Este acordo com a troika é uma perda de soberania imensa? Oh, sim, sem dúvida. Mas, quando se perdeu a vergonha, perder o orgulho é apenas uma consequência.
Passagens sobre Acordo
260 resultadosA Disposição da Razão
Não são apenas as febres, as beberagens e os grandes infortúnios que abatem o nosso julgamento; as menores coisas do mundo o transtornam. E não se deve duvidar, ainda que não o sentíssemos, que, se a febre contínua pode arrasar a nossa alma, a terçã também lhe cause alguma alteração de acordo com o seu ritmo e proporção. Se a apoplexia entorpece e extingue totalmente a visão da nossa inteligência, não se deve duvidar que a coriza a ofusque; e consequentemente mal podemos encontrar uma única hora da vida em que o nosso julgamento esteja na sua devida disposição, estando o nosso corpo sujeito a tantas mutações contínuas e guarnecido de tantos tipos de recursos que (acredito nos médicos) é muito difícil que não haja sempre algum deles andando torto.
De resto, essa doença não se revela tão facilmente se não for totalmente extrema e irremediável, pois a razão segue sempre em frente, mesmo torta, mesmo manca, mesmo desancada, tanto com a mentira como com a verdade. Assim, é difícil descobrir-lhe o erro e o desarranjo. Chamo sempre de razão essa aparência de raciocínio que cada qual forja em si – essa razão por cuja condição pode haver cem raciocínios contrários em torno de um mesmo assunto,
A Natureza das Palavras
As palavras são parte da imaginação, isto é, tal como fingimos muitos conceitos na medida em que, vagamente, por alguma disposição do corpo, são compostos na memória, não se deve duvidar de que também as palavras, como a imaginação, podem ser a causa de muitos e grandes erros, se com elas não tivermos muita precaução. Acrescente-se que são formadas de acordo com o arbítrio e a compreensão do vulgo, de modo que não são senão sinais das coisas como se acham na imaginação, mas não como estão no intelecto.
O que claramente se vê pelo facto de que a todas as coisas que estão só no intelecto e não na imaginação puseram muitas vezes nomes negativos, como sejam, incorpóreo, infinito, etc., e também muitas coisas que são realmente afirmativas exprimem negativamente, e vice-versa, como são incriado, independente, infinito, imortal, etc., porque, sem dúvida, muito mais facilmente imaginamos o contrário disso, motivo pelo qual ocorreram antes aos primeiros homens e usaram nomes positivos. Muitas coisas afirmamos e negamos porque a natureza das palavras leva a afirmá-lo ou negá-lo, mas não a natureza das coisas; por isso, ignorando-a, facilmente tomaríamos algo falso por verdadeiro.
Vim ao mundo para não estar de acordo.
O Universal Opõe-se a Qualquer Época
É admissível que o génio não seja apreciado na sua época porque a ela se opõe; mas pode-se perguntar por que razão é apreciado nas épocas vindouras. O universal opõe-se a qualquer época, pois as características desta são necessariamente particulares; porque será então que o génio, que se ocupa de valores universais e permanentes, é mais favoravelmente recebido por uma época do que por outra?
A razão é simples. Cada época resulta da crítica da época precedente e dos princípios subjacentes à vida civilizacional da mesma. Enquanto que um só princípio está subjacente, ou parece estar subjacente, a cada época, as críticas desse princípio único são variadas, tendo apenas em comum o facto de se ocuparem da mesma coisa. Ao opor-se à sua época, o homem de génio critica-a implicitamente, integrando-se implicitamente numa ou noutra das correntes críticas da época seguinte.
Ele próprio pode produzir uma ou outra dessas correntes, como Wordsworth; pode não produzir nenhuma, como Blake, e contudo viver de acordo com uma atitude paralela à sua, surgida naquela época sem ser por um discipulado propriamente dito.
