Há «portas da consolação» que se devem ter sempre abertas, porque Jesus gosta de entrar por elas: o Evangelho lido todos os dias e trazido sempre connosco, a oração silenciosa e de adoração, a Confissão, a Eucaristia. Através dessas portas, o Senhor entra e dá um novo sabor a todas as coisas.
Passagens sobre Dia
2705 resultadosTodos sabemos que, quando a água está parada, apodrece. Há um ditado espanhol que reza assim: «A água parada é a primeira a apodrecer.» Não estejais parados. Devemos caminhar, dar um passo todos os dias, com a ajuda do Senhor.
O cântico de Simeão é o cântico do homem crente que, no fim dos seus dias, pode afirmar: é verdade, a esperança em Deus nunca desilude. Ele não engana. Simeão e Ana, na velhice, são capazes de uma nova fecundidade e dão testemunho disso cantando.
Quando uma mulher descobre que está grávida, todos os dias aprende a viver na expectativa de ver o olhar daquela criança que há de vir. Também nós devemos viver assim e aprender desta expectativa humana e viver na espera de encontrar o Senhor. Isto não é fácil, mas aprende-se: viver na expectativa.
O Poeta não é um Pequeno Deus
O poeta não é um «pequeno deus». Não, não é um «pequeno deus». Não está amrcado por um destino cabalístico superior ao de quem exerce outros misteres e ofícios. Exprimi amiúde que o melhor poeta é o homem que nos entrega o pão de cada dia: o padeiro mais próximo, que não se julga deus. Cumpre a sua majestosa e humilde tarefa de amassar, levar ao forno, dourar e entregar o pão de cada dia, com uma obrigação comunitária. E se o poeta chega a atingir essa simples consciência, a simples consciência também se pode converter em parte de uma artesania colossal, de uma construção simples ou complicada, que é a construção da sociedade, a transformação das condições que rodeiam o homem, a entrega da mercadoria: pão, verdade, vinho, sonhos.
Se o poeta se incorpora nessa nunca consumida luta para cada um confiar nas mãos dos outros a sua ração de compromisso, a sua dedicação e a sua ternura pelo trabalho comum de cada dia e de todos os homens, participa no suor, no pão, no vinho, no sonho de toda a humanidade. Só por esse caminho inalienável de sermos homens comuns conseguiremos restituir à poesia o vasto espaço que lhe vão abrindo em cada época,
O Talento na Juventude e na Velhice
Nada menos exacto do que supor que o talento constitui privilégio da mocidade. Não. Nem da mocidade, nem da velhice. Não se é talentoso por se ser moço, nem genial por se ser velho. A certidão de idade não confere superioridade de espírito a ninguém. Nunca compreendi a hostilidade tradicional entre velhos e moços (que aliás enche a história das literaturas); e não percebo a razão por que os homens se lançam tantas vezes recíprocamente em rosto, como um agravo, a sua velhice ou a sua juventude.
Ser idoso não quer dizer que se seja necessáriamente intolerante e retrógado; e engana-se quem supuser que a mocidade, por si só, constitui garantia de progresso ou de renovação mental. As grandes descobertas que ilustram a história da ciência e contribuiram para o progresso humano são, em geral, obra dos velhos sábios; e a mocidade literária, negando embora sistemáticamente o passado, é nele que se inspira, até que o escritor adquire (quando adquire) personalidade própria.
(…) A mocidade, em geral, não cria; utiliza, transformando-o, o legado que recebeu. Juventude e velhice não se opõem; completam-se na harmonia universal dos seres e das coisas. A vida não é só o entusiasmo dos moços;
Psalmo
Esperemos em Deus! Ele há tomado
Em suas mãos a massa inerte e fria
Da matéria impotente e, n’um só dia,
Luz, movimento, acção, tudo lhe há dado.Ele, ao mais pobre de alma, há tributado
Desvelo e amor: ele conduz à via
Segura quem lhe foge e se extravia,
Quem pela noite andava desgarrado.E a mim, que aspiro a ele, a mim, que o amo,
Que anseio por mais vida e maior brilho.
Ha-de negar-me o termo d’este anseio?Buscou quem o não quiz; e a mim, que o chamo,
Ha-de fugir-me, como a ingrato filho?
Ó Deus, meu pai e abrigo! espero!… eu creio!
Aspiração
Meus dias vão correndo vagarosos
Sem prazer e sem dor, e até parece
Que o foco interior já desfalece
E vacila com raios duvidosos.É bela a vida e os anos são formosos,
E nunca ao peito amante o amor falece…
Mas, se a beleza aqui nos aparece,
Logo outra lembra de mais puros gosos.Minh’alma, ó Deus! a outros céus aspira:
Se um momento a prendeu mortal beleza,
É pela eterna pátria que suspira…Porém do presentir dá-me a certeza.
Dá-ma! e sereno, embora a dor me fira,
Eu sempre bendirei esta tristeza!
Se hoje fosse o último dia de minha vida, queria fazer o que vou fazer hoje? E se a resposta fosse Não muitos dias seguidos, sabia que precisava mudar algo.
Não!
