Passagens sobre Conversas

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A Falsa Polidez

As ofensas, que na verdade consistem sempre na exteriorização da falta de consideração, colocar-nos-iam bem menos fora de nós mesmos se, por um lado, não nutríssimos uma representação tão exagerada do nosso elevado valor e da nossa dignidade – portanto, um orgulho desmesurado – e, por outro, se estivéssemos bastante cientes daquilo que, via de regra, no fundo do coração, cada um crê e pensa dos outros.
Que contraste flagrante entre a susceptibilidade da maioria das pessoas à mais ténue alusão de censura a seu respeito, e aquilo que ouviriam de si, caso surpreendessem as conversas dos seus conhecidos! Deveríamos, antes, ter em mente que a polidez habitual é apenas uma máscara burlesca; desse modo, não gritaríamos tão alto todas as vezes que esta fosse deslocada ou retirada por um breve instante. . Decerto, assim o fazendo, desempenha uma figura bastante feia, como a maioria dos homens nesse estado.

Arthur Schopenhauer, in ‘Aforismos para a Sabedoria de Vida’

Um Clímax Duplo

Meu Amor,

Hoje vou buscar as minhas pérolas! Vou já à loja de fotografias e terei os instantâneos para ti amanhã à noite. Estou livre amanhã à noite. Onde queres que te encontre?

A mulher do Allendy teve uma atitude desesperada, e ele deu um pulo até à Bretanha por uns tempos. Tivemos uma cena linda que te relatarei… Profundamente interessante… Aqui mesmo em Louveciennes, há uma hora. Então vou trabalhar noutras coisas. O teu livro incha dentro de mim como o meu próprio — mais jovialmente ainda do que o meu, porque o teu livro é para mim uma fecundação, ao passo que o meu é um acto de narcisismo. Eu digo: deixem uma mulher escrever livros, mas deixem-na acima de tudo permanecer fecundável por outros livros!

Entendes-me? Regozijo nos teus planos imensos, nas tuas ideias… Essas nossas conversas, Henry, como ressaltam, são tão firmes… Henry, nunca haverá momentos mortos, porque em nós ambos existe sempre movimento, renovação, surpresas. Nunca conheci a estagnação. Nem mesmo a introspecção tem sido uma experiência estática… Mesmo em nada leio maravilhas, e no mero acto de esburacar a terra, em vez de minas de ouro, consigo gerar entusiasmo.

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Nada é Complicado se nos Prepararmos Previamente

Se, antes de começarmos a falar, determinarmos e escolhermos, previamente, as palavras, a nossa conversa não será vacilante nem ambígua. Se em todos os nossos negócios e empresas determinarmos e planearmos, previamente, as etapas da nossa actuação, obteremos o êxito. Se determinarmos com bastante antecedência a nossa norma de conduta na vida, em nenhum momento seremos assaltados pela inquietação. Se sabemos, previamente, quais são os nossos deveres, será fácil darmos-lhes cumprimento.

fingir que está tudo bem

fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.

A Loucura é uma Destilação Decisiva

Nestes séculos, o escritor tem mantido uma conversa com a loucura. Podemos quase dizer que o escritor do século vinte aspira à loucura. Alguns conseguiram-no, evidentemente, e ocupam lugares especiais na nossa consideração. Para um escritor, a loucura é uma destilação decisiva do eu, uma edição decisiva. É o submergir das vozes enganadoras.

Um Certo Grau de Vida

Quando atingimos um certo grau da vida, da experiência e do conhecimento dos homens, toda a relação, mesmo com os mais avisados e os mais amáveis dos nossos amigos, quase não vale mais do que pela atmosfera que a envolve, e todas as nossas conversas, mesmo aquelas que se dizem profundas, já não são capazes de nos dar riqueza e felicidade no plano intelectual, mas unicamente de um modo quase melódico ou musical.

Eu leio nos jornais que a sucessão vai ser decidida em 1978. Aí, consulto minha folhinha e vejo que não estamos em 1978, mas em novembro de 1977. Aí leio de novo o que vocês estão escrevendo (jornalistas), e percebo que se baseiam em ‘conversas de jantares íntimos’. Como eu não ouço conversas íntimas, nem pesquiso atividades não oficiais, não posso nem confirmar, nem desmentir o que leio.

Do meu vagar

Já não há mais o vagar
de quando se comia sentado
e devagar se caminhava
até chegar a qualquer lado
agora vai toda a gente
sempre de mão na buzina
sempre na linha da frente
a tremer de adrenalina

Do meu vagar não traço rotas
não tenho trilho que me prenda
não tiro dados nem notas
não encho uma linha de agenda
do meu vagar não chego a Meca
não faço nada num só dia
não corto a fita da meta
não vejo Roma nem Pavia

Do meu vagar
sei que nunca hei-de ir longe
vou aonde for preciso
vou indo do meu vagar
em busca do tempo perdido
e se um dia o encontrar
o longe não faz sentido

Do meu vagar há um nicho
um pico de ilha insubmersa
onde há lugar para o capricho
que dá pelo nome de conversa
do meu vagar a paisagem
ainda tem beleza em bruto
e vale mais uma palavra
que mil imagens por minuto

