!…E quando majestosa, em lance sublimado
Dardejas do olhar, olĂmpico, sagrado
Mil chispas ideais, titânicas, ardentes!…EntĂŁo sente-se n’alma o trĂŞmulo nervoso
Que deve ter o mar, fantástico, espumoso
Nos grossos vagalhões, indĂ´mitos, frementes!!…