Não hå Sabedoria sem Esforço
Certos vĂcios, temos o hĂĄbito de atribuĂ-los aos condicionalismos do lugar e do tempo, mas o certo Ă© que, para onde quer que vamos, esses vĂcios nos acompanham. (…) Para quĂȘ iludirmo-nos? O nosso mal nĂŁo vem do exterior, estĂĄ dentro de nĂłs, enraizado nas nossas vĂsceras, e, como ignoramos o mal de que sofremos, sĂł com dificuldade recuperamos a saĂșde. E mesmo que jĂĄ tenhamos iniciado o tratamento, quando nos serĂĄ possĂvel levar de vencida a enorme virulĂȘncia de tĂŁo numerosas enfermidades? Nem sequer solicitamos a presença do mĂ©dico, quando afinal Ă© mais fĂĄcil tratar uma doença ainda no inĂcio. Almas ainda frescas e inexperientes obedecem sem tardar a quem lhes indique o justo caminho. SĂł Ă© difĂcil reconduzir Ă via da natureza quem deliberadamente dela se apartou. Parece que temos vergonha de aprender a sabedoria! Pelos deuses, se acharmos que Ă© vergonhoso buscar um mestre, entĂŁo podemos perder a esperança de obter as vantagens da sabedoria por obra do acaso. A sabedoria sĂł se obtĂ©m pelo esforço.
Para dizer a verdade, nem sequer Ă© necessĂĄrio grande esforço se, como disse, começarmos a formar e a corrigir a nossa alma antes que as mĂĄs tendĂȘncias cristalizem. Mas mesmo jĂĄ empedernidas,
Passagens sobre VĂcio
362 resultadosBusca nos outros as virtudes e busca em ti os vĂcios.
Os vĂcios de outrora sĂŁo os costumes de hoje.
O vĂcio alheio desagrada atĂ© os viciosos.
O vĂcio nĂŁo seria completamente vĂcio se nĂŁo odiasse a virtude.
Os vĂcios nunca nos fartam, a virtude logo nos enfastia.
VĂłs Outros, Que Buscais Repouso Certo
VĂłs outros, que buscais repouso certo
na vida, com diversos exercĂcios;
a quem, vendo do mundo os benefĂcios,
o regimento seu estĂĄ encoberto;dedicai, se quereis, ao desconcerto
novas hontas e cegos sacrifĂcios;
que, por castigo igual de antigos vĂcios,
quer Deus que andem as cousas por acerto.NĂŁo caiu neste modo de castigo
quem pĂŽs culpa Ă Fortuna, quem sĂČmente
crĂȘ que acontecimentos hĂĄ no mundo.A grande experiĂȘncia Ă© grĂŁo perigo;
mas o que a Deus Ă© justo e evidente
parece injusto aos homens e profundo.
O vĂcio sĂł tem, como recompensa, o arrependimento.
Nada Vence as PaixÔes Profundas de Cada Um
As paixĂ”es opĂ”em-se Ă s paixĂ”es, e podem servir de contrapeso umas Ă s outras; mas a paixĂŁo dominante nĂŁo se pode conduzir senĂŁo pelo seu prĂłprio interesse, real ou imaginĂĄrio, porque ela reina despoticamente sobre a vontade, sem a qual nada se pode. Contemplo humanamente as coisas, e acrescento nesÂse espĂrito: nem todo o alimento Ă© prĂłprio para todos os corÂpos; nem todos os objetos sĂŁo suficientes para tocar deterÂminadas almas. Quem acredita serem os homens ĂĄrbitros soberanos dos seus sentimentos nĂŁo conhece a natureza; consiga-se que um surdo se divirta com os sons encantadoÂres de Mureti, peça-se a uma jogadora, que estĂĄ a jogar uma grande partida, que tenha a complacĂȘncia e a sabedoÂria de se enfadar durante a mesma, nenhuma arte pode fazĂȘ-lo.
Os sĂĄbios enganam-se quando oferecem a paz Ă s paixĂ”es: as paixĂ”es sĂŁo inimigas dela. Eles elogiam a moÂderação para aqueles que nasceram para a acção e para uma vida agitada; que importa a um homem doente a delicadeza de um festim que lhe repugna? NĂłs nĂŁo conhecemos os defeitos de nossa alma; mas ainda que pudĂ©ssemos conhecĂȘ-los, raramente haverĂaÂmos de os querer vencer.
