Passagens sobre LuxĂșria

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O Significado dos Sonhos

Os meu sonhos eram de muitas espĂ©cies mas representavam manifestaçÔes de um Ășnico estado de alma. Ora sonhava ser um Cristo, a sacrificar-me para redimir a humanidade, ora um Lutero, a quebrar com todas as convençÔes estabelecidas, ora um Nero, mergulhado em sangue e na luxĂșria da carne. Ora me via numa alucinação o amado das multidĂ”es, aplaudido, desfilando ao longo (…), ora o amado das mulheres, atraindo-as arrebatadoramente para fora das suas casas, dos seus lares, ora o desprezado por todos embora o eleito do bem, por todos a sacrificar-me. Tudo o que lia, tudo o que ouvia, tudo o que via — cada ideia vinda de fora, cada (…), cada acontecimento era o ponto de partida de um sonho. Vinha de um circo e ficava em casa ousando imaginar-me um palhaço, com luzes em arco Ă  minha volta. Via soldados passarem na minha mente a falarem com uma visĂŁo de mim prĂłprio, tratando-me por capitĂŁo, chefiando, ordenando, vitorioso. Quando lia algo acerca de aventureiros imediatamente me convertia neles, por completo. Quando lia algo acerca de criminosos, morria por cometer crimes atĂ© me apavorar com o meu desarranjo mental. Conforme as coisas que via, ou ouvia, ou lia, vivia em todas as classes sociais,

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Entregou-se tanto ao vĂ­cio da luxĂșria
que em sua lei tornou lĂ­cito aquilo que desse prazer,
para cancelar a censura que merecia.

LĂșbrica

Quando a vejo, de tarde, na alameda,
Arrastando com ar de antiga fada,
Pela rama da murta despontada,
A saia transparente de alva seda,
E medito no gozo que promete
A sua boca fresca, pequenina,
E o seio mergulhado em renda fina,
Sob a curva ligeira do corpete;
Pela mente me passa em nuvem densa
Um tropel infinito de desejos:
Quero, Ă s vezes, sorvĂȘ-la, em grandes beijos,
Da luxĂșria febril na chama intensa…
Desejo, num transporte de gigante,
Estreitå-la de rijo entre meus braços,
Até quase esmagar nesses abraços
A sua carne branca e palpitante;
Como, da Ásia nos bosques tropicais
Apertam, em espiral auriluzente,
Os mĂșsculos hercĂșleos da serpente,
Aos troncos das palmeiras colossais.
Mas, depois, quando o peso do cansaço
A sepulta na morna letargia,
Dormitando, repousa, todo o dia,
À sombra da palmeira, o corpo lasso.

Assim, quisera eu, exausto, quando,
No delĂ­rio da gula todo absorto,
Me prostasse, embriagado, semimorto,
O vapor do prazer em sono brando;
Entrever, sobre fundo esvaecido,
Dos fantasmas da febre o incerto mar,

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Felicidade Calma

Incita esse teu amigo a animosamente nĂŁo ligar importĂąncia a quem o censura por se acolher Ă  obscuridade da vida privada, por desistir das suas grandezas, por ter preferido a tranquilidade a tudo o mais, apesar de poder ainda avançar na sua carreira. Mostra a essa gente que ele trata diariamente dos prĂłprios interesses da forma mais Ăștil. Aqueles que pela sua posição elevada suscitam a inveja geral nunca vivem em terreno firme: uns sĂŁo derrubados, outros caem por si. Esse tipo de felicidade nunca conhece a calma, antes se excita sempre a si mesma. Desperta em cada um ideias de vĂĄrios tipos, move os homens cada qual em sua direcção, lança uns numa vida de excessos, outros numa vida de luxĂșria, a uns enche-os de orgulho, a outros de moleza, mas a todos igualmente destrĂłi.
DirĂĄs tu: HĂĄ, todavia, quem aguente bem uma liberdade desse gĂ©nero”. Pois hĂĄ, assim como hĂĄ quem aguente bem o vinho. Por isso nĂŁo existe o mĂ­nimo fundamento para te deixares persuadir que alguĂ©m Ă© feliz pelo facto de viver rodeado de clientes; os clientes nĂŁo buscam nele senĂŁo o mesmo que buscam num lago: beber atĂ© fartar e deixar a ĂĄgua suja!

