A MĂĄ ConsciĂȘncia
– Levanta-se sempre muito cedo, sr. Spinell – disse a mulher do sr. Kloterjahn. Por acaso, jĂĄ o vi sair duas ou trĂȘs vezes de casa Ă s sete e meia da manhĂŁ.
– Muito cedo? Oh, Ă© preciso distinguir! Se me levanto cedo Ă© porque, no fundo, gosto de dormir atĂ© tarde.
– Explique-nos como Ă© isso, sr. Spinell
A senhora conselheira Spatz também desejava ser elucidada.
– Ora… se alguĂ©m tem o costume de se levantar cedo, parece-me, em todo o caso, que nĂŁo precisa de ser tĂŁo matinal. A consicĂȘncia, minha senhora, que coisa pĂ©ssima que Ă© a consciĂȘncia! Eu e os meus semelhantes andamos toda a vida Ă s turras com ela, e temos um trabalhĂŁo para a enganarmos de vez em quando e procurar-lhe umas satisfaçÔezinhas estultas. Somos criaturas inĂșteis, eu e os meus semelhantes; fora algumas breves horas satisfatĂłrias, arrastamo-nos na certeza da nossa inutilidade, atĂ© ficarmos a sangrar e doentes. Odiamos o que Ă© Ăștil, sabendo-o vulgar e feio, e defendemos esta verdade como se defendem as verdades absolutamente necessĂĄrias. E, contudo, estamos tĂŁo corroĂdos pela nossa mĂĄ consciĂȘncia que nĂŁo achamos em nĂłs um ponto sĂŁo.
Além disso, a maneira como vivemos interiormente,
Passagens sobre PrudĂȘncia
123 resultadosA PrĂĄtica Fomenta a Vontade
Se desejamos tornar-nos fortes, temos, primeiro, de comprender o que Ă© a vontade. A vontade nĂŁo Ă© nenhuma entidade mĂstica, que presida aos outros elementos do carĂĄcter, qual mestre de banda – sim, a soma, a substĂąncia de todos os nossos impulsos e disposiçÔes. Essa energia formadora do carĂĄcter nĂŁo tem senhor a quem obedeça alĂ©m de si prĂłpria; e Ă© graças a ela que algum poderoso impulso pode vir a dominar e unificar o complexo. Isto forma a «força de vontade» – um supremo desejo que se ergue acima dos mais para arrastĂĄ-los num mesmo sentido ou para uma dada meta. Se nĂŁo descobrimos essa meta nĂŁo alcançaremos a unidade – e seremos simples pedra de que outro homem se utiliza nas suas construçÔes.
Vem daĂ a inutilidade da leitura de livros que apontam as estradas reais do carĂĄcter. Tenho diante de mim um volume de um tal Leland (Londres, 1912), intitulado Tendes a Vontade Forte? ou Como Desenvolver Qualquer Faculdade do EspĂrito pelo FĂĄcil Processo do Auto-Hipnotismo. Existem centenas destas obras-primas ao alcance dos simplĂłrios de todas as cidades. Mas o caminho Ă© mais penoso e longo.
Esse caminho Ă© o caminho da vida. Vontade, isto Ă©,
Os hĂĄbeis oradores, com astĂșcia e prudĂȘncia, sabem converter em elogios os insultos recebidos dos amigos.
PrudĂȘncia Ă© saber distinguir as coisas desejĂĄveis das que convĂ©m evitar.
Saber interpor-se constantemente entre si prĂłprio e as coisas Ă© o mais alto grau de sabedoria e prudĂȘncia.
Cessa a prudĂȘncia onde falta a ciĂȘncia.
Quem faz o homem feliz nĂŁo Ă© o dinheiro: Ă© a retidĂŁo e a prudĂȘncia.
Muita cautela e igual prudĂȘncia devem ter os homens quando lidam com os que enxergam nĂŁo somente as coisas, mas percebem tambĂ©m o que se pensa.
NĂŁo se conhecer a si mesmo revela a prudĂȘncia do idealista: uma pessoa que tem razĂ”es para nĂŁo se ver claramente a si prĂłpria e que Ă© assaz inteligente para nĂŁo esclarecer as suas prĂłprias razĂ”es.
PrudĂȘncia e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguĂ©m.
NĂŁo hĂĄ nada que se possa fazer com pressa e prudĂȘncia em simultĂąneo.
A prudĂȘncia Ă© o olho de todas as virtudes.
Ă o azar, nĂŁo a prudĂȘncia, quem rege a vida.
O Homem Perfeito
A virtude subdivide-se em quatro aspectos: refrear os desejos, dominar o medo, tomar as decisĂ”es adequadas, dar a cada um o que lhe Ă© devido. Concebemos assim as noçÔes de temperança, de coragem, de prudĂȘncia e de justiça, cada qual comportando os seus deveres especĂficos. A partir de quĂȘ, entĂŁo, concebemos nĂłs a virtude? O que no-la revela Ă© a ordem por ela prĂłpria estabelecida, o decoro, a firmeza de princĂpios, a total harmonia de todos os seus actos, a grandeza que a eleva acima de todas as contingĂȘncias. A partir daqui concebemos o ideal de uma vida feliz, fluindo segundo um curso inalterĂĄvel, com total domĂnio sobre si mesma. E como Ă© que este ideal aparece aos nossos olhos? Vou dizer-te.
O homem perfeito, possuidor da virtude, nunca se queixa da fortuna, nunca aceita os acontecimentos de mau humor, pelo contrĂĄrio, convicto de ser um cidadĂŁo do universo, um soldado pronto a tudo, aceita as dificuldades como uma missĂŁo que lhes Ă© confiada. NĂŁo se revolta ante as desgraças como se elas fossem um mal originado pelo azar, mas como uma tarefa de que ele Ă© encarregado. «Suceda o que suceder», â diz ele â «o caso Ă© comigo;
A tentativa de aliar a prudĂȘncia e o poder, foi coisa que sĂł raramente e por pouco tempo teve sucesso.
Começo e Fim
Não basta começar bem, não adianta mediar bem; de pouco servem bons começos e melhores meios, se os fins não se mostram bem sucedidos.
(…) Uma vez começadas, as coisas nĂŁo devem ser esquecidas nem deixadas antes de ser acabadas, pois Ă© sinal de pouca prudĂȘncia começar muitos actos e nĂŁo acabar nenhum.
EstĂĄ nas venerandas cĂŁs a sabedoria, e a prudĂȘncia nos velhos
EstĂĄ nas venerandas cĂŁs a sabedoria, e a prudĂȘncia nos velhos.
PrudĂȘncia, Ă© nĂŁo querer o que se nĂŁo pode haver.
Deve-se temer a velhice, porque ela nunca vem sĂł. Bengalas sĂŁo provas de idade e nĂŁo de prudĂȘncia.
A prudĂȘncia Ă© tida como uma grande virtude. No entanto, nĂŁo nos protege.