O Defeito dos Homens Activos
Aos activos falta, habitualmente, a actividade superior: refiro-me à individual. Eles são activos enquanto funcionários, comerciantes, eruditos, isto é, como seres genéricos, mas não enquanto pessoas perfeitamente individualizadas e únicas; neste aspecto, são indolentes. A infelicidade das pessoas activas é a sua actividade ser quase sempre um tanto absurda. Não se pode, por exemplo, perguntar ao banqueiro, que junta dinheiro, qual o objectivo da sua incansável actividade: ela é irracional. Os homens activos rebolam como rebola a pedra, em conformidade com a estupidez da mecânica. Todos os homens se dividem, como em todos os tempos também ainda actualmente, em escravos e livres; pois quem não tiver para si dois terços do seu dia é um escravo, seja ele, de resto, o que quiser: político, comerciante, funcionário, erudito.
Citações sobre Conformidade
45 resultadosA Dor e o Tédio São os Dois Maiores Inimigos da Felicidade
O panorama mais amplo mostra-nos a dor e o tédio como os dois inimigos da felicidade humana. Observe-se ainda: à medida que conseguimos afastar-nos de um, mais nos aproximamos do outro, e vice-versa; de modo que a nossa vida, na realidade, expõe uma oscilação mais forte ou mais fraca entre ambos. Isso origina-se do facto de eles se encontrarem reciprocamente num antagonismo duplo, ou seja, um antagonismo exterior ou oubjectivo, e outro interior e subjectivo. De facto, exteriormente, a necessidade e a privação geram a dor; em contrapartida, a segurança e a abundância geram o tédio. Em conformidade com isso, vemos a classe inferior do povo numa luta constante contra a necessidade, portanto contra a dor; o mundo rico e aristocrático, pelo contrário, numa luta persistente, muitas vezes realmente desesperada contra o tédio. O antagonismo interior ou subjectivo entre ambos os sofrimentos baseia-se no facto de que, em cada indivíduo, a susceptibilidade para um encontra-se em proporção inversa à susceptibilidade para o outro, já que ela é determinada pela medida das suas forças espirituais. Com efeito, a obtusidade do espírito está, em geral, associada à da sensação e à ausência da excitabilidade, qualidades que tornam o indivíduo menos susceptível às dores e aflições de qualquer tipo e intensidade.
A conformidade é o carcereiro da liberdade e o inimigo do crescimento.
Não Existe um Verdadeiro Sistema de Pensamentos
Enfaticamente, não pode existir um verdadeiro sistema de pensamentos, pois nenhum sinal pode substituir a realidade. Pensadores profundos e honestos chegam sempre à conclusão de que toda a cognição é condicionada a priori pela sua própria forma e nunca pode alcançar aquela que as palavras significam… E este ignorabimus também está em conformidade com a intuição de todo o verdadeiro sábio: que os princípios abstractos da vida são aceitáveis somente como formas de expressão, máximas banais de uso quotidiano sob as quais a vida corre, como sempre correu, para a frente. Em última análise, a raça é mais forte do que as línguas, e é assim que, debaixo de todos os grandes nomes, houve pensadores, que são personalidades, e não sistemas, que são mutáveis, que produziram efeito sobre a vida.
Em cada indivíduo, o aumento da inclinação para o isolamento e a solidão ocorrerá em conformidade com o seu valor intelectual.
A verdade é de dois géneros: consiste ou na descoberta das relações das ideias consideradas como tal, ou na conformidade das nossas ideias dos objectos com a sua existência real.
Quando nossa vida se funde com o todo não há sofrimentos, ansiedade ou medo, pois se move em conformidade com o movimento do Universo.
Regras Gerais da Arte da Guerra
Estou consciente de vos ter falado de muitas coisas que por vós mesmos haveis podido aprender e ponderar. Não obstante, fi-lo, como ainda hoje vos disse, para melhor vos poder mostrar, através delas, os aspectos formais desta matéria,e, ainda, para satisfazer aqueles – se fosse esse o caso – que não tivessem tido, como vós, a oportunidade de sobre elas tomar conhecimento. Parece-me que, agora, já só me resta falar-vos de algumas regras gerais, com as quais deveis estar perfeitamente identificados. São as seguintes:
– Tudo o que é útil ao inimigo é prejudicial para ti, e, tudo o que te é útil prejudica o inimigo.
– Aquele que, na guerra, for mais vigilante a observar as intenções do inimigo e mais empenho puser na preparação do seu exército, menos perigos correrá e mais poderá aspirar à vitória.
– Nunca leves os teus soldados para o campo de batalha sem, previamente, estares seguro do seu ânimo e sem teres a certeza de que não têm medo e estão disciplinados e convictos de que vão vencer.
– É preferível vencer o inimigo pela fome do que pelas armas. A vitória pelas armas depende muito mais da fortuna do que da virtude.
Toda a Acção é Egoísta
Não pode haver acções que não sejam egoístas. Palavras como «instinto altruísta» soam aos meus ouvidos como machadadas. Bem gostaria eu que alguém tentasse demonstrar a possibilidade de actos desses! O povo e quem se lhe assemelha é que acredita que eles existem. Também há quem creia que o amor maternal e o amor carnal são sentimentos altruístas!
