A velhice é a paródia da vida.
Passagens sobre Vida
6391 resultadosA Glorificação das Aparências
Não sei o que acontecerá quando formos todos funcionários aureolados pela organização de aparências que acentua a satisfação dos privilégios. A aparência vai tomando conta até da vida privada das pessoas. Não importa ter uma existência nula, desde que se tenha uma aparência de apropriação dos bens de consumo mais altamente valorizados. Há de facto um novo proletariado preparado para passar por emancipação e conquistas do século. As bestas de carga carregam agora com a verdade corrente que é o humanismo em foco — a caricatura do humano e do seu significado.
A Racionalidade como Solução de Todos os Males do Mundo
A racionalidade pode ser definida como o hábito de considerar todos os nossos desejos relevantes, e não apenas aquele que sucede ser o mais forte no momento. (…) A racionalidade completa é, sem dúvida, ideal inatingível; porém, enquanto continuarmos a classificar alguns homens como lunáticos, é claro que achamos uns mais racionais que outros. Acredito que todo o progresso sólido no mundo consiste de um aumento de racionalidade, tanto prática como teórica. Pregar uma moralidade altruística parece-me um tanto inútil, porque só falará aos que já têm desejos altruísticos. Mas pregar racionalidade é um tanto diferente, porque ela nos ajuda, de modo geral, a satisfazer os nossos próprios desejos, quaisquer que sejam. O homem é racional na proporção em que a sua inteligência orienta e controla os seus desejos.
Acredito que o controle dos nossos actos pela inteligência é, afinal, o que mais importa e a única coisa capaz de preservar a possibilidade de vida social, enquanto a ciência expande os meios de que dispomos para nos ferir e destruir. O ensino, a imprensa, a política, a religião – numa palavra, todas as grandes forças do mundo – estão actualmente do lado da irracionalidade; estão nas mãos dos homens que lisonjeiam Populus Rex com o fito de desencaminhá-lo.
Todos nós, sem excepção, passamos a vida à procura do segredo da vida. Pois bem: o segredo da vida reside na arte.
‘Deixa que os mortos sepultem os seus mortos’ – Poucos são os que compreendem o verdadeiro sentido destas palavras de Cristo. Ele não aconselhou a vivificar os mortos; quis dizer o seguinte: ‘Deixa a sombra (o corpo carnal) sepultar-se a si mesma; a morte é própria da sombra. Não vês que atua Imagem Verdadeira (Eu verdadeiro) vive eternamente?’. Bem-aventurados são os que conscientizam o seu Eu eternamente vivo, não se apegando nem à vida nem à morte do corpo carnal.
Nessa terra de gigantes que trocam vidas por diamantes,
A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes
Escapar-se é cobardia; é fugir ao perigo, e o perigo tornou-se tão raro na vida moderna.
Vim pelo caminho difícil, a linha que nunca termina, a linha bate na pedra, a palavra quebra uma esquina, mínima linha vazia, a linha, uma vida inteira, palavra, palavra minha.
A vida se renova na esperança de um dia novo.
Efeitos de Amor
Mal la ausencia sufriendo,
Y menos el furor con passo ciego
Sale Clorinda, ardiendo
De ira, y de amor en duplicado fuego
Por templar de dós llamas, que suspira,
En lagrimas amor, en sangre la ira.
De amor, y acero armada
Con tierno afecto, y animo constante
Conduce a la estacada
En pecho fuerte coraçon amante;
Y en vista hermosa, en aparencia fera
Miente en cuerpo de acero alma de cera.
Su muerte busca anciosa
Culpa de dós amantes, si del hado
Permision rigurosa;
Pues el uno atrevido, otro olvidado,
Engañada una fé, otra mentida,
Mil homicidas son contra una vida.
Con tragico dehuedo
Vengador infelix de tanta llama
Engañado Tancredo
En mentido disfaz mata a su Dama;
Misero triunfo, desdichada palma,
Que a uno cuesta la vida, a otro el alma.
Complice fue del daño,
Quando la amada sangre el hierro beve,
Solamente el engaño
Fue el pecho, aunque la mano aleve;
Pues llora el pecho, si la mano hiere;
Y quando aquella mata, estotro muere.
