LXIV

Que tarde nasce o Sol, que vagaroso!
Parece, que se cansa, de que a um triste
Haja de aparecer: quanto resiste
A seu raio este sĂ­tio tenebroso!

NĂŁo pode ser, que o giro luminoso
Tanto tempo detenha: se persiste
Acaso o meu delĂ­rio! se me assiste
Ainda aquele humor tĂŁo venenoso!

Aquela porta ali se está cerrando;
Dela sai um pastor: outro assobia,
E o gado para o monte vai chamando.

Ora não há mais louca fantasia!
Mas quem anda, como eu, assim penando,
NĂŁo sabe, quando Ă© noite, ou quando Ă© dia.