Passagens sobre Espada

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Enquanto outros Combatem

Empunhasse eu a espada dos valentes!
Impelisse-me a acção, embriagado,
Por esses campos onde a Morte e o Fado
Dão a lei aos reis trémulos e ås gentes!

Respirariam meus pulmÔes contentes
O ar de fogo do circo ensanguentado…
Ou caĂ­ra radioso, amortalhado
Na fulva luz dos glĂĄdios reluzentes!

JĂĄ nĂŁo veria dissipar-se a aurora
De meus inĂșteis anos, sem uma hora
Viver mais que de sonhos e ansiedade!

JĂĄ nĂŁo veria em minhas mĂŁos piedosas
Desfolhar-se, uma a uma, as tristes rosas
D’esta pĂĄlida e estĂ©ril mocidade!

O Cavaleiro

Talvez o espere ainda a Incomeçada
aquela que louvĂĄmos uma noite
quando o abril rompeu em nossas veias.
Talvez o espere a avĂł o pai amigos
e a mãe que disfarça às vezes uma lågrima.
Talvez o prĂłprio povo o espere ainda
quando subitamente fica melancĂłlico
propenso a acreditar em coisas misteriosas.

Algures dentro de nĂłs ele cavalga
algures dentro de nĂłs
entre mortos e mortos.
É talvez um impulso quando chega maio
ou as primeiras aves partem em setembro.

Cargas e cargas de cavalaria.
E cercos. Conquistas. NaufrĂĄgios naufrĂĄgios.
Quem sabe porquĂȘ. Quem sabe porquĂȘ.
Entre mortos e mortos
algures dentro de nĂłs.

Quem pode retĂȘ-lo?
Quem sabe a causa que sem cessar peleja?
E cavalga cavalga.

Sei apenas que Ă s vezes estremecemos:
Ă© quando irrompe de repente Ă  flor do ser
e nos deixa nas mĂŁos
uma espada e uma rosa.

A um Poeta

Tu que dormes, espĂ­rito sereno,
Posto Ă  sombra dos cedros seculares,
Como um levita Ă  sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.

Acorda! É tempo! O sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares…
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera sĂł um aceno…

Escuta! É a grande voz das multidĂ”es!
SĂŁo teus irmĂŁos, que se erguem! SĂŁo cançÔes…
Mas de guerra… e sĂŁo vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

A espada gasta a bainha, costuma dizer-se. Eis o que aconteceu comigo. As minhas paixÔes fizeram-me viver, e as minhas paixÔes mataram-me.

A Morte, que da vida o nĂł desata, os nĂłs, que dĂĄ o Amor, cortar quisera na AusĂȘncia, que Ă© contra ele espada fera, e com o Tempo, que tudo desbarata.

O Último Negócio

Certa manhĂŁ
ia eu pelo caminho pedregoso,
quando, de espada desembainhada,
chegou o Rei no seu carro.
Gritei:
— Vendo-me!
O Rei tomou-me pela mĂŁo e disse:
— Sou poderoso, posso comprar-te.
Mas de nada lhe serviu o seu poder
e voltou sem mim no seu carro.

As casas estavam fechadas
ao sol do meio dia,
e eu vagueava pelo beco tortuoso
quando um velho
com um saco de oiro Ă s costas
me saiu ao encontro.
Hesitou um momento, e disse:
— Posso comprar-te.
Uma a uma contou as suas moedas.
Mas eu voltei-lhe as costas
e fui-me embora.

Anoitecia e a sebe do jardim
estava toda florida.
Uma gentil rapariga
apareceu diante de mim, e disse:
— Compro-te com o meu sorriso.
Mas o sorriso empalideceu
e apagou-se nas suas lĂĄgrimas.
E regressou outra vez Ă  sombra,
sozinha.

O sol faiscava na areia
e as ondas do mar
quebravam-se caprichosamente.
Um menino estava sentado na praia
brincando com as conchas.
Levantou a cabeça
e,

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O PalĂĄcio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sĂłis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palĂĄcio encantado da Ventura!

Mas jĂĄ desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada jĂĄ, rota a armadura…
E eis que sĂșbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formusura!

Com grandes golpes bato Ă  porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas d’ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d’ouro, com fragor…
Mas dentro encontro sĂł, cheio de dor,
SilĂȘncio e escuridĂŁo – e nada mais!

Esta velha humanidade, tudo quanto seja acreditar que dois e dois sĂŁo quatro, quatro e quatro, oito, e oito e oito, dezasseis, muito bem e sem nenhuma prova; agora quando lhe dizem que hĂĄ gente que morre pela sua verdade, Ă© preciso mostrar-lhe SĂłcrates a beber a cicuta, CatĂŁo com a espada enterrada no ventre, Cristo pregado na cruz, — e nem assim.

MarĂ­lia De Dirceu

Soneto 7

O nume tutelar da Monarquia,
Que fez do grande Henrique a invicta espada,
Procurou dos Destinos a morada,
Por consultar a idade que viria.

A mil e mil herĂłis descrito via,
Que exaltam de furtado a estirpe honrada,
E na série, que adora, dilatada,
O nome de Francisco descobria.

Contempla uma por uma as letras d’ouro;
Este penhor, que o tempo nĂŁo consome,
Promete ao reino seu maior tesouro.

