Passagens sobre Filhos

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O Individual como Base do Colectivo

Tudo quanto é apenas colectivo é desordem. A ordem vem da composição individual. Mas a composição individual para formar em si a ordem necessita de que esta também se projecte no colectivo.
A expressão do colectivo é o pânico. O terror só se submete pelo terror. O pânico tem duas expressões de terror: a centrífuga e a centrípeta. A expressão que se desfaz a si mesma e a que permanece estática e se adentra.

A única maneira de aparentar a ordem no colectivo é manejar o pânico. Mas como todo o estado psíquico, por mais inteiro que se apresente tende a suavizar-se se era violento e a tornar-se violento se era suave, é necessário para manter o estado de pânico, que se lhe estabeleçam tantas modalidades diferentes e sucessivas que consigam realmente fazer desviar as atenções da sua insistência. Porém, este processo não tem fim. É o processo da mística colectiva. Filha do desespero individual, a mística colectiva não faz alterar a realidade mas consegue temporáriamente submeter todos os indivíduos às mesmas circunstâncias. E até que se formem as novas élites as místicas colectivas são espera.
Ao vermos os grandes exércitos, reluzentes nas paradas ou disfarçados com a própria cor da terra das batalhas,

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Debaixo das Oliveiras

Este foi o mês em que cantei
dentro de minha casa
debaixo
das oliveiras.

O mês em que a brisa me pôs nas mãos
uma harpa de folhas
e a terra me emprestou
sua flauta e sua lua.
Maré viva. Meu sangue atravessado
por um cometa visível a olho nu
tangido por satélites e aves de arribação
navegado por peixes desconhecidos.

Este foi o mês em que cantei
como quem morre e ressuscita
no terceiro dia
de cada sílaba.

O mês em que subi a uma colina
dentro de minha casa
olhei a terra e o mar
depois cantei
como quem faz com duas pedras
o primeiro lume. Palavras
e pedras. Palavras e lume
de uma vida.

Este foi o mês em que fui a um lugar santo
dentro de minha casa.
O mês em que saí dos campos
e me banhei no rio como quem se baptiza
e cantei debaixo das oliveiras
as mãos cheias de terra. Palavras
e terra
de uma vida.

Este foi o mês em que cantei
como quem espelha ao vento suas cinzas
e cresce de seu próprio adubo
carregado de folhas.

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E a mão nessas tabas,
Querendo calados
Os filhos criados
Na lei do terror;
Teu nome lhes diga,
Que a gente inimiga
Talvez não escute
Sem pranto, sem dor!

Mães de Portugal

Ó Mães de Portugal comovedoras,
Com Meninos Jesus de encontro ao peito,
Iguais na devoção e amor perfeito
Aos painéis onde estão Nossas Senhoras!

Ó Virgem Mãe, qual se tu própria foras,
Surgem de cada lado, quase a eito,
As Mães e os Filhos em abraço estreito,
Dolorosas, felizes, povoadoras…

São presépios as casas onde moram:
E o riso casto, as lágrimas que choram,
O anseio que lhes enche o coração,

Gesto, candura, olhar — tudo é divino,
Tudo ensinado pelo Deus Menino,
Tudo é da Mãe Celeste inspiração!

O Milagre De Guaxenduba

Minha Terra natal, em Guaxenduba;
Na trincheira, em que o luso ainda trabalha,
A artilharia, que ao francês derruba,
Por três bocas letais pragueja e ralha.

O leão de França, arregaçando a juba,
Saltou. E o luso, como um tigre, o atalha.
Troveja a boca do arcabuz, e a tuba
Do índio corta o clamor e o medo espalha.

Foi então que se viu, sagrando a guerra,
Nossa Senhora, com o Menino ao colo,
Surgir lutando pela minha terra.

Foi-lhe vista na mão a espada em brilho…
(Pátria, se a Virgem quis assim teu solo,
Que por ti não fará quem for teu filho?)

Há pessoas que dizem: ‘Se os pais pensam sempre no bem dos filhos; por isso não posso acreditar que ocorram tais fatos’. Mesmo que os pais só pensem no bem dos filhos, se não conhecem a Verdade, podem prejudicá-los. É o caso de espíritos de antepassados que molestam um descendente. Por isso ocorre a cura da doença de um descendente quando este oferece culto aos antepassados. No culto aos antepassados, considera-se mais importante a oferenda espiritual do que a oferenda material. A oferenda espiritual consiste em oferecer palavras da Verdade. Ler A Verdade da Vida para as almas dos antepassados é uma forma de oferenda espiritual.

Tenha em mente que tudo que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. Tudo isso é posto em sua mão como sua herança para que você receba-a, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos.

