Passagens sobre Esperança

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Mapa

Ao norte, a torre clara, a praça, o eterno encontro,
A confidência muda com teu rosto por jamais.
A leste, o mar, o verde, a onda, a espuma,
Esse fantasma longe, barco e bruma,
O cais para a partida mais definitiva
A urna distancia percorrida em sonho:
Perfume da lonjura, a cidade santa.

O oeste, a casa grande, o corredor, a cama:
Esse carinho intenso de silêncio e banho.
A terra a oeste, essa ternura de pianos e janelas abertas
A rua em que passavas, o abano das sacadas: o morro e o
cemitério e as glicínias.
Ao sul, o amor, toda a esperança, o circo, o papagaio, a
nuvem: esse varal de vento,
No sul iluminado o pensamento no sonho em que te sonho
Ao sul, a praia, o alento, essa atalaia ao teu país

Mapa azul da infância:
O jardim de rosas e mistério: o espelho.
O nunca além do muro, além do sonho o nunca
E as avenidas que percorro aclamado e feliz.

Antes o sol no seu mais novo raio,
O acordar cotidiano para o ensaio do céu,

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A Esperança

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

Velho Tema IV

Eu não espero o bem que mais desejo:
Sou condenado, e disso convencido;
Vossas palavras, com que sou punido,
São penas verdades de sobejo.

O que dizeis é mal muito sabido,
Pois nem se esconde nem procura ensejo,
E anda à vista naquilo que mais vejo:
Em vosso olhar, severo ou distraído.

Tudo quanto afirmais eu mesmo alego:
Ao meu amor desamparado e triste
Toda a esperança de alcançar-vos nego.

Digo-lhe quanto sei, mas ele insiste;
Conto-lhe o mal que vejo, e ele que é cego
Põe-se a sonhar o bem que não existe.

Todo O Animal Da Calma Repousava

Todo o animal da calma repousava,
só Liso o ardor dela não sentia;
que o repouso do fogo em que ardia
consistia na Ninfa que buscava.

Os montes parecia que abalava
o triste som das mágoas que dezia;
mas nada o duro peito comovia,
que na vontade d’outrem posto estava.

Cansado já de andar pela espessura,
no tronco d’üa faia, por lembrança,
escreveu estas palavras de tristeza:

“Nunca ponha ninguém sua esperança
em peito feminil, que, de natura,
somente em ser mudável tem firmeza”.

Muitas das coisas mais importantes do mundo foram conseguidas por pessoas que continuaram tentando quando parecia não haver mais nenhuma esperança de sucesso.

Marília de Dirceu

(excerto)

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela, graças à minha estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte:
dos anos inda não está cortado;
os pastores que habitam este monte
respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
que inveja até me tem o próprio Alceste:
ao som dela concerto a voz celeste,
nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!

Mas tendo tantos dotes da ventura,
só apreço lhes dou, gentil pastora,
depois que o teu afeto me segura
que queres do que tenho ser senhora.
E bom, minha Marília, é bom ser dono
de um rebanho, que cubra monte e prado;
porém, gentil pastora, o teu agrado
vale mais que um rebanho e mais que um trono.

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A coragem vai-se buscar tanto à desesperação como à esperança; não se tem nada a perder ou tem-se tudo a ganhar.

Último Soneto

Já da noite o palor me cobre o rosto,
Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!… Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece…
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

Cantar à Maneira de Solao

Pensando-vos estou, filha,
vossa mãi me está lembrando;
enchem-se-me os olhos d’ágoa,
nela vos estou lavando.
Nascestes, filha, antre mágoa,
para bem inda vos seja,
que no vosso nascimento
vos houve a furtuna enveja.
Morto era o contentamento,
nenhüa alegria ouvistes:
vossa mãi era finada,
nós outras éramos tristes.
Nada em dor, em dor criada,
não sei onde isto há-d’ir ter;
vejo-vos, filha, fermosa
c’os olhos verdes crecer.
Não era esta graça vossa
para nacer em desterro,
mal haja a desaventura
que pôs mais nisto que o erro!