Tenho-te muito amor,
E amas-me muito, creio:
Mas ouve-me, receio
Tomar-te desgraçada:
O homem, minha amada,
Não perde nada, goza;
Mas a mulher é rosa…
Sim, a mulher é flor!Ora e a flor, vê tu
No que ela se resume…
Faltando-lhe o perfume,
Que é a essência dela,
A mais viçosa e bela
Vê-a a gente e… basta.
Sê sempre, sempre, casta!
Terás quanto possuo!Terás, enquanto a mim
Me alumiar teu rosto,
Uma alma toda gosto,
Enlevo, riso, encanto!
Depois terás meu pranto
Nas praias solitárias…
Ondas tumultuárias
De lágrimas sem fim!À noite, que o pesar
Me arrebatar de cada,
Irei na campa rasa
Que resguardar teus ossos,
Ah! recordando os nossos
Tão venturosos dias,
Fazer-te as cinzas frias
Ainda palpitar!Mil beijos, doce bem,
Darei no pó sagrado,
Em que se houver tornado
Teu corpo tão galante!
Com pena, minha amante,
De não ter a morte
Caído a mim em sorte…
Caído em mim também!
Povos Sem Sorte
As pessoas podem sentir pena de um homem que está a passar por tempos difíceis, mas quando um país inteiro é pobre, o resto do mundo assume que todos os seus cidadãos são desmiolados, preguiçosos, sujos, tolos e desajeitados. Em vez de pena, provocam o riso. É tudo uma anedota: a sua cultura, os seus costumes, as suas práticas. Com o tempo o resto do mundo pode, parte dele, começar a ficar envergonhado por ter pensado dessa maneira, e quando olham em volta e vêem os imigrantes desse pobre país a esfregar o chão e a fazerem os trabalhos pior pagos, eles naturalmente preocupam-se sobre o que poderia acontecer se um dia estes trabalhadores se insurgissem contra eles. Assim, para manter as aparências agradáveis, começam a interessar-se pela cultura dos imigrantes e às vezes até fingem que pensam neles como se fossem seus iguais.
Ah, meu amor, meu peito ainda bate pela certeza – meio incerta – de que um dia tudo passa
Se Me Esqueceres
Quero que saibas
uma coisa.Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
As Amadas Passam como o Vento
Um dia percebemos que as amadas se evaporam
no ar como se nunca tivessem existido.
Sombras de pássaros na águaelas emigram para lugares distantes
ou talvez para alguma estrela
dessas que flamejam nos trapézios do céu.As amadas passam como o vento
são inconstantes como as brisas que derrubam
as folhas mortas de um pomar.Semelhantes a esses gatos de pelúcia
que nos arranham com seus bigodes de mercúrio
e vão-se lambuzar no pires de leite.As amadas, quando vão embora,
deixam apenas a memória do perfume
como um punhal cravado em nosso peito.[Argila Erótica: 8]
Se vivermos durante muito tempo, descobrimos que todas as vitórias, um dia, se transformam em derrotas.
Eu li um livro um dia e a partir daí toda a minha vida mudou desde aí.
Não há Dicas para Namorar e Casar
Nunca me ensinaram as coisas realmente úteis: como é que um rapaz arranja uma noiva, que tipo de anel deve comprar, se pode continuar a sair para os copos com os amigos, se é preciso pedir primeiro aos pais, se tem de usar anel também. Palavra que fui um rapaz que estudou muito e nunca me souberam ensinar isto. Ensinaram-me tudo e mais alguma coisa sobre o sexo e a reprodução, sobre o prazer e a sedução, mas quanto ao namorar e casar, nada. E agora, como é que eu faço?
Passei a pente fino as melhores livrarias de Lisboa e não encontrei uma única obra que me elucidasse. Se quisesse fazer cozinha macrobiótica, descobrir o «ponto G» da minha companheira para ajudá-la a atingir um orgasmo mais recompensador, montar um aquário, criar míscaros ou construir um tanque Sherman em casa, sim, existe toda uma vasta bibliografia. Para casar, nem um folheto. Nem um «dépliant». Nada. Nem um autocolante. Para apanhar SIDA sei exactamente o que devo fazer. Para apanhar a minha noiva não faço a mais pequena ideia.
Porque é que o Ministério da Juventude, em vez de esbanjar fortunas com iniciativas patetas (como aquela piroseira fascistóide dos Descobrimentos) e anúncios ridículos (como aqueles «Ya meu,
Lembrai-vos de trazer sempre convosco um pequeno Evangelho, no bolso, na mala, na mochila, sempre. No Capítulo 5 de Mateus estão as Bem-Aventuranças- Lede-as todos os dias, para não as esquecer, porque é a Lei que nos dá Jesus!
O cristão é um homem espiritual, e isto não quer dizer que seja uma pessoa que vive «nas nuvens», fora da realidade, como se fosse um fantasma. O cristão é uma pessoa que pensa e age na vida do dia a dia segundo Deus. E isto significa realismo e fecundidade.
Sou um cristão «aos soluços» ou sou sempre um cristão? A cultura do provisório, do relativo, também entra na vivência da fé. Deus pede-nos que Lhe sejamos fiéis todos os dias, nos atos do dia a dia, e acrescenta que, mesmo que às vezes não Lhe sejamos fiéis, Ele é sempre fiel.