É um erro histórico supor que os povos sempre equipararam o sentido de egoísmo e de altruísmo ao de bem e de mal. Bem mais antiga é a concepção de lícito e ilícito, respectivamente como bem e mal, em conformidade com o cumprimento ou falta de cumprimento dos costumes.
Somos os Comandantes das Nossas Vidas
Se alguém te disser que aquilo que queres não interessa para nada, desinteressa-te dessa pessoa.
Somos os comandantes das nossas vidas.
Somos nós, portanto, que escolhemos com quem queremos caminhar, e ai de alguém que acredite que pode entrar à força na nossa vida sem a devida autorização. Na minha não entram, disso podes ter a certeza. E se todos pensássemos assim, se todos agíssemos em conformidade com esta breve alusão ao nosso poder pessoal, viveríamos todos num autêntico mar de rosas. Mas não. Este princípio básico é o terror de muita gente. A maioria talvez. Malta que acredita que tem de aguentar o suplício de viver ou conviver com quem lhe quer mal ou lhe é indiferente. É uma desgraça. É o reinado do medo. Do medo de ficar sozinho, de nunca mais sentir nada por ninguém, de tudo o que possam dizer ou pensar se agirem como desejam, da reação do outro, de magoá-lo, enfim, o medo de tudo. Ora bem, esta onda de passividade e permissividade gera a extinção da confiança, fomenta o canibalismo do amor-próprio e inverte todo e qualquer tipo de educação apropriada. Como é que algum filho, por exemplo, pode desenvolver-se em amor se tudo o que vê em casa são duas pessoas que mal se olham ou que se atacam,
O Engodo da Felicidade como Recompensa
Toda essa ideia de uma felicidade como recompensa – que outra coisa seria, portanto, senão uma ilusão moral: um título de crédito com o qual se compra de ti, homem empírico, os teus prazeres sensíveis de agora, mas que só é pagável quando tu mesmo não precisas mais do pagamento. Pensa sempre nessa felicidade como um todo de prazeres que são análogos aos prazeres sacrificados agora. Ousa, apenas, dominar-te agora; ousa o primeiro passo de criança em direcção à virtude: o segundo já se tornará mais fácil para ti. Se continuares a progredir, notarás com espanto que aquela felicidade que esperavas como recompensa do teu sacrifício, mesmo para ti não tem mais nenhum valor. Foi intencionalmente que se colocou a felicidade num ponto do tempo em que tens de ser suficientemente homem para te envergonhares dela. Envergonhar, digo eu, pois, se nunca chegas a sentir-te mais sublime do que aquele ideal sensível de felicidade, seria melhor que a razão jamais te tivesse falado.
É exigência da razão não precisar mais de nenhuma felicidade como recompensa, tão certo quanto é exigência tornar-se mais conforme à razão, mais autónomo, mais livre. Pois, se a felicidade ainda pode recompensar-nos – a não ser que se interprete o conceito de felicidade contrariamente a todo o uso da linguagem -,
Não devemos nos antecipar nem atrasar. Tudo que fazemos é comparável à semeadura. Quando vivemos em conformidade com Deus, torna-se possível agirmos adequadamente nos momentos certos.
As árvores se desenvolvem mais vigorosamente quando crescem em conformidade com a lei gravitacional do Universo (que representa o Amor de Deus). As plantas de má postura não crescem de modo perfeito. O mesmo pode ser dito em relação a todos os seres vivos.
A Glória e a Consciência
Preparamo-nos para as circunstâncias eminentes mais por glória do que por consciência. A maneira mais curta de alcançar a glória seria fazer por consciência o que fazemos pela glória. E a virtude de Alexandre parece-me apresentar muito menos vigor no seu espectáculo do que o faz a de Sócrates naquela actuação banal e obscura. Facilmente imagino Sócrates no lugar de Alexandre; Alexandre no lugar de Sócrates, não consigo. Se alguém perguntar àquele o que sabe fazer, ele responderá «subjugar o mundo»; a quem perguntar a este, ele dirá «conduzir a vida humana em conformidade com a sua condição natural» – ciência bem mais geral, mais difícil e mais legítima. O mérito da alma não consiste em ir alto, e sim ordenadamente.
O Engano do Imediato
É preciso dominar a impressão produzida pelo que é visível e presente; tal impressão tem uma força extraordinária se for confrontada com o que é meramente pensado e sabido, não em virtude de sua matéria e seu conteúdo, frequentemente insignificantes, mas da sua forma, da clareza e do imediatismo por meio dos quais ela se impõe ao espírito, perturbando a sua paz ou até mesmo fazendo vacilar os seus propósitos. É assim que algo agradável, ao qual renunciamos depois de reflectir, nos estimula quando o temos diante dos olhos; assim nos magoa um julgamento cuja incompetência é do nosso conhecimento, irrita-nos uma ofensa cujo carácter desprezível compreendemos; da mesma maneira, dez razões contra a existência de um perigo são sobrepujadas pela falsa aparência da sua real presença etc.