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Estou Cansado

Estou cansado, Ă© claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, nĂŁo sei:
De nada me serviria sabĂȘ-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dĂłi como dĂłi
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de nĂŁo pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparĂȘncia lĂșcida
Do entendimento retrospectivo…
E a luxĂșria Ășnica de nĂŁo ter jĂĄ esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E hå um certo prazer até no cansaço que isto nos då,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Aureliano o reconheceu, perseguiu os caminhos ocultos da sua descendĂȘncia e encontrou o instante da sua prĂłpria concepção entre os escorpiĂ”es e as borboletas amarelas de um banheiro crepuscular, onde um operĂĄrio saciava a sua luxĂșria com uma mulher que se entregava a ele por rebeldia.

A Gloriola do Jornal

O jornal estende sobre o mundo as suas duas folhas, salpicadas de preto, como aquelas duas asas com que os iconografistas do sĂ©culo XV representavam a LuxĂșria ou a Gula: e o Mundo todo se arremessa para o jornal, se quer agachar sob as duas asas que o levem Ă  gloriola, lhe espalhem o nome pelo ar sonoro. E Ă© por essa gloriola que os homens se perdem, e as mulheres se aviltam, e os PolĂ­ticos desmancham a ordem do Estado, e os Artistas rebolam na extravagĂąncia estĂ©tica, e os SĂĄbios alardeiam teorias mirabolantes, e de todos os cantos, em todos os gĂ©neros, surge a horda ululante dos charlatĂŁes… (Como me vim tornando altiloquente e roncante!…) Mas e a verdade, meu Bento! VĂȘ quantos preferem ser injuriados a serem ignorados! (Homenzinhos de letras, poetisas, dentistas, etc.). O prĂłprio mal apetece sofregamente as sete linhas que o maldizem. Para aparecerem no jornal, hĂĄ assassinos que assassinam. AtĂ© o velho instinto da conservação cede ao novo instinto da notoriedade – e existe tal maganĂŁo, que ante um funeral convertido em apoteose pela abundĂąncia das coroas, dos coches e dos prantos oratĂłrios, lambe os beiços, pensativo, e deseja ser o morto.

Grandeza Oculta

Estes vĂŁo para as guerras inclementes,
Os absurdos herĂłiis sanguinolentos,
Alvoroçados, tontos e sedentos
Do clamor e dos ecos estridentes.

Aqueles para os frĂ­volos e ardentes
Prazeres de acres inebriamentos:
Vinhos, mulheres, arrebatamentos
De luxĂșrias carnais, impenitentes.

Mas Tu, que na alma a imensidade fechas,
Que abriste com teu GĂȘnio fundas brechas
no mundo vil onde a maldade exulta,

Ó delicado espírito de Lendas!
Fica nas tuas Graças estupendas,
No sentimento da grandeza oculta!

Pequenos Poemas Mentais

Mental: nada, ou quase nada sentimental.

I

Quem nĂŁo sai de sua casa,
nĂŁo atravessa montes nem vales,
nĂŁo vĂȘ eiras
nem mulheres de infusa,
nem homens de mangual em riste, suados,
quem vive como a aranha no seu redondel
cria mil olhos para nada.
Mil olhos!
ImplacĂĄveis.
E hoje diz: odeio.
Ontem diria: amo.
Mas odeia, odeia com indĂŽmitos Ăłdios.
E se se aplaca, como acha o tempo pobre!
E a liberdade inĂștil,
inĂștil e vĂŁ,
riqueza de miserĂĄveis.

II

Como sempres, hĂĄ-de-chegar, desde os tempos!
Vozes, cumprimentos, ofegantes entradas.
Mas que vos reunirĂĄ, pensamentos?
Chegais a existir, pensamentos?
É provável, mas desconfiados e inválidos,
Rosnando estĂșpidos, com cĂŁes.

Ó inĂșteis, aquietai-vos!
Voltai como os cĂŁes das quintas
ao ponto da partida, decepcionados.
E enrolai-vos tristonhos, rabugentos, desinteressados.

III

Esse gesto…
Esse desĂąnimo e essa vaidade…
A vaidade ferida comove-me,
comove-me o ser ferido!

A vaidade nĂŁo Ă© generosa, Ă© egoĂ­sta,
Mas chega a ser bela,

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O Amargo Destino do Sonho

Aí residia a sua força e a sua virtude, aí era invergåvel e incorruptível, aí o seu caråcter era firme e rectilíneo. No entanto, esta virtude trazia estreitamente ligados a si também o seu sofrimento e o seu destino.
Acontecia-lhe o que a todos acontece: aquilo que por impulso da sua mais Ă­ntima natureza demandava e em que se empenhava com a maior pertinĂĄcia, era-lhe concedido, mas ultrapassando aquilo que ao homem Ă© benĂ©fico. O que começava por ser sonho e felicidade, redundava em amargo destino. O homem do poder destĂłi-se pelo poder, o homem do dinheiro, pelo dinheiro, o subserviente pelo servir, o sequioso de prazer pela luxĂșria.

