Passagens sobre Desempregados

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A Europa é um Comboio Disparado e sem Freios

Foi a falta de solidariedade que fez na Europa 18 milhões de desempregados, ou são eles tão-somente o efeito mais visível da crise de um sistema para o qual as pessoas não passam de produtores a todo o momento dispensáveis e de consumidores obrigados a consumir mais do que necessitam? A Europa, estimulada a viver na irresponsabilidade, é um comboio disparado, sem freios, onde uns passageiros se divertem e os restantes sonham com isso.

Que é demasiada metafísica para um só tenor, não há dúvida; mas a perda da voz explica tudo, e há filósofos que são, em resumo, tenores desempregados.

Não posso admitir que se olhe para o desemprego como se fosse uma realidade abstracta. O desemprego são desempregados! E um desempregado, sobretudo de longa duração, é um homem que, pouco a pouco, perde a sua autodignidade, perde respeito por si e pelos outros. Num jovem é muito pior: sente que lhe estão a roubar o futuro. E daqui resulta ou a desistência, a passividade, ou a evasão perversa, ou a revolta. Em muitos países as grandes revoltas foram feitas pela juventude, que não aceita que lhe roubem o futuro!

Os desempregados pensam que serão felizes se conseguirem emprego e os enfermos pensam que serão felizes se conseguirem saúde. Não percebem que no mundo existem muitas pessoas que, apesar de terem emprego e saúde, são infelizes.

A felicidade é não estar triste; não estar doente; não estar desempregado e não ser obrigado a pensar em todas as outras coisas que antecedem – e excluem, automaticamente, por questões básicas de necessidades – a consideração da felicidade. É entristecer com razão, mas sem resultado. Ser feliz é poder fingir, convincentemente, que se tem razão para andar triste ou não.

Antes Ter um Bom Rendimento do que Ser Insinuante

A menos que se tenha muito dinheiro, não vale a pena ser uma pessoa encantadora. O sentimentalismo é privilégio dos ricos, não é profissão para desempregados. Os pobres devem ser práticos e prosaicos. Antes ter um bom rendimento do que ser insinuante.

Vivemos numa Paz de Animais Domésticos

Uma cobra de água numa poça do choupal, a gozar o resto destes calores, e umas meninas histéricas aos gritinhos, cheias de saber que o bicho era tão inofensivo como uma folha.
Por fidelidade a um mandato profundo, o nosso instinto, diante de certos factos, ainda quer reagir. Mas logo a razão acode, e o uivo do plasma acaba num cacarejo convencional. Todos os tratados e todos os preceptores nos explicaram já quantas espécies de ofídios existem e o soro que neutraliza a mordedura de cada um. Herdamos um mundo já quase decifrado, e sabemos de cor as ervas que não devemos comer e as feras que nos não podem devorar. Vivemos numa paz de animais domésticos, vacinados, com os dentes caninos a trincar pastéis de nata, tendo aos pés, submissos, os antigos pesadelos da nossa ignorância. Passamos pela terra como espectros, indo aos jardins zoológicos e botânicos ver, pacata e sàbiamente, em jaulas e canteiros, o que já foi perigo e mistério. E, por mais que nos custe, não conseguimos captar a alma do brinquedo esventrado. O homem selvagem, que teve de escolher tudo, de separar o trigo do joio, de mondar dos seus reflexos o que era manso e o que era bravo,

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