Querer Ă© Poder
Querer alguĂ©m, ou alguma coisa, Ă© muito fácil. Mesmo assim, olhar e sentirmo-nos querer, sem pensar no que estamos a fazer, Ă© uma coisa mais bonita do que se diz. Antes de vermos a pessoa, ou a coisa, nĂŁo sabĂamos que estávamos tĂŁo insatisfeitos. Porque nĂŁo estávamos. Mas, de repente, vemo-la e assalta-nos a falta enorme que ela nos faz. Para nĂŁo falar naquela que nos fez e para sempre há-de fazer. Como foi possĂvel viver sem ela? Foi uma obscenidade. Querer Ă© descobrir faltas secretas, ou inventá-las na magia do momento. NĂŁo há surpresa maior.
O que é bonito no querer é sentirmo-nos subitamente incompletos sem a coisa que queremos. Quanto mais bela ela nos parece, mais feios nos sentimos. Parte da força da nossa vontade vem da força com que se sente que ela nunca poderia querer-nos como nós a queremos. Querer é sempre a humilhação sublime de quem quer. Por que razão não nos sentimos inteiros quando queremos? É porque a outra pessoa, sem querer, levou a parte melhor que havia em nós, aquela que nos faz mais falta. E a parte de nós que olha por nós e que nos reconcilia connosco. Quanto mais queremos outra pessoa,
Textos sobre Magia de Miguel Esteves Cardoso
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