Quanto mais universal é o génio, mais facilmente será aceite pela época imediatamente a seguir, pois mais profunda será a crítica implícita da sua própria época.
Toda a Aproximação é um Conflito
Que somos todos diferentes, é um axioma da nossa naturalidade. Só nos parecemos de longe, na proporção, portanto, em que não somos nós. A vida é, por isso, para os indefinidos; só podem conviver os que que nunca se definem, e são, um e outro, ninguéns.
Cada um de nós é dois, e quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo. O homem que sonha em cada homem que age, se tantas vezes se malquista com o homem que age, como não se malquistará com o homem que age e o homem que sonha no Outro?
Somos forças porque somos vidas. Cada um de nós tende para si próprio com escala pelos outros. Se temos por nós mesmos o respeito de nos acharmos interessantes (…) Toda a aproximação é um conflito. O outro é sempre o obstáculo para quem procura. Só quem não procura é feliz; porque só quem não busca, encontra, visto que quem não procura já tem, e já ter, seja o que for, é ser feliz, como não pensar é a parte melhor de ser rico.
Olho para ti, dentro de mim, noiva suposta,
Eleve os Seus Padrões
Sempre que queira realmente fazer uma mudança, a primeira coisa que deve fazer é elevar os seus padrões. Quando as pessoas me perguntam o que realmente mudou a minha vida há oito anos, eu digo-lhes que a coisa mais importante foi mudar o que exigia de mim mesmo. Tomei nota de todas as coisas que já não queria aceitar na minha vida, de todas as coisas que eu já não toleraria, e de todas as coisas que eu aspirava a ser.
Pense nas consequências de longo alcance postas em movimento por homens e mulheres que elevaram os seus padrões e agiram de acordo com eles, decidindo que não tolerariam menos. A história narra os exemplos inspiradores de pessoas como Leonardo da Vinci, Abraham Lincoln, Helen Keller, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Jr., Rosa Parks, Albert Einstein, César Chávez, Soichiro Honda, e muitos outros que deram o passo magnificamente poderoso de elevar os seus padrões. O mesmo poder que estava ao dispor deles está ao seu dispor, se tiver a coragem de o reivindicar. Mudar uma organização, uma empresa, um país – ou um mundo – começa com o simples passo de você próprio mudar.
Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos
Acredito hoje que estou agindo de acordo com o Criador Todo-Poderoso. Ao repelir os judeus estou lutando pelo trabalho do Senhor.
Não estou de acordo com o que você diz, mas lutarei até o fim para que você tenha o direito de dizê-lo
Literatura Libertadora
A literatura é um processo de libertação e, por conseguinte, aspira à liberdade. Quer dizer que o seu ponto de partida é uma recusa aos constrangimentos. Quer dizer, ainda, que os constrangimentos estão na sua génese ou no desencadear da sua explosão, como tem sido proclamado por tantos criadores.
Homem livre, pois, o escritor – ou que visceralmente deseja sê-lo. Tão livre, ou tão necessitado de o ser, que nem sequer pode estar de acordo com certas situações para que ardorosamente contribuiu: seja numa sociedade burguesa, seja numa sociedade proletária, ele sempre encontrará razões para a sua insubmissão e para o seu inconformismo, mesmo se, muitas vezes, se trate de uma contestação inconsciente.
O Mundo não se fez para pensarmos nele, mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…
A conquista pode ser repleta de mal ou bem para a humanidade, de acordo com o valor comparativo entre o povo que conquistou e o conquistado.
Não pretendemos ser o partido dos trabalhadores, pois entendemos que os trabalhadores não são monopólio de ninguém, e que lhes compete escolher livremente de entre os partidos, de acordo com os programas respectivos.
