Fico às vezes reduzida ao essencial, quer dizer, só meu coração bate.
Passagens sobre Coração
2137 resultadosSorria sempre. Seus lábios não precisam traduzir o que acontece no seu coração.
O coração do homem pode estar deprimido ou excitado. Em qualquer dos dois casos o resultado será fatal.
Erro
Erro é teu. Amei-te um dia
Com esse amor passageiro
Que nasce na fantasia
E não chega ao coração;
Nem foi amor, foi apenas
Uma ligeira impressão;
Um querer indiferente,
Em tua presença vivo,
Nulo se estavas ausente.
E se ora me vês esquivo,
Se, como outrora, não vês
Meus incensos de poeta
Ir eu queimar a teus pés,
É que, — como obra de um dia,
Passou-me essa fantasia.Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras.
Tuas frívolas quimeras,
Teu vão amor de ti mesma,
Essa pêndula gelada
Que chamavas coração,
Eram bem fracos liames
Para que a alma enamorada
Me conseguissem prender;
Foram baldados tentames,
Saiu contra ti o azar,
E embora pouca, perdeste
A glória de me arrastar
Ao teu carro…Vãs quimeras!
Para eu amar-te devias
Outra ser e não como eras…
A vida no interior, embora não deixe a mulher mais elegante ou preparada, ensina como escutar o coração – e entender seus instintos.
Sim, o que existe dentro do seu coração é amor quando vê-se pequeno ante a grandeza do seu sentimento!
Todas as graças da mente e do coração se escapam quando o propósito não é firme.
Se em Nós a Solidão Viver Sozinha
Se em nós a solidão viver sozinha,
sem que nada em nós próprios a perturbe,
cada figura passará rainha
na antiguidade súbita da urbe.Um acento de pena irá na linha
vincar a eternidade de figura
a um rosto que quase só caminha
para dentro de o vermos pela purasubstância em si que vive a solidão
dentro de nós. E sendo nós só margem
do seu reino de ver por onde vãoas figuras passando na paisagem
de um antigo fulgor de coração
aonde passam desde sempre. E agem.
Paisagens De Inverno II
Passou o outono já, já torna o frio…
– Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado…
– O sol, e as águas límpidas do rio.Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando…Onde ides a correr, melancolias?
– E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias…
A Necessidade do Outro
Os homens sempre tiveram muita necessidade de se amarem uns aos outros. Construíram esse amor como construíram pontes. Foram necessárias abóbadas sonoras para tornar a multidão mais presente para a multidão; e palavras incompreensíveis para que se cantasse com todo o coração; e uma música bem ritmada, para que todos pudessem dizer as mesmas coisas ao mesmo tempo.
(…) Só querer relacionar-se com aqueles que se aprovam em tudo é quimérico, e é o próprio fanatismo.
Quase um Poema de Amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
Gritar
Aqui a acção simplifica-se
Derrubei a paisagem inexplicável da mentira
Derrubei os gestos sem luz e os dias impotentes
Lancei por terra os propósitos lidos e ouvidos
Ponho-me a gritar
Todos falavam demasiado baixo falavam e
[escreviam
Demasiado baixoFiz retroceder os limites do grito
A acção simplifica-se
Porque eu arrebato à morte essa visão da vida
Que lhe destinava um lugar perante mimCom um grito
Tantas coisas desapareceram
Que nunca mais voltará a desaparecer
Nada do que merece viverEstou perfeitamente seguro agora que o Verão
Canta debaixo das portas frias
Sob armaduras opostas
Ardem no meu coração as estações
As estações dos homens os seus astros
Trémulos de tão semelhantes seremE o meu grito nu sobe um degrau
Da escadaria imensa da alegriaE esse fogo nu que me pesa
Torna a minha força suave e duraEis aqui a amadurecer um fruto
Ardendo de frio orvalhado de suor
Eis aqui o lugar generoso
Onde só dormem os que sonham
O tempo está bom gritemos com mais força
Para que os sonhadores durmam melhor
Envoltos em palavras
Que põem o bom tempo nos meus olhosEstou seguro de que a todo o momento
Filha e avó dos meus amores
Da minha esperança
A felicidade jorra do meu gritoPara a mais alta busca
Um grito de que o meu seja o eco.
Marília De Dirceu
Soneto 5
Ao templo do Destino fui levado:
Sobre o altar num cofre se firmava,
Em cujo seio cada qual buscava,
Tremendo, anúncio do futuro estado.Tiro um papel e lio – céu sagrado,
Com quanta causa o coração pulsava!
Este duro decreto escrito estava
Com negra tinta pela mão do fado:“Adore Polidoro a bela Ormia,
sem dela conseguir a recompensa,
nem quebrar-lhe os grilhões a tirania.”Dar mãos Amor mo arranca, e sem detença,
Três vezes o levando à boca impia,
Jurou cumprir à risca a tal sentença.
Menino e Moço
Tombou da haste a flor da minha infancia alada,
Murchou na jarra de oiro o pudico jasmim:
Voou aos altos céus Sta Aguia, linda fada,
Que d’antes estendia as azas sobre mim.Julguei que fosse eterna a luz d’essa alvorada,
E que era sempre dia, e nunca tinha fim
Essa vizão de luar que vivia encantada,
N’um castello de prata embutido a marfim!Mas, hoje, as aguias de oiro, aguias da minha infancia,
Que me enchiam de lua o coração, outrora,
Partiram e no céu evolam-se, a distancia!Debalde clamo e choro, erguendo aos céus meus ais:
Voltam na aza do vento os ais que a alma chora;
Ellas, porém, Senhor! ellas não voltam mais…
Há cordas no coração que melhor seria não fazê-las vibrar.
As mulheres não podem amar um homem em quem os olhares da mais afectuosa simpatia não insinuam calor ao coração.
A liberdade de expressão é o coração da humanidade.
Se volto sobre o meu passo, é já distância perdida. Meu coração, coisa de aço, começa a achar um cansaço esta procura de espaço para o desenho da vida.
Aonde, Amor Cruel, aonde me Guias?
Aonde, amor cruel, aonde me guias?
São estes os teus bosques consagrados
Onde só vejo peitos lacerados,
Corações em extremas agonias?Só respondem as duras penedias
A míseros gemidos em vão dados;
Olhos formosos, rostos delicados
São ministros das tuas tiranias.Já me rasgam o peito em mil pedaços:
Marcia me disparou acerbos tiros,
Lá vai fugindo com velozes passos.Suspende, ó ninfa, os apressados giros,
Deixa cruel, ao menos, que em teus braços
Amintas lance os últimos suspiros.
Nunca sofra por não ser uma coisa ou por sê-la (Perto do Coração Selvagem)