Emma Woodhouse, bonita, inteligente e rica, com uma casa confortável e bem localizada, parecia reunir as melhores bênçãos sobre a sua existência e vivera até perto dos vinte e um anos em ambiente no qual havia pouquíssima aflição ou preocupação.
Passagens sobre Perto
340 resultadosMensagem – Mar Português
MAR PORTUGUÊS
Possessio Maris
I. O Infante
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!II. Horizonte
Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
’Splendia sobre as naus da iniciação.Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves,
Este dever inevitável de me observar a mim mesmo: se outra pessoa me estiver a observar, é natural que eu também tenha de me observar; se ninguém o faz, observo-me ainda mais de perto.
Os grandes prazeres tocam, de perto, as grandes dores.
A exigência mata o amor. A necessidade imensa que tens de companhia, de estar ao pé, de ternura, de já, de saber de ir perto do mais perto, de envolver o amor, de dares personalidade na loucura, essa necessidade mata o amor, estrangula, a liberdade é amor que rouba o livre amor, é tão bom que deita por fora, escalda.
Passado não é Cronologia
O passado é um labirinto e estamos nele, um passado não tem cronologia senão para os outros, os que lhe são estranhos. Mas o nosso passado somos nós integrados nele ou ele em nós. Não há nele antes e depois, mas o mais perto e o mais longe. E o mais perto e o mais longe não se lê no calendário, mas dentro de nós.
Olhando de perto, um sonho não é uma coisa sem perigo. É como uma pistola com dois gatilhos. Se vive muito tempo acaba por ferir alguém.
A Amiga Deixada
Antiga
cantiga
da amiga
deixada.Musgo da piscina,
de uma água tão fina,
sobre a qual se inclina
a lua exilada.Antiga
cantiga
da amiga
chamada.Chegara tão perto!
Mas tinha, decerto,
seu rosto encoberto…
Cantava — mais nada.Antiga
cantiga
da amiga
chegada.Pérola caída
na praia da vida:
primeiro, perdida
e depois — quebrada.Antiga
cantiga
da amiga
calada.Partiu como vinha,
leve, alta, sozinha,
— giro de andorinha
na mão da alvorada.Antiga
cantiga
da amiga
deixada.
A desgraça do homem é falar fino, esmorecer, brigar com a mulher e ficar perto.
Quantas vezes, em sonho, as asas da saudade Solto para onde estás, e fico de ti perto! Como, depois do sonho, é triste a realidade! Como tudo, sem ti, fica depois deserto! Trecho- O Sonho
Tudo é fantasia, a família, o escritório, os amigos, a rua, tudo fantasia, mais longe ou mais perto, a mulher; mas a verdade que está mais perto é só esta, é bater com a cabeça na parede de uma cela sem janelas e sem portas.
E apesar da hostilidade entre ambos se tornar gradativamente mais intensa, como mãos que estão perto e não se dão, eles não podiam se impedir de se procurar.
Supremo Anseio
Esta profunda e intérmina esperança
Na qual eu tenho o espírito seguro,
A tão profunda imensidade avança
Como é profunda a idéia do futuro.Abre-se em mim esse clarão, mais puro
Que o céu preclaro em matinal bonança:
Esse clarão, em que eu melhor fulguro,
Em que esta vida uma outra vida alcança.Sim! Inda espero que no fim da estrada
Desta existência de ilusões cravada
Eu veja sempre refulgir bem pertoEsse clarão esplendoroso e louro
Do amor de mãe — que é como um fruto de ouro,
Da alma de um filho no eternal deserto.
Lisboa perto e longe
Lisboa chora dentro de Lisboa
Lisboa tem palácios sentinelas.
E fecham-se janelas quando voa
nas praças de Lisboa – branca e rota
a blusa de seu povo – essa gaivota.Lisboa tem casernas catedrais
museus cadeias donos muito velhos
palavras de joelhos tribunais.