Se o dinheiro serve para alguma coisa, é sem dúvida para comprar inocência aos filhos. Nada mais. A vantagem não é pequena. Tira-te do reino animal e introduz-te no reino moral.

Perca Pragmática

Em relação a qualquer coisa nunca digas: «Perdi-a»; diz, ao contrário: «Devolvi-a». Morreu-te o filho? Devolveste-o. Morreu-te a mulher? Devolveste-a. O teu campo foi roubado? Foi também devolvido. Mas quem o roubou é um miserável? Que te importa por quem o retirou aquele que to dera? Enquanto te deixam tais bens, toma conta deles como de um bem que pertence a outrem, como fazem os viajantes numa hospedaria.

Mancebos! De Mil Louros Triunfantes

Mancebos! De mil louros triunfantes
Adornai o Moisés da mocidade,
O Anjo que nos guia da verdade
Pelos doces caminhos sempre ovantes.

Coroai de grinaldas verdejantes
Quem rompeu para a Pátria nova idade,
Guiando pelas leis sãs da amizade
Os moços do progresso sempre amantes.

Vê, Brasil, este filho que o teu nome
Sobre o mapa dos povos ilustrados
Descreve qual o forte de Vendôme.

Conhece que os Andradas e os Machados,
Que inda vivem nas asas do renome
Não morrem nestes céus abençoados;

Os Descrentes

Nunca encontrei um descrente, apenas desvairados inquietos… é assim que é melhor tratá-los. São pessoas diferentes, não se percebe bem o que são: tanto os grandes como os pequenos, os ignorantes como os cultos, mesmo a gente da classe mais simples, tudo neles é desvario. Porque passam a vida a ler e a interpretar e depois, fartos da doçura livresca, continuam perplexos e não conseguem resolver nada.
Há quem se disperse, de maneira que não consegue atentar em si mesmo. Há quem seja rijo como pedra, mas no seu coração vagueiam sonhos. Há também o insensível e fútil que só quer gozar e ironizar. Há quem só tire dos livros florinhas, e mesmo elas consoante a sua opinião, e há nele desvario e falta de perspicácia. E digo mais: há muito tédio.
O homem pequeno é necessitado, não tem pão, não tem com que sustentar os filhos, dorme na palha áspera, mas tem o coração leve e alegre; é pecador e malcriado, mas mantém na mesma o coração alegre. E o homem grande farta-se de comer e beber, senta-se num montão de ouro, mas tem sempre a mágoa no coração. Há quem domine as ciências mas não se livre do tédio.

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Amo-te Tanto

amo-te tanto mas hoje tenho de levar o carro ao mecânico, as rodas fazem um barulho estranho, não deve ser nada, mas é melhor prevenir, amanhã prometo que vamos ver que tal se come naquele restaurante novo junto à rotunda, e depois levo-te ao cinema, ai não que não levo,
amo-te tanto mas hoje tenho de ver o treino do miúdo, o treinador ligou e disse-me que temos craque, o nosso menino a jogar como gente grande, vê lá tu, quando chegar com ele vê se tens prontinha aquela comida que ele adora, o puto merece, ai não que não merece,
amo-te tanto mas hoje tenho de ficar até tarde no escritório, há aquele projecto do estrangeiro para fechar, está aqui tudo perdido de nervos, não sei se aguento, daqui a pouco ligo-te para saber como vai tudo, o miúdo e as coisas aí em casa, agora tenho de ir mostrar a esta gente toda como se trabalha, ai não que não tenho,
amo-te tanto mas hoje tenho de me deitar cedo, amanhã é aquela reunião importante de que te falei, se conseguir o cliente vamos ser tão felizes, aquela casa, o carro novo, quem sabe?, só tenho de o conseguir convencer,

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O Prazer em Perspectiva: a Esperança

A esperança é filha do desejo, mas não é o desejo. Constitui uma aptidão mental, que nos fez crer na realização de um desejo. Podemos desejar uma coisa sem que a esperemos. Toda gente deseja a fortuna, muito poucos a esperam. Os sábios desejam descobrir a causa primitiva dos fenômenos; eles não têm nenhuma esperança de consegui-lo. O desejo aproxima-se algumas vezes da esperança, a ponto de confundir-se com ela. Na roleta, eu desejo e espero ganhar.
A esperança é uma forma de prazer em expectativa que, na sua atual fase de espera, constitui uma satisfação freqüentemente maior do que o contentamento produzido pela sua realização. A razão é evidente. O prazer realizado limita-se em quantidade e em duração, ao passo que nada limita a grandeza do sonho criado pela esperança. A força e o encanto da esperança consistem em conter todas as possibilidades de prazer. Ela constitui uma espécie de vara mágica que transforma tudo. Os reformadores nunca fizeram mais do que substituir uma esperança por outra.

Quando um Homem Quiser

Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão