Frases de Miguel Esteves Cardoso

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Frases de Miguel Esteves Cardoso. Conheça este e outros autores famosos em Poetris.

Mesquinho é o caso de amor que pode ser amavelmente resolvido com proveito para ambas as partes. Quando homem e mulher «ficam amigos» é porque nunca foram outra coisa. O amor verdadeiro é um desespero constante. Os problemas mais espectaculares só se resolvem com mortes. Não há conselhos que lhes valham.

O amor começa pelo amor. É o céu. O céu foi criado primeiro. A paixão é um simples impulso físico, material, mensurável, explicável por todas as ciências da atracção. É o mar. O mar está mais perto de nós. Podemos chegar ao fundo dele.

Nós os portugueses temos de fazer duas coisas: 1. acordar e 2. aprender a sonhar com o que está ao nosso alcance. O mal da nossa classe política é só conhecer dois registos: a utopia megalómana e a banalidade mesquinha. O nosso sonho ou é o Quinto Império ou então chegar ao fim do mês e conseguir pagar a conta da luz.

Na arte funciona mais o manifesto do artista, por muito parvo que seja, do que a crítica do crítico, por muito inteligente que possar ser.

Não se pode controlar excessivamente ninguém porque a experiência demonstra que quem se convence que está preso decide, por alguma absurda razão, fugir. É a natureza humana.

Quando se quer realmente, dar-se-ia tudo por ter. A coisa ou a pessoa que se quer têm o valor imediato igual a todas as coisas e pessoas que já se têm.

A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.

As únicas coisas às quais os Portugueses chegam cedo são, em primeiro lugar, aos desafios de futebol e, em segundo lugar, à conclusão que não vale a pena chegar cedo a seja o que for.

Por muito que se goste de chorar o passado ou preferir o presente, a História demonstra, em traços largos, que o futuro é sempre melhor para a maioria das pessoas. A sensação do dia-a-dia de estar tudo cada vez pior perde sempre quando é comparada com as condições há apenas um século atrás. Nem é preciso recuar no tempo – basta ver a facilidade com que se morre nos países muito mais pobres do que o nosso, que são muito mais do que metade dos que existem. Nos mais pobres, a expectativa média de vida é igual à nossa há dois séculos atrás.

É fácil gostar de labregos e da companhia que os labregos podem fazer. Durante dez ou onze minutos, num contexto bucólico, chegam a reconciliar-nos com a terra. São honestos. São despretensiosos. Respeitam as outras pessoas. Acima de tudo, são verdadeiros.

É um defeito particularmente português querermos distinguir-nos do empreendimento onde trabalhamos e de que fazemos parte. Preferimos falar, distantemente, do «lugar» ou «sítio» onde trabalhamos, como se fosse apenas uma questão utópica de localização.

Aprender é a coisa mais inteligente que se pode fazer. Ensinar é um acto generoso mas, quando se limita à transmissão, é bastante mais estúpido.

Os melhores petiscos são aqueles que não podem ser comprados – por muito dinheiro ou amor que se tenha – mas somente adquiridos por ter nascido e vivido num determinado lugar; por ser filho, sobrinho ou compadre de determinadas pessoas.

Os outros são a nossa única justificação possível. Segui-los e servi-los, por questões de sabedoria e sentimento, é a nossa mais maravilhosa oportunidade.

O amigo leal é aquele que, depois de se sacrificar em público pelo amigo, ajudando-o a vencer, lhe diz em particular «Olha que aqui para nós, não merecias ganhar». É aquele que, em nome da amizade, aguenta com as dúvidas e diz, partindo para a batalha: «Isto vai acabar mal, mas tu lá sabes…».

Quanto mais precisas para viver, mais tens de trabalhar e menos tempo tens para ti. O maior dos luxos é o tempo. O tempo é o meu maior património.

Os Portugueses não gostam de falar de dicionários, porque têm uma noção pacóvia de que é prova de falta de cultura. Pensam ser melhor fingir que não precisam deles.