As nossas paixĂ”es nĂŁo sĂŁo distintas de nĂłs mesmos; alÂgumas delas sĂŁo todo o fundamento e toda a substĂąncia da nossa alma.
A abstinĂȘncia torna-se estĂ©ril quando ditada pela fraqueza do corpo ou pelo vĂcio da avareza
A abstinĂȘncia torna-se estĂ©ril quando ditada pela fraqueza do corpo ou pelo vĂcio da avareza.
Todo excesso Ă© um vĂcio, principalmente na convivĂȘncia.
Respeitemos eternamente o vĂcio e nĂŁo combatamos mais do que a virtude.
Uma virtude Ă© semelhante a uma cidade no alto de uma montanha – nĂŁo se pode escondĂȘ-la. Podemos dissimular os vĂcios se o pretendermos – nem que seja sĂł por momentos -, mas a virtude estĂĄ exposta aos olhos de todos.
Afinal de contas, talvez eu prĂłprio estivesse, naquela Ă©poca, a representar esse papel de amante, esse papel de vĂcio revivificador. Mais do que a representar um papel, aliĂĄs: a personificar de facto um milagre na vida de alguĂ©m, salvando-lhe o casamento, oferecendo-lhe a oportunidade de proteger-se dos filhos durante uma noite ocasional, dando-lhe pelo menos uma de dezoito irrebatĂveis razĂ”es para fugir de casa, ainda que por instantes apenas.
Sofrer os vĂcios dos amigos Ă© fazĂȘ-los.
Se a vida Ă© um mal, por que tememos morrer; e se um bem, porque a abreviamos com os nossos vĂcios?
As nossas virtudes, a maior parte das vezes, nĂŁo passam de vĂcios disfarçados.
Ăs Um HOMEM, Se…
Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem, e te acusam disso,Se és capaz de confiar em ti, quando te ti duvidam
E, no entanto, perdoares que duvidem,Se és capaz de esperar, sem perderes a esperança
E não caluniares os que te caluniam,Se és capaz de sonhar, sem que o sonho te domine,
E pensar, sem reduzir o pensamento a vĂcio,Se Ă©s capaz de enfrentar o Triunfo e o Desastre,
Sem fazer distinção entre estes dois impostores,Se és capaz de ouvir a verdade que disseste,
Transformada por canalhas em armadilhas aos tolos,Se Ă©s capaz de ver destruĂdo o ideal da vida inteira
E construĂ-lo outra vez com ferramentas gastas,Se Ă©s capaz de arriscar todos os teus haveres
Num lance corajoso, alheio ao resultado,
E perder e começar de novo o teu caminho,
Sem que ouça um suspiro quem seguir ao teu lado,Se Ă©s capaz de forçar os teus mĂșsculos e nervos
E fazĂȘ-los servir se jĂĄ quase nĂŁo servem,
Nossos defeitos sĂŁo, por vezes, os melhores adversĂĄrios dos nossos vĂcios.
Use o Seu Cérebro
NĂŁo existe manual de instruçÔes para o cĂ©rebro, mas ele precisa de alimento, reparação e da devida manutenção ainda assim. Certos nutrientes sĂŁo fĂsicos; a atual mania dos alimentos para o cĂ©rebro faz as pessoas correrem para vitaminas e enzimas. Mas o devido alimento para o cĂ©rebro Ă© tanto mental como fĂsico. O ĂĄlcool e o tabaco sĂŁo tĂłxicos, e sujeitar o cĂ©rebro Ă sua exposição Ă© fazer mau uso dele. A raiva e o medo, o stress e a depressĂŁo sĂŁo igualmente uma forma de mĂĄ utilização. No momento em que escrevemos este livro, um novo estudo revela que uma rotina de stress diĂĄrio fecha o cĂłrtex prĂ©-frontal, a parte do cĂ©rebro responsĂĄvel pela tomada de decisĂ”es, correção de erros e avaliação de situaçÔes. Ă por isso que as pessoas dĂŁo em doidas em engarrafamentos. Ă um stress rotineiro, e contudo a fĂșria, frustração e impotĂȘncia que alguns condutores sentem indicam que o cĂłrtex prĂ©-frontal deixou de dominar os impulsos primĂĄrios por cujo controlo Ă© responsĂĄvel.
Damos constantemente connosco a voltar Ă mesma questĂŁo: use o seu cĂ©rebro, nĂŁo deixe que o seu cĂ©rebro o use a si. As fĂșrias com o trĂąnsito sĂŁo um exemplo do seu cĂ©rebro a usĂĄ-lo,