Passagens sobre Mal

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Frases sobre mal, poemas sobre mal e outras passagens sobre mal para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

A felicidade é só estar em paz consigo mesmo, olharmos para nós e recordar que não fizemos muito mal aos outros.

XXXI

Estes os olhos são da minha amada:
Que belos, que gentis, e que formosos!
Não são para os mortais tão preciosos
Os doces frutos da estação dourada.

Por eles a alegria derramada,
Tornam-se os campos de prazer gostosos;
Em zéfiros suaves, e mimosos
Toda esta região se vê banhada;

Vinde, olhos belos, vinde; e enfim trazendo
Do rosto de meu bem as prendas belas,
Dai alívios ao mal, que estou gemendo:

Mas ah delírio meu, que me atropelas!
Os olhos, que eu cuidei, que estava vendo,
Eram (quem crera tal!) duas estrelas.

A Razão é um Instrumento do Prazer

Não existe objecto das nossas paixões, não importa quão vil ou despre­zível possa parecer, que deixemos de julgar como bom quando senti­mos prazer em possuí-lo. (…) Todas as coisas são merecedoras de amor ou aversão, seja em si mesmas, seja por meio de algo a que este­jam associadas; e, quando somos movidos por alguma paixão, nós rapidamente descobrimos no objecto o bem ou o mal que a alimenta. (… ) Isso é suficiente para fazer a razão, comumente um instrumento do prazer, funcionar de modo a defender a causa desse prazer.

Os Amantes

Amor, é falso o que dizes;
Teu bom rosto é contrafeito;
Busca novos infelizes
Que eu inda trago no peito
Mui frescas as cicatrizes;

O teu meu é mel azedo,
Não creio em teu gasalhado,
Mostras-me em vão rosto ledo;
Já estou muito escaldado,
Já d’águas frias hei medo.

Teus prémios são pranto e dor;
Choro os mal gastados anos
Em que servi tal senhor,
Mas tirei dos teus enganos
O sair bom pregador.

Fartei-te assaz a vontade;
Em vãos suspiros e queixas
Me levaste a mocidade,
E nem ao menos me deixas
Os restos da curta idade?

És como os cães esfaimados
Que, comendo os troncos quentes
Por destro negro esfolados,
Levam nos ávidos dentes
Os ossos ensanguentados.

Bem vejo a aljava dourada
Os ombros nus adornar-te;
Amigo, muda de estrada,
Põe a mira em outra parte
Que daqui não tiras nada.

Busca algum fofo morgado
Que, solto já dos tutores,
Ao domingo penteado,
Vá dizendo à toa amores
Pelas pias encostado;

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Limitado mas Completo

O indivíduo mais limitado pode ser completo, se se move dentro das fronteiras das suas capacidades e das suas disposições pessoais. Pelo contrário, acontece que aquilo que noutros são qualidades incomparáveis, podem ser obscurecidas, apagadas ou mesmo aniquiladas, se se desfaz aquele equilíbrio imprescindível. E este mal há-de tornar-se ainda mais evidente nos tempos modernos; pois quem será capaz de satisfazer as exigências de um presente que não pára de crescer e que aliás cresce cada vez mais depressa?

Nas riquezas está a raiz dos males que afagam e enganam por disfarces e seduções a cegueira

Nas riquezas está a raiz dos males que afagam e enganam por disfarces e seduções a cegueira da mente humana.

Cá nesta Babilónia

Cá nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;

Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;

Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;

Cá, neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!

O Significado do Progresso

Que devemos entender por essa palavra? Se a definirmos como bons gramáticos, diremos que é um acréscimo de bem ou de mal, na medida em que possamos discernir entre o bem e o mal; e estaremos assim a representar o próprio avanço da humanidade. Mas se, como se faz nesta época em que não se sabe mais pensar nem falar, dissermos que o progresso é o movimento da humanidade que se aperfeiçoa sem cessar, estaremos a dizer uma coisa que não corresponde à realidade. Esse movimento não se observa na História, a qual só nos apresenta uma sucessão de catástrofes e de avanços seguidos de retrocessos.

Saudade

Tu és o cálix;
Eu, o orvalho!
Se me não vales,
Eu o que valho?

Eu se em ti caio
E me acolheste
Torno-me um raio
De luz celeste!

Tu és o collo
Onde me embalo,
E acho consolo,
Mimo e regalo:

A folha curva
Que se aljofara,
Não d’agoa turva,
Mas d’agoa clara!

Quando me passa
Essa existencia,
Que é toda graça,
Toda innocencia,

Além da raia
D’este horizonte—
Sem uma faia,
Sem uma fonte;

O passarinho
Não se consome
Mais no seu ninho
De frio e fome,

Se ella se ausenta,
A boa amiga,
Ah! que o sustenta
E que o abriga!

Sinto umas magoas
Que se confundem
Com as que as agoas
Do mar infundem!

E quem um dia
Passou os mares
É que avalia
Esses pezares!

Só quem lá anda
Sem achar onde
Sequer expanda
A dôr que esconde;

Longe do berço,

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