LVII

Bela imagem, emprego idolatrado,
Que sempre na memĂłria repetido,
Estás, doce ocasião de meu gemido,
Assegurando a fé de meu cuidado.

Tem-te a minha saudade retratado;
NĂŁo para dar alĂ­vio a meu sentido;
Antes cuido; que a mágoa do perdido
Quer aumentar coa pena de lembrado.

NĂŁo julgues, que me alento com trazer-te
Sempre viva na idéia; que a vingança
De minha sorte todo o bem perverte.

Que alívio em te lembrar minha alma alcança,
Se do mesmo tormento de nĂŁo ver-te,
Se forma o desafogo da lembrança ?