Do meu vagar
sei que nunca hei-de ir longe
vou aonde for preciso
vou indo do meu vagar
em busca do tempo perdido
e se um dia o encontrar
o longe não faz sentido

A Verdadeira Conversa

O sinal de uma verdadeira conversa está em que os ditos espirituosos dificilmente podem ser transportados com todo o seu brilho para fora do círculo dos íntimos. Para conservarem toda a sua força, devem aparecer numa biografia juntamente com o retrato de quem os profere. Uma boa conversa é teatral; é como uma representação improvisada onde cada um se deve apresentar na sua melhor forma; e o melhor género de conversa é aquele onde cada participante se mostra mais completa e sinceramente ele mesmo e onde, se invertêssemos as réplicas, se perderia totalmente o sentido e a clareza.
(…) A maior parte de nós, proteiforme que é o ser humano, pode falar com toda a gente até certo ponto; mas a verdadeira conversa, que a anima a melhor parte de nós mesmos, tantas vezes apagada, acontece apenas com as nossas almas gémeas; encontra-se tão profundamente ancorada quanto o amor na constituição do nosso ser, e devemos saboreá-la com toda a energia de que dispusermos e estar-lhes gratos para todo o sempre.

Fico Sozinho com o Universo Inteiro

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida…
Calaram o piano no terceiro andar…
Não oiço já passos no segundo andar…
No rés-do-chão o rádio está em silêncio…

Vai tudo dormir…

Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua…
Um automóvel — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me…
O som de um portão que se fecha brusco dóí-me…

Vai tudo dormir…

Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma…
Qualquer coisa.

Você pode descobrir mais sobre uma pessoa em uma hora de brincadeira do que em um ano de conversa.

Esta Dor que me Faz Bem

As coisas falam comigo
uma linguagem secreta
que é minha, de mais ninguém.
Quem sente este cheiro antigo,
o cheiro da mala preta,
que era tua, minha mãe?

Este cheiro de além-vida
e de indizível tristeza,
do tempo morto, esquecido…
Tão desbotada e puída
aquela fita escocesa
que enfeitava o teu vestido.

Fala comigo e conversa,
na linguagem que eu entendo,
a tua velha gaveta,
a vida nela dispersa
chega à cama onde me estendo
num perfume de violeta.

Vejo as tuas jóias falsas
que usavas todos os dias,
do princípio ao fim do ano,
e ainda oiço as tuas valsas,
minha mãe, e as melodias
que cantavas ao piano.

Vejo brancos, decotados,
os teus sapatos de baile,
um broche em forma de lira,
saia aos folhos engomados
e sobre o vestido um xaile,
um xaile de Caxemira.

Quantas voltas deu na vida
este álbum de retratos,
de veludo cor de tília?
Gente outrora conhecida,
quem lhe deu tantos maus tratos?

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Há Muitas Religiões, Mas o Espírito é Único

– Que religião é a tua? – perguntou um homem de certa idade, que estava num extremo da balsa, junto do seu carro.
– Não tenho nenhuma religião. Porque não creio em ninguém mais do que em mim mesmo – replicou o velho com ar resoluto.
– Como pode uma pessoa crer em si mesma ? Pode enganar-se – objectou Nekliudov, intervindo na conversa.
– Nunca! – exclamou o velho abanando a cabeça.
– Porque há então diferentes religiões ?- interrogou Nekliudov.
– Porque as pessoas crêem precisamente nessas religiões e não crêem em si mesmas. Também eu acreditei nos outros e perdi-me como numa floresta. Estava tão confuso que julguei não poder mais encontrar o caminho. Conheci múltiplas religiões diferentes. Todas se louvam a si mesmas. Todas se foram propagando, tal como uns carneiros cegos arrastam outros consigo. Há muitas religiões, mas o espírito é único. É o mesmo em ti, em vós e em mim. Assim, pois, cada um de nós tem de acreditar no seu espírito, e deste modo todos estamos unidos.

Agarra as Oportunidades

O que é uma oportunidade? É tudo. Uma oportunidade é uma possibilidade e tu, assim te permitas, podes tudo. Como acontece todos os dias e a todas as horas, é algo corriqueiro, pequeno, quase invisível, e, por isso, nem sempre é interpretado da melhor maneira. Podes criá-las ou, simplesmente, estar recetivo porque elas, também, surgem do nada. A única premissa para teres uma vida cheia de oportunidades é estares desperto e quereres, de facto, viver. Nada mais. Uma oportunidade é um abraço, é um telefonema a convidar-te para ires almoçar ou jantar fora, uma ida à praia ou à discoteca, é um filme que te deixe a pensar, é um livro que te faça rir ou emocionar, uma conversa que fica, um sorriso que se pega, uma pessoa que passa e te faz olhar para trás, a tua password no Facebook por te permitir iniciar sempre, e à hora que quiseres, uma viagem maravilhosa, enfim, tanta coisa. Tudo é uma oportunidade para saíres de onde estás, fazer uma coisa diferente, conhecer pessoas novas, estabelecer novos contactos, largar a rotina e ser feliz. A oportunidade vincula-te sempre ao «Agora», é uma pequena grande coisa onde, decerto, irás encontrar as raízes da tua felicidade e,

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A verdade és tu. O que mais que se segue já não interessa à conversa. Excepto para demonstrares essa verdade, em movimento de recuo.