O Teu Aniversário
Pediste-me sorrindo, ó minha flor gentil,
Uns versos às tuas vinte alvoradas de Abril.
Vinte anos já!… não creio, estás equivocada…
Enganas-te. Eu irei perguntar à alvorada
Quantas vezes pousou em êxtase, ao de leve,
A sua boca de rosa em tua fronte de neve.
Vinte anos! Podes crer, pomba que eu idolatro,
Que se o corpo fez vinte, a alma, não: fez quatro.
A tua alma nasceu inefável, divina,
Para ser sempre grande e sempre pequenina.
É como a estrela d’alva; enche o seu esplendor
O Mundo, e ela não enche o cálix duma flor!…
Recentes
Gadêa Pelichek Sebastião
Gadêa… Pelichek… Sebastião…
Lobo Alvim… Ah, meus velhos camaradas!
Aonde foram vocês? Onde é que estão
Aquelas nossas ideais noitadas?Fiquei sozinho… Mas não creio, não,
Estejam nossas almas separadas!
Às vezes sinto aqui, nestas calçadas,
O passo amigo de vocês… E entãoNão me constranjo de sentir-me alegre,
De amar a vida assim, por mais que ela nos minta…
E no meu romantismo vagabundoEu sei que nestes céus de Porto Alegre
É para nós que inda S. Pedro pinta
Os mais belos crepúsculos do mundo!…
Comprar é beneficiar a quem está trabalhando. Dar é beneficiar a quem não pode trabalhar. Ambos constituem caminhos de amor.
Crê muito quem nunca mente e confia muito quem nunca engana.
A castanha e o besugo em Fevereiro não tem sumo.
Aos 20 anos, a vontade é soberana; aos 30, o espírito; aos 40, a razão.
A religião consiste em acreditar que tudo aquilo que nos acontece é extraordinariamente importante. Nunca poderá desaparecer do mundo, justamente por essa razão.
A tristeza pura é tão impossível como a alegria pura.
Os anos aproximam-se silenciosamente.
Quanto mais elevado é o espírito mais ele sofre.
O preconceito é filho da ignorância.
Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade.
Renúncia
Quero-te muito, muito – o nosso amor
é belo, bem o sei, mas não o mereço…
– da incerteza em que vivo não me esqueço,
– só da renúncia eu devo pois dispor…Não passo de um ousado sonhador
nascido na pobreza – reconheço
que a riqueza dos versos não tem preço:
– o destino de um poeta é enganador…Dividir meu viver, eu, pois, não quero…
Poderás amanhã vir maldizer
este amor que é a ilusão que mais venero…Esquece… Esquece os sonhos que eu desfiz…
-Para o teu bem tu deves me esquecer
já que não posso te fazer feliz!…
Se temos uma biblioteca e um jardim temos tudo.
Existir não é pensar: é ser lembrado.
E se tudo que conhecemos for uma ilusão, e nada existe de verdade? Nesse caso, acho que paguei demais pelo tapete da sala.
Se tudo fosse claro, tudo nos pareceria inútil.
O erro maior do governo é não fazer nada quando descobre que só pode fazer pouco.
A mentira revela alma vil, espírito apoucado e carácter viciado.
O maior enganado é aquele que engana a si próprio.