Riqueza Ilimitada mas Mortal

Eu nĂŁo posso, pensando bem, descobrir como Ă© possĂ­vel a nĂłs, que demos tanta importĂąncia Ă  riqueza ilimitada e que, para falar a verdade, a divinizamos, nĂŁo admitir nas nossas almas os males que crescem com ela. Acompanha, com efeito, a riqueza sem medida e sem coração, ligada a ela, e como se diz marchando no mesmo passo, a prodigalidade, e Ă  medida que a riqueza abre o acesso Ă s cidades e Ă s casas ela entra junto e coabita. Depois, com o tempo, segundo os sĂĄbios, esses seres fazem os seus ninhos nas vidas humanas e rapidamente engendram outros seres, no momento da procriação, como a cupidez, o orgulho e a luxĂșria, que nĂŁo sĂŁo seus bastardos mas filhos legĂ­timos.
Mas se permitir que esses filhos da riqueza avancem na idade, logo para as almas eles engendrarĂŁo tiranos inexorĂĄveis, a violĂȘncia, a ilegalidade e a imprudĂȘncia. Pois Ă© assim necessariamente; os homens nĂŁo olham mais para o alto e nĂŁo dĂŁo importĂąncia ao renome na posteridade, mas a destruição das vidas (dos homens) completa-se pouco a pouco num tal ciclo e a grandeza das almas fenece, enfraquece e nĂŁo Ă© mais assunto de emulação, quando se reserva a sua admiração Ă s partes mortais de si mesmo,

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A Carnal Tentação Desenfreada

A carnal tentação desenfreada
Que ao sangue quente alta justiça pede,
Fez com que eu, embrulhando-me na rede
Subisse de uma puta a infame escada.

Ligeiras pulgas saltam de emboscada
Fartando em mim de sangue humano a sede;
Arde a vela pregada na parede,
Jå de antigos morrÔes afogueada.

Saiu da alcova a desgrenhada fĂșria
Respirando venal sensualidade,
Vil desalinho, sĂłrdida penĂșria:

Muito pode a pobreza e a porquidade;
Abati as bandeiras Ă  luxĂșria
Jurei no altar de VĂ©nus castidade.

Cristo De Bronze

Ó Cristos de ouro, de marfim, de prata,
Cristos ideais, serenos, luminosos,
EnsangĂŒentados Cristos dolorosos
Cuja cabeça a Dor e a Luz retrata.

Ó Cristos de altivez intemerata,
Ó Cristos de metais estrepitosos
Que gritam como os tigres venenosos
Do desejo carnal que enerva e mata.

Cristos de pedra, de madeira e barro…
Ó Cristo humano, estĂ©tico, bizarro,
Amortalhado nas fatais injurias…

Na rija cruz aspérrima pregado
Canta o Cristo de bronze do Pecado,
Ri o Cristo de bronze das luxĂșrias!…

Tulipa Real

Carne opulenta, majestosa, fina,
Do sol gerada nos febris carinhos,
HĂĄ mĂșsicas, hĂĄ cĂąnticos, hĂĄ vinhos
Na tua estranha boca sulferina.

A forma delicada e alabastrina
Do teu corpo de lĂ­mpidos arminhos
Tem a frescura virginal dos linhos
E da neve polar e cristalina.

Deslumbramento de luxĂșria e gozo,
Vem dessa carne o travo aciduloso
De um fruto aberto aos tropicais mormaços.

Teu coração lembra a orgia dos triclĂ­nios…
E os reis dormem bizarros e sangĂŒĂ­neos
Na seda branca e pulcra dos teus braços.

Flores Da Lua

Brancuras imortais da Lua Nova
Frios de nostalgia e sonolĂȘncia…
Sonhos brancos da Lua e viva essĂȘncia
Dos fantasmas noctĂ­vagos da Cova.

Da noite a tarda e taciturna trova
Soluça, numa tremula dormĂȘncia…
Na mais branda, mais leve florescĂȘncia
Tudo em VisÔes e Imagens se renova.

Mistérios virginais dormem no Espaço,
Dormem o sono das profundas seivas,
MonĂłtono, infinito, estranho e lasso…

E das Origens na luxĂșria forte
Abrem nos astros, nas sidéreas leivas
Flores amargas do palor da Morte.

A economia da Argentina sĂł cresce porque de noite os polĂ­ticos e empresĂĄrios estĂŁo dormindo e nĂŁo podem roubar. E enquanto isso, Ă  noite o trigo cresce e a vacas fornicam com luxĂșria.