Passagens sobre Ricos

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Frases sobre ricos, poemas sobre ricos e outras passagens sobre ricos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Correspondências

A natureza é um templo augusto, singular,
Que a gente ouve exprimir em língua misteriosa;
Um bosque simbolista onde a árvore frondosa
Vê passar os mortais, e segue-os com o olhar.

Como distintos sons que ao longe vão perder-se,
Formando uma só voz, de uma rara unidade,
Tem vasta como a noite a claridade,
Sons, perfumes e cor logram corresponder-se

Há perfumes subtis de carnes virginais,
Doces como o oboé, verdes como o alecrim,
E outros, de corrupção, ricos e triunfais

Como o âmbar e o musgo, o incenso e o benjoim,
Entoando o louvor dos arroubos ideais,
Com a larga expansão das notas d’um clarim.

Tradução de Delfim Guimarães

O Jornal é o Fole Incansável que Assopra a Vaidade Humana

Pelo jornal, e pela reportagem que será a sua função e a sua força, tu desenvolverás, no teu tempo e na tua terra, todos os males da Vaidade! (…) Como a reportagem hoje se exerce, menos sobre os que influem nos negócios do Mundo, ou nas direcções do pensamento , do que, como diz a Bíblia, sobre toda a «sorte e condições de gente vã», desde os jóqueis até aos assassinos, a sua indiscriminada publicidade concorre pouco para a documentação da história, e muito, prodigiosamente, escandalosamente, para a propagação das vaidades! O jornal é com efeito o fole incansável que assopra a vaidade humana, lhe irrita e lhe espalha a chama. De todos os tempos é ela, a vaidade do homem! Já sobre ela gemeu o gemebundo Salomão, e por ela se perdeu Alcibíades, talvez o maior dos Gregos. Incontestavelmente, porém, meu Bento, nunca a vaidade foi, como no nosso danado século XIX, o motor ofegante do pensamento e da conduta. Nestes estados de civilização, ruidosos e ocos, tudo deriva da vaidade, tudo tende à vaidade. E a forma nova da vaidade para o civilizado consiste em ter o seu rico nome impresso no jornal, a sua rica pessoa comentada no jornal!

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Controlar o Desejo de Posse

É difícil, senão impossível, determinar os limites dos nossos desejos razoáveis em relação à posse. Pois o con­tentamento de cada pessoa, a esse respeito, não repousa numa quantidade absoluta, mas meramente relativa, a sa­ber, na relação entre as suas pretensões e a sua posse. Por isso, esta última, considerada nela mesma, é tão vazia de sen­tido quanto o numerador de uma fração sem denomina­dor. Um homem que nunca alimentou a aspiração a cer­tos bens, não sente de modo algum a sua falta e está com­pletamente satisfeito sem eles; enquanto um outro, que possui cem vezes mais do que o primeiro, sente-se infe­liz, porque lhe falta uma só coisa à qual aspira.
A esse respeito, cada um tem um horizonte próprio daquilo que pode alcançar, e as suas pretensões vão até onde vai esse horizonte. Quando algum objecto se apresenta a ele nos limites desse horizonte, de modo que possa ter confian­ça em alcançá-lo, sente-se feliz; pelo contrário, sente-se in­feliz quando dificuldades advindas o privam de seme­lhante perspectiva. Aquilo que reside além desse hori­zonte não faz efeito sobre ele. Eis por que as grandes posses do rico não inquietam o pobre, e, por outro lado, o muito que já possui,

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Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica, com uma casa confortável e bem localizada, parecia reunir as melhores bênçãos sobre a sua existência e vivera até perto dos vinte e um anos em ambiente no qual havia pouquíssima aflição ou preocupação.

Soneto XXXVII

Menos sente o não ver quem cego nasce
Que aquele, que depois de ter gozado
A frescura do rio, fonte e prado,
Nesta beleza os olhos já não pasce.

Menos, o que não viu a bela face
Da fortuna, que quem alevantado
No mais alto, caiu daquele estado,
Não temendo que esquiva se mostrasse.