A Honra e a Vergonha
A raiz e a origem dos sentimentos de honra e vergonha, inerentes a todo o homem que não é totalmente corrompido, e o supremo valor atribuído ao primeiro reside no que vem a seguir. O homem, por si só, consegue muito pouco e é um Robinson abandonado: apenas em comunidade com os outros ele é e consegue muito. Ele dá-se conta de tal situação a partir do momento em que a sua consciência começa, de algum modo, a desenvolver-se, e logo que nasce nele a aspiração por ser considerado um membro útil da sociedade, portanto, alguém capaz de cooperar como homem pleno e, por conseguinte, tendo o direito de participar das vantagens da comunidade humana. Ele consegue-o realizando, em primeiro lugar, aquilo que se exige e espera em geral de cada um, depois, realizando aquilo que se exige e espera dele na posição especial que ocupa. Mas logo ele reconhece que, nesse caso, o importante não é o que ele representa na sua própria opinião, mas na opinião dos outros.
Por conseguinte, tal é a origem da sua aspiração zelosa pela opinião favorável de outrem, e assim também surge o valor supremo nela depositado. Esses dois elementos aparecem na espontaneidade de um sentimento inato,
Apavorado acordo, em treva o luar é como o espectro do meu sonho em mim e sem destino, e louco, sou o mar patético, sonâmbulo e sem fim
Contentamento por Via da Ambição Moderada
Um sério obstáculo ao contentamento é a nossa falência em moderar a ambição, como um navegante riza as suas velas, de acordo com a energia disponível. As nossas expectativas são exageradas, e quando não alcançamos o esperado, culpamos a fortuna e o destino, em vez de culpar a nossa própria insensatez. Não é a má sorte que impede alguém de flechar com arado ou caçar coelhos com boi; não é uma deidade maligna que nos obsta a que peguemos veados ou ursos com vara de pescar; tentar o impossível é estupidez e tolice. O culpado é o egotismo, que impele os homens a ansiarem pela primazia e pela vitória em todos os campos, e a nutrirem o irreprimível desejo de se apoderar de todas as coisas. Eles não apenas reivindicam o direito de serem, a um tempo, ricos, amigos de reis e governantes de uma cidade, como se sentem frustrados se não possuem cães de raça, cavalos de puro-sangue, codormnizes e galos de escol.
A Esterilidade do Quotidiano
Rara será a existência que actualmente se não deixe balouçar ao sabor das correntes, cada hora impelida a um rumo diferente pela última notícia que se leu ou pela última conversa que se teve. Sem fim a que aponte, a alma da maioria dos homens flutua na vida com a fraca vontade e a gelatinosa consistência das medusas; um dia se sucede a outro dia sem que o viver represente uma conquista, sem que a manhã que renasce seja uma criação do nosso próprio espírito e não o fenómeno exterior que passivamente se aceita e que por hábito nos impele a um determinado número de acções; desfez-se a crença em que o mundo é formado pelo homem, em que o reino de Deus terá de ser obtido, não como uma dádiva dependente do arbítrio de um ente superior, mas como a paciente, firme, contínua construção dos seus futuros habitantes. Daí a facilidade das entregas aos que ainda aparecem com dedos de escultor, daí os desânimos e as indiferenças, daí o supor-se que apenas surgimos no mundo para nos garantirmos, diariamente, um almoço, um jantar e uma casa; perdem-se as almas nas tarefas inferiores do existir, nenhuma grande aspiração de beleza,
A Falsa Glória
À glória que surge rapidamente, deve-se acrescentar também a falsa, ou melhor, a glória artificialmente produzida de uma obra, seja por louvor indevido, bons amigos, críticos corrompidos, indicações de superiores e acordos entre inferiores ou pela correctamente suposta incapacidade das massas de julgar. Assemelha-se às bóias, com as quais um corpo pesado consegue flutuar na água. Elas carregam-no por mais ou menos tempo, conforme estejam bem cheias e vedadas. No entanto, de qualquer modo o ar vai saindp a pouco a pouco e o corpo acaba por se afundar.
Não estou de acordo com aquilo que dizeis, mas lutarei até ao fim para que vos seja possível dizê-lo.