Demasiada Loucura é o Mais Divino Juízo
Demasiada Loucura é o mais divino Juízo –
Para um Olhar criterioso –
Demasiado Juízo – a mais severa Loucura –
É a Maioria que
Nisto, como em Tudo, prevalece –
Consente – e és são –
Objecta – és perigoso de imediato –
E acorrentado –Tradução de Nuno Júdice
Passagens sobre Juízo
253 resultadosSubtilezas Enganadoras
Há subtilezas frívolas por meio das quais, algumas vezes, os homens procuram alcançar reputação: é o caso dos poetas que fazem inteiras obras começando cada verso por uma letra. Similarmente vemos ovos, bolas, asas e machados formados por poetas gregos da Antiguidade com a medida dos seus versos, ora alongados ora encurtados de maneira a virem a representar esta ou aquela figura.
(…) É um maravilhoso testemunho da fraqueza do nosso juízo que ele dê preço às coisas pela raridade ou pela novidade, ou ainda pela dificuldade, quando a estas não se juntam a bondade e a utilidade.
A Diferença entre Ficção e Crença
Não há nada mais livre do que a imaginação humana; embora não possa ultrapassar o stock primitivo de ideias fornecidas pelos sentidos externos e internos, ela tem poder ilimitado para misturar, combinar, separar e dividir estas ideias em todas as variedades da ficção e da fantasia imaginativa e novelesca. Ela pode inventar uma série de eventos com toda a aparência de realidade, pode atribuir-lhes um tempo e um lugar particulares, concebê-los como existentes e descrevê-los com todos os pormenores que correspondem a um facto histórico, no qual ela acredita com a máxima certeza. Em que consiste, pois, a diferença entre tal ficção e a crença?
Ela não se localiza simplesmente numa ideia particular anexada a uma concepção que obtém o nosso assentimento, e que não se encontra em nenhuma ficção conhecida. Pois, como o espírito tem autoridade sobre todas as suas ideias, poderia voluntariamente anexar esta ideia particular a uma ficção e, por conseguinte, seria capaz de acreditar no que lhe agradasse, embora se opondo a tudo que encontramos na experiência diária. Podemos, quando pensamos, juntar a cabeça de um homem ao corpo de um cavalo, mas não está em nosso poder acreditar que semelhante animal tenha alguma vez existido.
Regras para a Conversação
– Da minha parte, disse Amithone, confesso que gostaria muito que existissem regras para a conversação, assim como há para muitas outras coisas. – A regra principal, retomou Valérie, é jamais dizer alguma coisa que fira o juízo. – Mas ainda, acrescentou Nicanor, desejaria saber mais precisamente como vós concebeis que deva ser a conversação. – Concebo, retomou ela, que no falar em geral, ela deva versar com mais frequência sobre coisas comuns e galantes do que sobre grandes coisas.
Mas concebo, entretanto, que não há nada que não possa caber ali; que ela deve ser livre e diversificada, segundo os momentos, os lugares, e as pessoas com quem se está; e que o segredo é falar sempre nobremente das coisas baixas, e bastante simplesmente das coisas elevadas, e muito galantemente das coisas galantes, sem ansiedade, e sem afectação. Assim, embora a conversação deva ser sempre igualmente natural e ponderada, não deixo de dizer que há ocasiões nas quais mesmo as ciências podem entrar de bom grado ali e nas quais os agradáveis desatinos também podem encontrar o seu lugar, contanto que sejam engenhosos, modestos e galantes. De modo que, para falar ponderadamente, pode-se assegurar, sem mentira, que não há nada que não se possa dizer na conversação,
Da Conversa
Há quem, na conversa, prefira mostrar espírito brilhante, e ser capaz de sustentar todos os argumentos, a exercer o juízo no discernimento da verdade, como se houvesse maior mérito em saber o que pode ser dito, do que em conhecer o que deve ser pensado, alguns têm certos lugares comuns e certos temas em que se mostram bons conversadores, mas são falhos na variedade; esta espécie de indigência é quase sempre aborrecida, e de vez em quando ridícula; a parte mais honrosa do colóquio consiste em dar ocasião a novo tema, e também em moderar ou acelerar a transição para assunto diferente; é bom variar, mesclando o assunto de que se está a conversar com argumentos, narrativas com discussões, perguntas com respostas, jocosidades com seriedades; há, porém, assuntos que não permitem brincadeira, nomeadamente a religião, os negócios do Estado, as altas personalidades, todas as questões de importância para as pessoas presentes, enfim, todos os casos dignos de dó.
Aquele que muito interrogar muito aprenderá também, muito contentará também, especialmente se adaptar as suas perguntas aos conhecimentos daqueles que lhe podem responder, pois assim lhes dará ocasião de se comprazerem a falar, e ele próprio continuará a ganhar conhecimentos; se por vezes fingirdes ignorar o que consta que sabeis,
Julgando-se a si mesmo, o suicida torna desnecessário o Juízo Final.
Eu gostaria de viver num mundo constituído exclusivamente por mulheres. Queria que as mulheres governassem, dessem ordens aos homens, mandassem, impusessem a sensibilidade delas aos problemas do mundo. Não haveria tantos desmandos nem tantas guerras. As artes floresceriam. As mulheres têm mais juízo. Os homens são sonhadores e malucos. As mulheres são Benazhir Bhutto. Os homens são Saddam Hussein.
Visitar e Ser Visitado
Parece-me quase natural o facto de vermos muitos defeitos nas nossas visitas e de fazermos juízos pouco agradáveis mal elas saem. Porque temos, digamos assim, o direito de as avaliar segundo os nossos padrões e, em tais situações, mesmo as pessoas compreensivas e moderadas dificilmente se abstêm de fazer uma crítica rigorosa.
Pelo contrário, quando se foi a casa de alguém e se viu essa pessoa no seu ambiente, no meio daquilo que lhe é habitual, numa situação que não pode ser outra, quando se viu como essas circunstâncias influem na pessoa ou como ela se lhes adapta, só por má vontade ou por manifesta incompreensão se pode ridicularizar aquilo que, enquanto lá estávamos, não pôde deixar de nos parecer, por mais que uma razão, digno de ser respeitado.
Entendimento Influenciado pela Vontade
Na ciência de julgar, alguma vez é desculpável o erro do entendimento, o da vontade nunca; como se o entender mal não fosse crime, erro sim; ou como se houvesse uma grande diferença entre o erro, e o crime: o entendimento pode errar, porém só a vontade pode delinquir. Assim se desculpam comummente os julgadores, mas é porque não vêem, que o que dizem que procedeu do entendimento, se bem se ponderar, procedeu unicamente da vontade. É um parto suposto, cuja origem, não é aquela que se dá. Querem os sábios enobrecer o erro, com o fazer vir do entendimento, e com lhe encobrir o vício que trouxe da vontade; mas quem é que deixa de ver, que o nosso entendimento quási sempre se sujeita ao que nós queremos; e que o seu maior empenho, é servir à nossa inclinação; por isso raras vezes se opõe, e o mais em que se ocupa, é em conformar-se de tal sorte ao nosso gosto, que ainda a nós mesmos fique parecendo, que foi resolução do entendimento aquilo que não foi senão acto da vontade.
O entendimento é a parte que temos em nós mais lisonjeira; daqui vem que nem sempre segue a razão,
Não te Deixes Ludibriar pela Opinião
Considera que não são as acções dos outros que nos perturbam, pois que pertencem ao domínio das suas vontades, mas a opinião que sobre ela formamos. Suprime-a, pois: trata de anular o juízo que te deixa indignado e a tua cólera se desvanecerá. Como suprimi-la? Meditando em que não há nisso nada de vergonhoso para ti, porquanto se houvesse outra coisa, além do mal moral, que fosse vergonhosa, tu também cometerias necessariamente muitas faltas; tu te tornarias um bandido, de qualquer maneira.
A economia, que é uma virtude, é uma necessidade na pobreza, um acto de juízo na mediania, e na opulência um vício.
As mulheres perdem o juízo de preferência às palavras.
À primeira vista, não existe nada de caracteristicamente humano nas emoções, uma vez que é bem claro que os animais também têm emoções. No entanto, há qualquer coisa de muito característico no modo como as emoções estão ligadas às ideias, aos valores, aos princípios e aos juízos complexos que só os seres humanos podem ter, sendo nessa ligação que reside a nossa ideia bem legítima de que a emoção humana é especial. A emoção humana não se reduz ao prazer sexual ou ao pavor de répteis. Tem a ver, igualmente, com o horror de testemunhar o sofrimento e com a satisfação de ver cumprida a justiça.
Acredita no Teu Próprio Pensamento
Acredita no teu próprio pensamento; crer que o que é certo para ti, no teu coração, o é também para todos os homens – isso é o génio. Expressa a tua convicção latente e ela será o juízo universal; pois sempre o mais íntimo se converte no mais externo, e o nosso primeiro pensamento é-nos devolvido pelas trombetas do Juízo Final. A voz da mente é familiar a cada um; o maior mérito que atribuímos a Moisés, Platão e Milton é o de terem reduzido a nada livros e tradições, e dito o que pensavam eles próprios, não o que pensavam os homens. Um homem deveria aprender a distinguir e contemplar esse raio de luz que brilha através da sua mente, vindo do interior, melhor do que o brilho do firmamento de bardos e sábios. E, no entanto, expulsa o seu pensamento, sem lhe dar importância, apenas porque é o seu.
Em toda a obra de génio, reconhecemos os nossos próprios pensamentos rejeitados; são-nos devolvidos com uma certa majestade alienada. As grandes obras de arte não nos oferecem lição mais impressionante do que essa. Elas ensinam-nos a aceitar, com bem humorada inflexibilidade, as nossas impressões espontâneas, especialmente quando todo o clamor das vozes esteja do lado oposto.
Se quereis formar juízo acerca de um homem, observai quem são os seus amigos.
Aprender a Ver
Aprender a ver – habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam. Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno,
A Necessidade de Juízos de Valor
Qualquer que seja a sua situação, um homem tem necessidade de juízos de valor, mercê dos quais justifica – aos seus próprios olhos, e sobretudo aos dos que o cercam – os seus actos, as suas intenções e os seus estados; melhor dizendo: a maneira de se glorificar a si próprio.
Toda a moral natural exprime a satisfação que uma certa espécie de homens experimenta. Mas, tendo nós necessidade de elogios, também a temos de uma tábua concordante de valores, na qual os nossos actos mais fáceis figurem como os que exprimem a nossa verdadeira força e sejam os de mais elevada estima. É naquilo em que somos mais fortes que queremos ser vistos e honrados.
Ser mestre não é de modo algum um emprego e a sua actividade se não pode aferir pelos métodos correntes; ganhar a vida é no professor um acréscimo e não o alvo; e o que importa, no seu juízo final, não é a ideia que fazem dele os homens do tempo; o que verdadeiramente há-de pesar na balança é a pedra que lançou para os alicerces do futuro.
Os Velhos
Todos nasceram velhos — desconfio.
Em casas mais velhas que a velhice,
em ruas que existiram sempre — sempre
assim como estão hoje
e não deixarão nunca de estar:
soturnas e paradas e indeléveis
mesmo no desmoronar do Juízo Final.
Os mais velhos têm 100, 200 anos
e lá se perde a conta.
Os mais novos dos novos,
não menos de 50 — enorm’idade.
Nenhum olha para mim.
A velhice o proíbe. Quem autorizou
existirem meninos neste largo municipal?
Quem infrigiu a lei da eternidade
que não permite recomeçar a vida?
Ignoram-me. Não sou. Tenho vontade
de ser também um velho desde sempre.
Assim conversarão
comigo sobre coisas
seladas em cofre de subentendidos
a conversa infindável de monossílabos, resmungos,
tosse conclusiva.
Nem me vêem passar. Não me dão confiança.
Confiança! Confiança!
Dádiva impensável
nos semblantes fechados,
nos felpudos redingotes,
nos chapéus autoritários,
nas barbas de milénios.
Sigo, seco e só, atravessando
a floresta de velhos.
Se não quer ser conhecido, deponha o juízo.