Mas contudo não sente tanto o cego
Que já viu, o não ver, nem sente assi
O que já rico foi, ver-se em pobreza.

Como eu, e tanto mais nisto me emprego,
Quanto mor é o bem em que me vi
Que a vista de seus olhos e a riqueza.

Os Figos Pretos

– Verdes figueiras soluçantes nos caminhos!
Vós sois odiadas desde os seculos avós:
Em vossos galhos nunca as aves fazem ninhos,
Os noivos fogem de se amar ao pé de vós!

– Ó verdes figueiras! ó verdes figueiras
Deixae-o fallar!
Á vossa sombrinha, nas tardes fagueiras,
Que bom que é amar!

– O mundo odeia-vos. Ninguem nos quer, vos ama:
Os paes transmittem pelo sangue esse odio aos moços.
No sitio onde medraes, ha quazi sempre lama
E debruçaes-vos sobre abysmos, sobre poços.

– Quando eu for defunta para os esqueletos,
Ponde uma ao meu lado:
Tristinha, chorando, darà figos pretos…
De luto pezado!

– Os aldeões para evitar vosso perfume
Sua respiração suspendem, ao passar…
Com vossa lenha não se accende, á noite, o lume,
Os carpinteiros não vos querem aplainar.

– Oh cheiro de figos, melhor que o do incenso
Que incensa o Senhor!
Podesse eu, quem dera! deital-o no lenço
Para o meu amor…

– As outras arvores não são vossas amigas…
Mãos espalmadas, estendidas, supplicantes,

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Queres ser rico? Pois não te preocupes em aumentar os teus bens, mas sim em diminuir a tua cobiça.

O Futuro é dos Virtuosos e dos Capazes

É preciso confessar, o presente é dos ricos, e o futuro é dos virtuosos e dos capazes. Homero ainda vive, e viverá sempre; os recebedores de direitos, os publicanos, não existem mais: existiram algum dia? A sua pátria, os seus nomes, são conhecidos? Houve arrecadores de impostos na Grécia? Que fim levaram essas personagens que desprezavam Homero, que só pensavam, na rua, em evitá-lo, não correspondiam à sua saudação, ou o saudavam pelo nome, desdenhavam associá-lo à sua mesa, olhavam-no como um home que não era rico e fazia um livro?
O mesmo orgulho que faz elevar-se altivamente acima dos seus inferiores, faz rastejar vilmente diante dos que estão acima de si. É próprio deste vício, que não se funda sobre o mérito pessoal nem sobre a virtude, e sim sobre as riquezas, cargos, crédito, e sobre ciências vãs, levar-nos igualmente a desprezar os que têm menos essa espécie de bens do que nós e a apreciar demais aqueles que têm uma medida que excede a nossa.

Há almas sujas, amassadas com lama e sujidade, tomadas pelo desejo de ganho e interesse, como as belas almas o são pelo da glória e da virtude: capazes de uma única volúpia,

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Sou rico? Todos estão prontos a dar-me a própria pele;
sou pobre? Ninguém me quer dar nem uma moeda.

Há séculos que sabemos que os ricos não são generosos; os generosos encalham sempre na etapa anterior à riqueza, esbracejam, fazem sinais em direção à costa durante algum tempo e depois afogam-se. Os seus cadáveres desaparecem para sempre no mar da economia, ou no mar da vida, o que vai dar ao mesmo. Morrem na indigência.

O Desejo e a Posse

Um homem não se sente totalmente privado dos bens aos quais nunca sonhou aspirar, mas fica muito satisfeito mesmo sem eles, enquanto outro que possua cem vezes mais do que o primeiro sente-se infeliz quando lhe falta uma única coisa que tenha desejado. A esse respeito, cada um tem também um horizonte próprio daquilo que lhe é possível atingir, e as suas pretensões têm uma extensão semelhante a esse horizonte. Quando determinado objecto, situado dentro desses limites, se lhe apresenta de modo que o faça acreditar na possibilidade de alcançá-lo, o homem sente-se feliz; em contrapartida, sentir-se-à infleliz quando eventuais dificuldades lhe tirarem tal possibilidade. Tudo o que estiver situado externamente a esse campo visual não agirá de forma alguma sobre ele. Por esse motivo, as grandes propriedades dos ricos não perturbam o pobre, e, por outro lado, para o rico cujos propósitos tenham fracassado, serve de consolo as muitas coisas que já possui. (A riqueza assemelha-se à água do mar; quanto mais dela se bebe, mais sede se tem. O mesmo vale para a glória).

