A maior alma é sempre insignificante ao pé da pequeníssima alma em cuja dependência está.
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Lugares com Ecos do Passado
Tanto ou mais que as pessoas, os lugares vivem e morrem. Com uma diferença: mesmo se já mortos, os lugares retêm a vida que os animou. No silêncio, sentimos-lhes os ouvidos vigilantes ou o rumor infatigável dos ecos ensurdecidos.
Contrair dívidas é o mesmo que fazer dos outros donos dos nossos atos.
Somente os ricos elaboram as leis, somente eles distribuem os impostos, carregados na sua maior parte pelos pobres.
A ignorância é a maior enfermidade do género humano.
Sorri para o mundo ao teu redor; ele também te sorrirá.
Quantas vezes, ao contá-los, aliviamos os males.
Os homens foram e são sempre mais constantes no ódio que no amor.
A glória é a vantagem de te conhecerem todos os que não te conhecem.
O futuro é o período de tempo em que prosperam nossos negócios, nossos amigos são verdadeiros e nossa felicidade segura.
Saudade é ser, depois de ter.
O pranto convoca os espíritos da desgraça.
Há mais prazer em edificar um castelo no ar do que na terra.
O único caminho para emendar o mundo mau é criar o mundo bom.
Como podemos nos entender (…), se nas palavras que digo coloco o sentido e o valor das coisas como se encontram dentro de mim; enquanto quem as escuta inevitavelmente as assume com o sentido e o valor que têm para si, do mundo que tem dentro de si?
Todo o santo tem um passado. Todo o pecador tem um futuro.
…Apenas por ter certeza de sua existência, continuei existindo…
Num Bairro Moderno
Dez horas da manhã; os transparentes
Matizam uma casa apalaçada;
Pelos jardins estancam-se as nascentes,
E fere a vista, com brancuras quentes,
A larga rua macadamizada.Rez-de-chaussée repousam sossegados,
Abriram-se, nalguns, as persianas,
E dum ou doutro, em quartos estucados,
Ou entre a rama do papéis pintados,
Reluzem, num almoço, as porcelanas.Como é saudável ter o seu conchego,
E a sua vida fácil! Eu descia,
Sem muita pressa, para o meu emprego,
Aonde agora quase sempre chego
Com as tonturas duma apoplexia.E rota, pequenina, azafamada,
Notei de costas uma rapariga,
Que no xadrez marmóreo duma escada,
Como um retalho da horta aglomerada
Pousara, ajoelhando, a sua giga.E eu, apesar do sol, examinei-a.
Pôs-se de pé, ressoam-lhe os tamancos;
E abre-se-lhe o algodão azul da meia,
Se ela se curva, esguelhada, feia,
E pendurando os seus bracinhos brancos.Do patamar responde-lhe um criado:
“Se te convém, despacha; não converses.
Eu não dou mais.” È muito descansado,
Atira um cobre lívido, oxidado,
Que vem bater nas faces duns alperces.
Para o louco, todos os dias são de festa.
O vinho é sepultura da memória.