lamento para a língua portuguesa
não és mais do que as outras, mas és nossa,
e crescemos em ti. nem se imagina
que alguma vez uma outra língua possa
pôr-te incolor, ou inodora, insossa,
ser remédio brutal, mera aspirina,
ou tirar-nos de vez de alguma fossa,
ou dar-nos vida nova e repentina.
mas é o teu país que te destroça,
o teu próprio país quer-te esquecer
e a sua condição te contamina
e no seu dia-a-dia te assassina.
mostras por ti o que lhe vais fazer:
vai-se por cá mingando e desistindo,
e desde ti nos deitas a perder
e fazes com que fuja o teu poder
enquanto o mundo vai de nós fugindo:
ruiu a casa que és do nosso ser
e este anda por isso desavindo
connosco, no sentir e no entender,
mas sem que a desavença nos importe
nós já falamos nem sequer fingindo
que só ruínas vamos repetindo.
talvez seja o processo ou o desnorte
que mostra como é realidade
a relação da língua com a morte,
o nó que faz com ela e que entrecorte
a corrente da vida na cidade.
Passagens sobre Liberdade
867 resultadosA economia é a mãe da liberdade.
Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome
O Livre-Arbítrio não Existe
Contemplando uma cascata, acreditamos ver nas inúmeras ondulações, serpenteares, quebras de ondas, liberdade da vontade e capricho; mas tudo é necessidade, cada movimento pode ser calculado matemáticamente. O mesmo acontece com as acções humanas; poder-se-ia calcular antecipadamente cada acção, caso se fosse omnisciente, e, da mesma maneira, cada progresso do conhecimento, cada erro, cada maldade. O homem, agindo ele próprio, tem a ilusão, é verdade, do livre-arbítrio; se por um instante a roda do mundo parasse e houvesse uma inteligência calculadora omnisciente para aproveitar essa pausa, ela poderia continuar a calcular o futuro de cada ser até aos tempos mais distantes e marcar cada rasto por onde essa roda a partir de então passaria. A ilusão sobre si mesmo do homem actuante, a convicção do seu livre-arbítrio, pertence igualmente a esse mecanismo, que é objecto de cálculo.
Com medo do abuso, limita-se o uso, limitação que pode ir à supressão, para tranquilidade do poder, já que, onde liberdade não há, abuso dela não pode haver.
Literatura é liberdade
Disciplina é liberdade; Compaixão é fortaleza; Ter bondade é ter coragem.
A literatura num país sem liberdade pública é a única tribuna do alto da qual se pode fazer ouvir o grito da sua indignação e da sua consciência.
A liberdade só existe quando todos os nossos actos concordam com todo o nosso pensamento.
A Liberdade é um Dever
Hoje a liberdade é tida como um direito absoluto. Mas não há liberdade absoluta. A liberdade não é sequer um direito. A liberdade é um dever, um dever fortíssimo. A liberdade é o respeito pelo próximo. O Espinoza dizia: nós supomo-nos livres porque ignoramos as forças que impedem os nossos actos. De maneira que há forças que nos são estranhas, não somos nós. Eu sinto-me um joguete, uma marioneta. Sou conduzido por forças que ignoro. Eu sinto isso, eu pressinto isso.
A opressão nunca conseguiu suprimir nas pessoas o desejo de viver em liberdade.
A liberdade é difícil de se alcançar, mas o que fazer com a liberdade é muito mais difícil.
A liberdade é a mãe de todos os bens, quando se faz acompanhar da justiça.
Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria.
Povos livres, lembrai-vos desta máxima: A liberdade pode ser conquistada, mas nunca recuperada.
A liberdade costuma vir vestida de trapos; porém, mesmo assim, é muito bela, mais bela do que todas as moedas de ouro e prata.
Existem diversas formas de restrição à liberdade. As preocupações existenciais, os pensamentos antecipatórios, a ditadura da estética do corpo e a exploração emocional das propagandas são algumas delas.
A liberdade que às vezes sentia não vinha de reflexões nítidas, mas de um estado como feito de percepções por demais orgânicas para serem formuladas em pensamentos.
É pela ironia que começa a liberdade.
A liberdade é o direito de fazer o que a legislação permite.