Prostra-se o gĂȘnio; e sem que a empresa tome
De lhe buscar sequer mais outro agouro,
O sĂ­tio beija, e lhe mostra o nome.

SĂł Ă© necessĂĄrio um inimigo para preparar uma guerra, e nĂŁo dois, […] e aqueles que nĂŁo tĂȘm espadas ainda podem morrer por meio delas.

Aos Vencidos

Quando Ă© que emfim virĂĄ o claro dia,
– O dia glorioso e suspirado! –
Que não corra mais sangue, esperdiçado
Á luz do Sol que os mundos alumia?! –

Que os vencidos nĂŁo vejam a agonia
Do seu tecto de colmo incendiado,
E se ouça retumbar o monte e o prado,
Ao tropel da velloz cavallaria?!

Quando Ă© que isto serĂĄ? – Quando na vida,
VirĂĄ ella, a doce hora promettida,
Hora cheia d’amor, e desejada!…

Em que fataes Cains, fartos da guerra,
Nosso sangue nĂŁo beba mais a terra…
– E nem mesmo a Justiça use d’Espada?!

Foi Um Dia De InĂșteis Agonias

Foi um dia de inĂșteis agonias.
Dia de sol, inundado de sol!…
Fulgiam nuas as espadas frias…
Dia de sol, inundado de sol!…

Foi um dia de falsas alegrias.
DĂĄlia a esfolhar-se, – o seu mole sorriso…
Voltavam ranchos das romarias.
DĂĄlia a esfolhar-se, – o seu mole sorriso…

Dia impressĂ­vel mais que os outros dias.
TĂŁo lĂșcido… TĂŁo pĂĄlido… TĂŁo lĂșcido!…
Difuso de teoremas, de teorias…

O dia fĂștil mais que os outros dias!
Minuete de discretas ironias…
TĂŁo lĂșcido… TĂŁo pĂĄlido… TĂŁo lĂșcido!…

Escavação

Numa Ăąnsia de ter alguma cousa,
Divago por mim mesmo a procurar,
Desço-me todo, em vão, sem nada achar,
E a minh’alma perdida nĂŁo repousa.

Nada tendo, decido-me a criar:
Brando a espada: sou luz harmoniosa
E chama genial que tudo ousa
Unicamente Ă  fĂŽrça de sonhar…

Mas a vitĂłria fulva esvai-se logo…
E cinzas, cinzas sĂł, em vez do fogo…
– Onde existo que nĂŁo existo em mim?

. . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . .

Um cemitério falso sem ossadas,
Noites d’amor sem bĂŽcas esmagadas –
Tudo outro espasmo que princĂ­pio ou fim…

Em louvor do grande CamÔes

Sobre os contrĂĄrios o terror e a morte
Dardeje embora Aquiles denodado,
Ou no rĂĄpido carro ensanguentado
Leve arrastos sem vida o Teuco forte:

Embora o bravo MacedĂłnio corte
Coa fulminante espada o nĂł fadado,
Que eu de mais nobre estĂ­mulo tocado,
Nem lhe amo a glĂłria, nem lhe invejo a sorte:

Invejo-te, CamÔes, o nome honroso;
Da mente criadora o sacro lume,
Que exprime as fĂșrias de Lieu raivoso:

Os ais de InĂȘs, de VĂ©nus o queixume,
As pragas do gigante proceloso,
O cĂ©u de Amor, o inferno do CiĂșme.

A verdade Ă© que a pena, na mĂŁo de um excelente escritor, resulta por si sĂł numa arma muito mais potente e terrĂ­vel, e de efeito muito mais prolongado, do que jamais poderia ser qualquer outro ceptro ou espada nas mĂŁos de um prĂ­ncipe.

SilĂȘncio

Assim como do fundo da mĂșsica
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
atĂ© que noutra mĂșsica emudece,
brota do fundo do silĂȘncio
outro silĂȘncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordaçÔes, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silĂȘncio
onde os silĂȘncios emudecem.

Tradução de Luis Pignatelli

Carta a Manoel

Manoel, tens razĂŁo. Venho tarde. Desculpa.
Mas nĂŁo foi Anto, nĂŁo fui eu quem teve a culpa,
Foi Coimbra. Foi esta paysagem triste, triste,
A cuja influencia a minha alma nĂŁo reziste,
Queres noticias? Queres que os meus nervos fallem?
VĂĄ! dize aos choupos do Mondego que se callem…
E pede ao vento que nĂŁo uive e gema tanto:
Que, emfim, se soffre abafe as torturas em pranto,
Mas que me deixe em paz! Ah tu nĂŁo imaginas
Quanto isto me faz mal! Peor que as sabbatinas
Dos ursos na aula, peor que beatas correrias
De velhas magras, galopando Ave-Marias,
Peor que um diamante a riscar na vidraça!
Peor eu sei lå, Manoel, peor que uma desgraça!
Hysterisa-me o vento, absorve-me a alma toda,
Tal a menina pelas vesperas da boda,
Atarefada mail-a ama, a arrumar…
O vento afoga o meu espirito n’um mar
Verde, azul, branco, negro, cujos vagalhÔes
São todos feitos de luar, recordaçÔes.
Á noite, quando estou, aqui, na minha toca,
O grande evocador do vento evoca, evoca
Nosso verĂŁo magnifico, este anno passado,
(E a um canto bate,

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