Parada sobre o cais olhando as águas
Lisboa é triste assim cheia de mágoas.Lisboa tem o sol crucificado
nas armas que em Lisboa estão voltadas
contra as mãos desarmadas – povo armado
de vento revoltado violas astros
– meu povo que ninguém verá de rastos.Lisboa tem o Tejo tem veleiros
e dentro das prisões tem velas rios
dentro das mãos navios prisioneiros
ai olhos marinheiros – mar aberto
– com Lisboa tão longe em Lisboa tão perto.Lisba é uma palavra dolorosa
Lisboa são seis letras proibidas
seis gaivotas feridas rosa a rosa
Lisboa a desditosa desfolhada
palavra por palavra espada a espada.Lisboa tem um cravo em cada mão
tem camisas que abril desabotoa
mas em maio Lisboa é uma canção
onde há versos que são cravos vermelhos
Lisboa que ninguem verá de joelhos.
A Inveja só Incide sobre os Vivos
Por mais que vivamos juntos, e nos vejamos sempre, é por um modo como vago, e passageiro: as cousas nem por estarem muito perto se vêem melhor, e os Heróis o que os faz mais visíveis, é a distância, e desproporção dos outros homens em que os põem as suas acções; não só os homens, mas ainda os sucessos, quanto mais longe vão ficando, mais crescem, e nos vão parecendo maiores, até que os vimos a perder de vista, e muitas vezes da memória; porque no tempo também há um ponto de perspectiva, donde como em espelho vão crescendo todos os objectos, e em chegando a um certo termo, desaparecem. As empresas, que hoje vemos, talvez não sejam inferiores às que a tradição refere do tempo do heroísmo; porém têm de menos o estarem próximas a nós, e as outras têm de mais, o valor que recebem de uma antiguidade venerável: aquelas admiramos porque não temos inveja, nem vaidade, que nos preocupe contra os que passaram há muitos séculos; contra os que existem sim, e destes, se sabemos as acções, também sabemos as circunstâncias delas; por isso as desprezamos, porque é rara a empresa heróica, em que não entre algum fim indigno,
Por Todos os Caminhos do Mundo
A minha poesia é assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relógio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mão o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.Na minha vida nem sempre a bússola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre é dia,
com a minha noite que nem sempre é noite
como a alma quer.Não sei caminhos de cor.
É assim tão longínqua a felicidade? No tempo, refiro-me à sua distância no tempo; em termos de perspetiva, não está longe nem perto, a felicidade é algo por que se espera, que se procura, e quando começas a cansar-te de esperar, o dono do local onde marcaste encontro com ela tem pressa em fechar o estabelecimento (espere, espere, não me empurre, por favor, deixe-me acabar esse copo). À tua frente, a porta em direção à qual ele te empurra, e lá fora estende-se a noite que terás de enfrentar sozinho, a escuridão que assusta a criança, e não queres mergulhar nesse negrume.
Também a ‘lei dos remédios’ é falsa. Por isso, ela perderá a sua eficácia quando a Imagem Verdadeira retornar à sua casa (corpo). Porém, mesmo que a Imagem Verdadeira já esteja perto de sua casa, a ‘lei dos remédios’ continuará atuando como se fosse o dono, enquanto o verdadeiro dono não entrar na casa.
Se habitarmos perto de uma estação de comboios, isso muda completamente a nossa vida. Ficamos com a impressão de que estamos de passagem. Nada é definitivo. Num ou noutro dia, acabamos por embarcar num comboio.
As Profecias
(fragmentos)
I
depois de tudo
minha casa permanecerá nos fundosminguantes novos
cidades mortas
ruas desconhecidasbarcos de vento
perdidos sonsfoi lá que brinquei de longe
e perdi-me de mim
foi lá a primeira tosquia
quando me tiraram tudonem o leque
para afugentar a maturação
nem a haste
para defender-me das feras
nem o silêncio
para vestir-me no esquecimentodepois de tudo
minha casa permanecerá nos fundosfoi lá que brinquei de longe
e me perdi de mimII
A flor abre-se em terra
para o forte a ser nosso.Perto estamos
dos rios coagulados
de mel colhido aos tempos.
Perto estamos
da nocturna fé de ser impuro
benvinda das lonjuras.Perto estamos dos infantes campos
junto ao longe tranquilo de viver.
Ouvi, solitárias meninas, solitários meninos:
o vento chão que varre os prados
onde somos horizontais,
afinal.III
Trago a palma na mão, aqui estou,