(…) Quando todos os que nos circundam têm uma opinião diferente da nossa e se comportam em conformidade com ela, é difícil não ficarmos abalados, por mais que estejamos convencidos do erro dessas pessoas. Pois o que é presente, o visível, por estar facilmente ao alcance da vista, age sempre com toda a sua força; em contrapartida, pensamentos e causas requerem tempo e calma para serem analisados com cuidado, razão pela qual não podemos tê-los presentes a todo o instante.
As Três Fases da Moralidade
Temos o primeiro sinal de que o animal se tornou homem, quando a sua actuação já não se relaciona com o bem-estar momentâneo, mas com o duradouro, prova de que o homem adquire o sentido do “útil”, do “adequado”: é então que, pela primeira vez, irrompe o livre senhorio da razão. Um estádio ainda mais elevado é alcançado, quando ele age consoante o princípio da honra; graças ao mesmo, ele adapta-se, submete-se a sentimentos comuns, e isso ergue-o muito acima da fase, em que só a utilidade entendida em termos pessoais o guiava: ele respeita e quer ser respeitado, isto é, entende o proveito como dependente do que ele opina acerca dos outros, do que os outros opinam acerca dele. Finalmente, na fase mais elevada da moralidade em uso até agora, ele age segundo o seu critério quanto às coisas e às pessoas, ele próprio determina para si e para outros o que é honroso, o que é útil; tornou-se o legislador das opiniões, em conformidade com o conceito cada vez mais desenvolvido do útil e do honroso. O conhecimento habilita-o a preferir o mais útil, ou seja, a colocar o proveito geral e duradouro à frente do pessoal, a respeitosa estima de valia geral e duradoura à frente da momentânea;
É a Conformidade que Torna a Convivência Agradável
Aqueles que se contentam em recitar os antigos não tornam a sociedade mais ágil. Mas, quando se busca e se diz uma quantidade de coisas que não provém de quem quer que seja, é possível ao menos encontrar alguma que a sociedade não sabia. Pois é um grande erro imaginar que não se pode dizer nada que não tenha sido dito. (…) Estraga-se frequentemente aquilo que se deseja muito polir e muito embelezar. O meio de evitar esse inconveniente, tanto para bem escrever como para bem falar, é ter ainda mais cuidado com a simplicidade do que com a perfeição das coisas.
O ar nobre e natural é o principal atractivo da eloquência, e entre a gente da sociedade, o que provém do estudo é quase sempre mal acolhido. Deve-se até mesmo conter o espírito em muitas ocasiões, e evitar o que se sabe de maior valor. Admiramos facilmente as coisas que estão acima de nós, e que perdemos de vista; mas apenas as amamos raramente, e isso é o que importa. Os animais buscam apenas os animais da sua espécie, e não seguem os mais perfeitos. É a conformidade que torna a convivência agradável, e que faz amar com uma afeição recíproca.
O Homem Cruel
Quando o rico tira um pertence ao pobre (por exemplo, um príncipe que tira a amante ao plebeu), então gera-se um erro no pobre; este acha que aquele tem de ser absolutamente infame, para lhe tirar o pouco que ele tem. Mas aquele não sente de modo algum tão profundamente o valor de um único pertence, porque está habituado a ter muitos: portanto, não se pode transpor para o espírito do pobre e não comete tal uma injustiça tão grande como este julga. Ambos têm um do outro uma concepção errada. A injustiça do poderoso, a que mais indigna na História, não é assim tão grande como parece. O mero sentimento hereditário de ser um ser superior, com direitos superiores, torna uma pessoa bastante fria e deixa-lhe a consciência tranquila: até todos nós, se a distância entre nós e um outro ente for muito grande, já não sentimos absolutamente nada de injusto e matamos um mosquito, por exemplo, sem qualquer remorso.
Assim, não é sinal de maldade em Xerxes (a quem mesmo todos os Gregos descrevem como eminentemente nobre) quando ele tira a um pai o seu filho e o manda esquartejar, porque este havia manifestado uma inquieta e ominosa desconfiança em relação a toda a expedição militar: neste caso,
A certeza – isto é, a confiança no carácter objectivo das nossas percepções, e na conformidade das nossas ideias com a «realidade» ou a «verdade» – é um sintoma de ignorância ou de loucura. O homem mentalmente são não está certo de nada, isto é, vive numa incerteza mental constante; quer dizer, numa instabilidade mental permanente; e, como a instabilidade mental permanente é um sintoma mórbido, o homem são é um homem doente.
Liberdade Absoluta e Necessidade Absoluta são Idênticas
Quem meditou sobre a liberdade e a necessidade descobriu por si que estes princípios têm se ser unificados no Absoluto – a liberdade porque o Absoluto age por potência autónoma incondicionada, a necessidade porque, justamente por isso, ele só age em conformidade com as leis do seu ser, com a necessidade interior da sua essência. Nele não há mais nenhuma vontade, que poderia afastar-se de uma lei, mas também nenhuma lei mais, que ele não desse a si mesmo apenas por suas acções, nenhuma lei que, independentemente de suas acções, tivesse realidade. Liberdade absoluta e necessidade absoluta são idênticas.