ConveniĂȘncias de nĂŁo Usar os Olhos, os Ouvidos e a LĂngua
Ouvir, ver e calar remédio era
nesse tempo em que os olhos e o ouvido
e a lĂngua puderam ser sentido
e nĂŁo delito que ofender pudera.
Surdos, hoje, os remeiros com a cera,
um mar navegarei que (encanecido
de ossos, mas nĂŁo de espumas) com bramido
sepulta quem ouviu voz insincera.
Sem ser ouvido e sem ouvir, ociosos
olhos e orelhas, serei olvidado
pelo cenho dos homens poderosos.
Se Ă© delito saber quem Ă© culpado,
o vĂcio que o indaguem os curiosos
e viva eu ignorante e ignorado.Tradução de José Bento