O facto de que o nosso humor habitual não resulte muito diferente do anterior após a perda de uma riqueza ou do bem-estar,

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Não Queira Ser Especial

Se uma pessoa se aceitar tal como é e usar as suas capacidades para desenvolver a criatividade – e todas as pessoas nascem com certas capacidades, determinados talentos e alguma criatividade será imensamente feliz apesar de não ser ninguém. Um indivíduo não tem de ser forçosamente feliz só porque se converteu no homem mais rico ou no homem mais poderoso do mundo. Estas são as noções infantis do homem primitivo, um fardo que temos carregado até aos dias de hoje.
Eu gostava de lhe pedir: abandone as palavras «aceitação total». Substitua-as por palavras simples e sinta-se alegre interiormente. No momento em que se alegrar em si mesmo, toda a existência se alegra em si. Terá, então, alcançado a sintonia com a dança harmoniosa que acontece ao seu redor.
Só o homem se desfez em pedaços, e o motivo por que se desfez tem que ver com o facto de querer ser especial. Se quiser ser especial, terá de aceitar algum tipo de loucura.

O Papel do Sonho na Vida

Por vezes, o homem é mais sincero e rico na desordem dos sonhos que na consciência unitária do raciocinador acordado, mas nós vivemos enquanto negamos o sonho e o tornamos inútil. O génio é a extradição do sonho, porque enriquece a consciência com as reservas e as pessoas do inconsciente. Expulsa o selvagem e o delinquente, destila a sagacidade do louco, adopta a criança e escuta o poeta. Não é autocrata surdo, como o homem vulgar, mas pai de iguais. A concórdia de se terem almas subterrâneas faz a grandeza do génio, e a sua obra é a sublimação do sonho, desenrolado na vida verdadeira, liberdade concedida aos pensamentos inocentes dos reclusos.
Escolher é próprio do homem, mas escolhe-se com a rejeição e mais com o acolhimento. Vencer não significa apenas destruir, mas incorporar. A razão será tanto mais razoável quanto maior a loucura que assumir em si; o herói será mais forte se transferir para si a energia do pecador, e a fantasia do poeta tornará mais profundos os cálculos do político.
Quando o chefe da alma é o poeta, verdadeiramente poeta, não encarcera a razão, mas condu-la consigo para cima, ao céu em que até o silogismo se torna fogo.

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A Felicidade é tão Cansativa como a Infelicidade

Toda a gente tem o seu método de interpretar a seu favor o balanço das suas impressões, para que daí resulte de algum modo aquele mínimo de prazer necessário às suas existências quotidianas, o suficiente em tempos de normalidade. O prazer da vida de cada um pode ser também constituído por desprazer, essas diferenças de ordem material não têm importância; sabemos que existem tantos melancólicos felizes como marchas fúnebres, que pairam tão suavemente no elemento que lhes é próprio como uma dança no seu. Talvez também se possa afirmar, ao contrário, que muitas pessoas alegres de modo nenhum são mais felizes do que as tristes, porque a felicidade é tão cansativa como a infelicidade; mais ou menos como voar, segundo o princípio do mais leve ou mais pesado do que o ar. Mas haveria ainda uma outra objecção: não terá razão aquela velha sabedoria dos ricos segundo a qual os pobres não têm nada a invejar-lhes, já que é pura fantasia a ideia de que o seu dinheiro os torna mais felizes? Isso só lhes imporia a obrigação de encontrar um sistema de vida diferente do seu, cujo orçamento, em termos de prazer, fecharia apenas com um mínimo excedente de felicidade,

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Quem é rico em virtude
é semelhante ao jovem.