Tinha aqui sua sepultura
vossa mãi, e a mágoa nós;
não éreis vós, filha, não,
para morrerem por vós.
Não houve em fados razão,
nem se consente rogar;
de vosso pai hei mor dó,
que de si s’há-de queixar.

Eu vos ouvi a vós só
primeiro que outrem ninguém,
não fôreis vós se eu não fora,
não sei se fiz mal, se bem.

Mas não pode ser, senhora,
para mal nenhum nacerdes,
com este riso gracioso
que tendes sobr’olhos verdes.

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Hoje, as pessoas lutam para encontrar o que é real. Tudo se tornou tão sintético que um monte de gente, tudo que eles querem é agarrar a esperança.

Envolvê-la nos Meus Braços

Três minutos depois de você ter partido. Não, não consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que já sabe: amo-a. É isto que destruí vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se você tivesse permanecido na Suíça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviá-las para Louveciennes?

Anais, não posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase não consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvê-la nos meus braços. Tinha esperanças de que você não tivesse de ir jantar a casa… De que pudéssemos ir a algum lado jantar e dançar. Você dança… Já sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou você a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trás e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse é o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.

Estou sentado no seu lugar e já levei aos lábios o copo onde você bebeu. Mas não sei o que dizer. O que você me leu pôs-me a cabeça às voltas. A sua linguagem é ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, não passo de um petiz… porque, quando o útero que há em si fala,

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Crepúsculo

Alada, corta o espaço uma estrela cadente.
As folhas fremem. Sopra o vento. A sombra avança.
Paira no ar um languor de mística esperança
e de docúra triste, inexprimivelmente.

À surdina da luz irrompe, de repente,
o coro vesperal das cigarras. E mansa,
E marmórea, no céu, curvo e claro, balança,
entre nuvens de opala, a concha do crescente.

Na alma, como na terra, a noite nasce. É quando,
da recôndita paz das horas esquecidas,
vão, ao luar da saudade, os sonhos acordando…

E, na torre do peito, em plácidas batidas,
melancolicamente o coração chorando,
plange o réquiem de amor das ilusões perdidas.

O comportamento ético do homem deve basear-se eficazmente na compaixão, na educação e nos laços sociais, e não necessita de base religiosa. Triste seria a condição humana se os homens precisassem de ser refreados pelo temor do castigo ou pela esperança da recompensa depois da morte.

Revoltado por estar solitário? Erga as taças da fé e faça um brinde à esperança. Não beba o rum amargo do ódio sem tentar o néctar doce do amor!

Arrisquei muita braçada; Na esperança de outro mar; Hoje sou carta marcada; Hoje sou jogo de azar

Os Dois Horizontes

Dois horizontes fecham nossa vida:

Um horizonte, — a saudade
Do que não há de voltar;
Outro horizonte, — a esperança
Dos tempos que hão de chegar;
No presente, — sempre escuro,—
Vive a alma ambiciosa
Na ilusão voluptuosa
Do passado e do futuro.

Os doces brincos da infância
Sob as asas maternais,
O vôo das andorinhas,
A onda viva e os rosais;
O gozo do amor, sonhado
Num olhar profundo e ardente,
Tal é na hora presente
O horizonte do passado.

Ou ambição de grandeza
Que no espírito calou,
Desejo de amor sincero
Que o coração não gozou;
Ou um viver calmo e puro
À alma convalescente,
Tal é na hora presente
O horizonte do futuro.

No breve correr dos dias
Sob o azul do céu, — tais são
Limites no mar da vida:
Saudade ou aspiração;
Ao nosso espírito ardente,
Na avidez do bem sonhado,
Nunca o presente é passado,
Nunca o futuro é presente.

Que cismas, homem? – Perdido
No mar das recordações,

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