Perdoo facilmente as ofensas, mas por indiferença e desdém: nada que me vem dos outros me toca profundamente.
Frases de Florbela Espanca
261 resultadosForam-se, há muito, os vinte anos, a época das análises, das complicadas dissecações interiores. Compreendi por fim que nada compreendi, que mesmo nada poderia ter compreendido de mim. Restam-me os outros… talvez por eles possa chegar às infinitas possibilidades do meu ser misterioso, intangível, secreto.
Ser poeta é ser mais alto um dos melhores poemas que já li
Que um engano feliz vale bem mais
Que um desengano que nos custa tanto!
Em tudo eu vejo sempre os antecedentes, as consequências, as razões e as causas: sou como as crianças que desmancham o brinquedo que as entretém só pelo prazer de saber o que está dentro. Apesar do meu tradicional horror às ciências positivas, eu tenho uma grande dose de positivismo e a ciência a que na vida ligo maior importância é a matemática.
Tenho pela mentira um horror quase físico. Sinto-a à distância e agora… neste mesmo momento… sinto-a vaguear, asquerosa e suja, em volta da minha alma que vibra no orgulho de ser pura. Se os outros me não conhecem, eu “conheço-me”, e tenho orgulho, um incomensurável orgulho em mim!
Sou talvez a visão que alguém sonhou Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou
Sob a serenidade austera da minha terra alentejana, lateja uma força hercúlea, força que se resolve num espasmo, que quer criar e não pode. A tragédia daquele que tem gritos lá dentro e se sente asfixiado dentro duma cova lôbrega; a amarga revolta de anjo caído, de quem tem dentro do peito um mundo e se julga digno, como um deus, de o elevar nos braços, acima da vida, e não poder e não ter forças para o erguer sequer!
Neste mundo só temos certa a dor e nada mais; dizem que a dor é para os eleitos… e se só os maus são felizes, bendita seja a desgraça que nos torna bons!
Eu já te disse que me não ralavam absolutamente nada as maiores descomposturas que me possam dar, por dois motivos: primeiro porque não tenho medo, e depois porque não costumo ter vergonha; nem um bocadinho pequenino!
Oh! Meu amor, se tu queres
Toda a vida, viver bem
Hás-de ouvir, hás-de calar,
Não dizer mal de ninguém.
Olhe que a única maneira de na vida ser feliz, principalmente os seres como você, de uma grande sensibilidade, de uma extraordinária imaginação, a única maneira é construir-se um lar bem doce, bem cheio de luz onde, longe do mundo, se possa amar, se possa trabalhar, se possa viver.
Se penetrássemos o sentido da vida seríamos menos miseráveis.
Espera… espera… ó minha sombra amada… Vê que para além de mim já não há nada e nunca mais me encontras neste mundo!…
Quero voltar! Não sei por onde vim? Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra Por entre tanta sombra igual a mim!
As palavras são o muro de pedra e cal a fechar o horizonte infinito das grandes ideias claras.
…Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existiu morte para o que nunca nasceu….
A ociosidade é a mãe da maledicência, da calúnia e da intriga, coisas a que eu já não sei se hei-de chamar vícios se virtudes, tão habituada estou a vê-los morar em lábios tidos como santos por este mundo que é com certeza o melhor dos mundos possíveis e imagináveis.
Gosto da noite imensa, triste, preta, como esta estranha borboleta Que eu sinto sempre a voltejar em mim!
Há uma primavera em cada vida