Mas del riesgo futuro
Mal cuidadoso de Clorinda Argante,
Como Vemos os Outros
Nós temos em toda a vida, especialmente na esfera da comunicação espiritual, o hábito errado de emprestarmos às outras pessoas muito daquilo que nos é próprio, como se tivesse de ser mesmo assim. Mas como elas, além disso, nos mostram também o que têm de si próprias, daí resultam, dado que nós procuramos criar uma unidade com as duas partes, autênticos monstros, semelhantes àqueles que, numa casa com muitos cantos, a luz de uma lanterna produz com uma parte de sombras e uma parte de objectos reais. Não há nenhuma operação mais útil mas, ao mesmo tempo, mais difícil que deduzir da imagem do outro aquilo que inconscientemente lhe foi emprestado. No entanto, só assim fazemos dos outros verdadeiras pessoas – ou, dito de uma forma mais breve: o homem julga compreender os homens quando acrescenta a uma suposta e ilimitada analogia com o seu próprio eu ainda alguma coisa que é contrária a esse eu. É a experiência que leva cada um a poder lidar com pessoas que tem de imaginar, na sua essência, diferentes de si mesmo.
Jardim
Negro jardim onde violas soam
e o mal da vida em ecos se dispersa:
à toa uma canção envolve os ramos
como a estátua indecisa se refleteno lago há longos anos habitado
por peixes, não, matéria putrescível,
mas por pálidas contas de colares
que alguém vai desatando, olhos vazadose mãos oferecidas e mecânicas,
de um vegetal segredo enfeitiçadas,
enquanto outras visões se delineiame logo se enovelam: mascarada,
que sei de sua essência (ou não a tem),
jardim apenas, pétalas, presságio
No ciúme conjugam-se a inveja e o ódio, causando devastações na vida social
No ciúme conjugam-se a inveja e o ódio, causando devastações na vida social.
Minha alma está cansada da minha vida
A Melhor Maneira de Viajar é Sentir
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.Quanto mais eu sinta, quanto mais eu sinta como várias pessoas,
Quanto mais personalidade eu tiver,
Quanto mais intensamente, estridentemente as tiver,
Quanto mais simultaneamente sentir com todas elas,
Quanto mais unificadamente diverso, dispersadamente atento,
Estiver, sentir, viver, for,
Mais possuirei a existência total do universo,
Mais completo serei pelo espaço inteiro fora.
Mais análogo serei a Deus, seja ele quem for,
Porque, seja ele quem for, com certeza que é Tudo,
E fora d’Ele há só Ele, e Tudo para Ele é pouco.Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro soturno.
Sem identidade não se é. E a gente tem que ser, isso é que é importante. Mas a identidade obriga depois à dignidade. Sem identidade não há dignidade, sem dignidade não há identidade, sem estas duas não há liberdade. A liberdade impõe, logo de começo, o respeito pelo próximo. Isto pode explicar um pouco os limites da própria vida.
Assim Choram os Deuses
Os deuses desterrados.
Os irmãos de Saturno,
Às vezes, no crepúsculo
Vêm espreitar a vida.Vêm então ter conosco
Remorsos e saudades
E sentimentos falsos.
É a presença deles,
Deuses que o destroná-los
Tornou espirituais,
De matéria vencida,
Longínqua e inativa.Vêm, inúteis forças,
Solicitar em nós
As dores e os cansaços,
Que nos tiram da mão,
Como a um bêbedo mole,
A taça da alegria.Vêm fazer-nos crer,
Despeitadas ruínas
De primitivas forças,
Que o mundo é mais extenso
Que o que se vê e palpa,
Para que ofendamos
A Júpiter e a Apolo.Assim até à beira
Terrena do horizonte
Hiperion no crepúsculo
Vem chorar pelo carro
Que Apolo lhe roubou.E o poente tem cores
Da dor dum deus longínquo,
E ouve-se soluçar
Para além das esferas…
Assim choram os deuses.
A um homem honesto, que cuida da própria vida e sabe conservar-se no seu lugar, nunca ocorrem maus encontros.
Existe uma classe de pessoas que dá provas e atribui-se o mérito de ser ilustre há muitas gerações, embora permaneça ociosa e inútil. Intitula-se nobreza; e, não menos do que a classe dos sacerdotes, deve ser considerada como um dos maiores obstáculos à vida livre e um dos mais ferozes e permanentes pilares da tirania.
Há pessoas que têm pequenos problemas emocionais que nunca resolvem. A atitude passiva do «eu» arrasta a solução. Não há dois vencedores nas águas da emoção. Ou supera os conflitos emocionais ou eles acabarão por controlá-lo. Todos querem o pódio, mas muitos desprezam a fadiga dos treinos. Todos querem a vitória, mas a grande maioria desiste da labuta. Todos querem ser felizes, mas não treinam as suas emoções. Ninguém pode brilhar em qualquer área da vida se não aprender a percorrer com coragem todas as distâncias necessárias.