Quando Será?!
Quando será que tantas almas duras
Em tudo, já libertas, já lavadas
nas águas imortais, iluminadas
Do sol do Amor, hĂŁo de ficar bem puras?Quando será que as lĂmpidas frescuras
Dos claros rios de ondas estreladas
Dos céus do Bem, hão de deixar clareadas
Almas vis, almas vãs, almas escuras?Quando será que toda a vasta Esfera,
Toda esta constelada e azul Quimera,
Todo este firmamento estranho e mudo,Tudo que nos abraça e nos esmaga,
quando será que uma resposta vaga,
Mas tremenda, hĂŁo de dar de tudo, tudo?!
Passagens sobre Quimera
85 resultadosAos Realistas
Ă“ seres frios que vos sentis tĂŁo couraçados contra a paixĂŁo e a quimera e que tanto gostarĂeis de fazer da vossa doutrina um adorno e um objecto de orgulho, dais-vos o nome de realistas e dais a entender que o mundo Ă© verdadeiramente tal como vos aparece; que sois os Ăşnicos a ver a verdade isenta de vĂ©us e que sois vĂłs talvez a melhor parte dessa verdade… Ăł queridas imagens de Sais! Mas nĂŁo sereis ainda vĂłs prĂłprios, mesmo no vosso estado mais despojado, seres surpreendentemente obscuros e apaixonados se vos compararmos aos peixes? NĂŁo sereis ainda demasiado parecidos com artistas apaixonados? E o que vem a ser a «realidade» aos olhos de um artista apaixonado? Ainda nĂŁo deixaste de julgar as coisas como fĂłrmulas que tĂŞm a sua origem nas paixões e nos complexos amorosos dos sĂ©culos passados! A vossa frieza está ainda cheia de uma secreta e inextirpável embriaguez!
O vosso amor pela «realidade», se for necessário escolher-vos um exemplo, que coisa antiga! Que velho «amor»! Não há sentimento, sensação, que não contenham uma certa dose, que não tenham sido, também, trabalhados e alimentados por qualquer exagero da imaginação, por um preconceito, uma sem-razão, uma incerteza,
Tarde De MĂşsica
SĂł Schumann, meu Amor! Serenidade…
NĂŁo assustes os sonhos…Ah! nĂŁo varras
As quimeras…Amor, senĂŁo esbarras
Na minha vaga imaterialidade…Liszt, agora o brilhante; o piano arde…
Beijos alados…ecos de fanfarras…
PĂ©talas dos teus dedos feitos garras…
Como cai em pĂł de oiro o ar da tarde!Eu olhava para ti…”Ă© lindo! Ideal!”
Gemeram nossas vozes confundidas.
— Havia rosas cor-de-rosa aos molhos —Falavas de Liszt e eu…da musical
Harmonia das pálpebras descidas,
Do ritmo dos teus cĂlios sobre os olhos…
Crença e Intolerância
A necessidade de fĂ© nĂŁo foi absolutamente provocada pelas religiões; foi ela, ao contrário, que as suscitou. As divindades nĂŁo fazem mais do que fornecer um objecto ao nosso desejo de crer. Desde que ele se desvia das divindades, o homem entrega-se a uma fĂ© qualquer, quimeras polĂticas, sortilĂ©gios ou feitiços. (…) Uma das mais constantes caracterĂsticas gerais das crenças Ă© a sua intolerância. Ela Ă© tanto mais intransigente quanto mais forte Ă© a crença. Os homens dominados por uma certeza nĂŁo podem tolerar aqueles que nĂŁo a aceitam.
A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.