Chuva com sol, casamento de raposa.
Passagens sobre Casamento
334 resultadosO casamento é uma ponte que conduz ao céu.
Uma Completa Fome por Ti
Anais,
Não esperes que continue são. Não vamos ser sensatos. Foi um casamento, em Louveciennes — não podes negá-lo. Voltei com pedaços de ti pegados a mim. Estou a andar, a nadar num oceano de sangue, o teu sangue andaluz, destilado e venenoso. Tudo o que faço e digo e penso tem a ver com o casamento. Vi-te como a senhora do teu lar, uma moura de cara pesada, uma negra com um corpo branco, olhos por toda a tua pele, mulher, mulher, mulher. Não consigo ver como conseguirei viver longe de ti — estas interrupções são uma morte. Como te pareceu quando o Hugo voltou? Eu continuava aí? Não consigo imaginar-te a moveres-te com ele como fizeste comigo. Pernas fechadas. Fragilidade. Doce, traiçoeira aquiescência. Docilidade de pássaro. Tornaste-te uma mulher comigo. Isso quase me aterrorizou. Não tens só trinta anos de idade… Tens mil anos de idade.
Aqui estou de volta e ainda fervilhando de paixão, como vinho a fermentar. Não uma paixão apenas da carne, mas uma completa fome por ti, uma fome devoradora. Leio no jornal acerca de suicídios e homicídios e compreendo-o perfeitamente. Sinto-me assassino, suicida. Sinto talvez ser uma desgraça nada fazer,
O casamento é o mesmo medo partilhado, a mesma necessidade de ser consolado, a mesma vã carícia na escuridão.
Cada Vez Nos Casamos Mais
Ao fim de 14 anos, cada vez que eu olho para a minha mulher, cada dia que acordo ao lado dela, o que mais me comove e impressiona é precisamente a novidade de vê-la, poder amá-la, ter a sorte de ser amado por ela.
Cada coisa que fazemos é ao mesmo tempo antiquíssima – como uma cerimónia que construímos juntos só para nós os dois – e novíssima, pelo desejo e pelo entusiasmo de lá estar, naquele lugar que ela abriu para mim e ela no lugar que só é dela, que sou eu.O casamento é só uma palavra: é verdade. Mas também pode ser a vontade de casarmos e ficarmos casados, todos os dias, com a mesma pessoa que amamos.
Cada vez nos casamos mais. As diferenças dela vão cabendo cada vez melhor nas minhas. Cada vez somos, a Maria João e eu, mais livres de sermos como somos, cada um de nós, e de sermos como somos, nós os dois.
Ela torna-se mais ela; eu torno-me mais eu, ela e eu com menos medo que o outro fuja por causa disso. Mas com medo à mesma. E ganância de viver e curiosidade em saber como é que o décimo quinto ano vai ser melhor do que este.
O casamento é a única coisa que dá à mulher o prazer de uma companhia e a perfeita sensação de solidão ao mesmo tempo.
O casamento é feito justamente para cortar as asas da imaginação e trazer-nos à terra.
Todo o homem de talento, de génio, não deve casar. O casamento é um verdadeiro apagador de tudo o que é grande e pode ser brilhante.
Os segundos casamentos são o triunfo da esperança sobre a experiência.
Os casais vivem à custa do casamento de suas incompatibilidades.
Acho que é no casamento que está a felicidade de um homem normal.
Casamento é uma refeição em que a sopa sabe melhor que a sobremesa.
O casamento é a identificação de duas pessoas imperfeitas num indivíduo completo.
O casamento é como uma ratoeira; aqueles que estão presos gostariam de sair, e os outros ficam a girar à volta para serem agarrados.
O matrimónio só tem quinze dias verdadeiramente felizes: os últimos dias que antecedem o casamento.
O amor é Física, o casamento é Química.
Amar significa que a cada novo dia renovemos de forma consciente, o nosso caminho, o nosso ser. A beleza maior de um casamento é que ele se faz de dias e noites em que sucessivamente se elege a mesma pessoa.
Não podendo suportar o amor, a Igreja quis ao menos desinfectá-lo, e então fez o casamento.
Casamento: cerimônia em que se coloca uma aliança no dedo da mulher e outra no nariz do homem.
O Horror da Solidão
Antes de adormecer.
Parece tão horrível ser solteiro, envelhecer lutando por manter a dignidade enquanto se pede um convite sempre que se deseja passar o serão em companhia, tendo de levar a refeição para casa, incapaz de esperar alguém com um sentimento de lassidão e de calma confiança, apenas capaz de, com dificuldade e vexame, dar um presente a alguém, tendo de dizer boa noite à porta de casa, nunca podendo subir as escadas a correr ao lado da mulher, não tendo outra consolação quando estiver doente que a vista da janela, se se puder sentar na cama, tendo somente portas ao lado que dão para salas de estar de outras pessoas, sentindo-se afastado da própria família, com quem só pelo casamento se pode manter laços de intimidade, primeiro pelo casamento dos pais, depois, passado o efeito deste casamento, pelo próprio, tendo de admirar os filhos dos outros e não lhe sendo sequer permitido continuar a dizer: «Eu não tenho nenhum», nunca se sentindo envelhecer uma vez que não há gente da família a crescer à volta, formando-se na aparência e no comportamento segundo os modelos de uma ou duas pessoas solteiras que conheceu na juventude. Tudo isto é verdade,