Passagens sobre CompetĂȘncia

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A Doença da Disciplina

Das feiçÔes de alma que caracterizam o povo portuguĂȘs, a mais irritante Ă©, sem dĂșvida, o seu excesso de disciplina. Somos o povo disciplinado por excelĂȘncia. Levamos a disciplina social Ă quele ponto de excesso em que cousa nenhuma, por boa que seja — e eu nĂŁo creio que a disciplina seja boa — por força que hĂĄ-de ser prejudicial.
TĂŁo regrada, regular e organizada Ă© a vida social portuguesa que mais parece que somos um exĂ©rcito de que uma nação de gente com existĂȘncias individuais. Nunca o portuguĂȘs tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo, pensa sempre em grupo. EstĂĄ sempre Ă  espera dos outros para tudo. E quando, por um milagre de desnacionalização temporĂĄria, pratica a traição Ă  PĂĄtria de ter um gesto, um pensamento, ou um sentimento independente, a sua audĂĄcia nunca Ă© completa, porque nĂŁo tira os olhos dos outros, nem a sua atenção da sua crĂ­tica.
Parecemo-nos muito com os alemĂŁes. Como eles, agimos sempre em grupo, e cada um do grupo porque os outros agem.
Por isso aqui, como na Alemanha, nunca Ă© possĂ­vel determinar responsabilidades; elas sĂŁo sempre da sexta pessoa num caso onde sĂł agiram cinco.

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As mais soberanas funçÔes do poder nĂŁo gozam da sua soberania senĂŁo nos limites da competĂȘncia em que as leis a circunscreveram. Excedida a competĂȘncia, para logo cessa o benefĂ­cio da soberania o carĂĄter de autoridade juridicamente insindicĂĄvel dos atos polĂ­ticos do governo.

NĂŁo te queixes da dificuldade de conseguir emprego. NĂŁo temas, mesmo que haja dez, cem ou mil candidatos para uma vaga. O fator decisivo para a escolha do candidato nem sempre Ă© a excepcional competĂȘncia. Para a execução dos serviços de uma empresa, nĂŁo Ă© preciso ser um gĂȘnio. O segredo para conseguir um emprego estĂĄ na ‘atmosfera pessoal’ do candidato.

A Moral, para o Bem e para o Mal

Os sentimentos morais nĂŁo sĂŁo inatos, mas adquiridos, mas tal nĂŁo significa que nĂŁo sĂŁo naturais, pois Ă© natural para o homem, falar, raciocinar, construir cidades, cultivar a terra, apesar destas competĂȘncias serem faculdades que sĂŁo adquiridas. Os sentimentos morais, na realidade, nĂŁo fazem parte da nossa natureza, se entendermos por tal que deviam estar presentes em todos nĂłs, num grau apreciĂĄvel, realidade que indubitavelmente Ă© um facto muito lamentĂĄvel, reconhecido atĂ© pelos que mais veentemente acreditam na origem transcendente destes sentimentos. No entanto, tal como as outras faculdades referidas, a faculdade moral, nĂŁo fazendo embora parte da nossa natureza, vai-se desenvolvendo naturalmente; tal como as outras, pode nascer espontaneamente e, apesar de muito frĂĄgil, no inĂ­cio, Ă© capaz de atingir, por influĂȘncia da cultura, um grau elevado de desenvolvimento. Infelizmente, tambĂ©m, mas recorrendo, tanto quanto Ă© necessĂĄrio, Ă s sançÔes externas, e aproveitando a influĂȘncia das primeiras impressĂ”es, ela pode ser desenvolvida em qualquer direcção, ou quase, a ponto de nĂŁo haver ideia, por mais absurda e perigosa que possa ser, que nĂŁo se consiga impor ao espĂ­rito humano, conferindo-lhe, pelo jogo dessas influĂȘncias, toda a autoridade da consciĂȘncia.

As Saudades que Sinto de Ti

Meu Bebé, meu Bebezinho querido:

Sem saber quando te entregarei esta carta, estou escrevendo em casa, hoje, domingo, depois de acabar de arrumar as coisas para a mudança de amanhĂŁ de manhĂŁ. Estou outra vez mal da garganta; estĂĄ um dia de chuva; estou longe de ti — e Ă© isto tudo o que tenho para me entreter hoje, com a perspectiva da maçada da mudança amanhĂŁ, com chuva talvez e comigo doente, para uma casa onde nĂŁo estĂĄ absolutamente ninguĂ©m. Naturalmente (a nĂŁo ser que esteja jĂĄ inteiramente bom e arranje as coisas de qualquer modo, o que faço Ă© ir pedir guarida cĂĄ na Baixa ao Marianno Sant’Anna, que, alĂ©m de ma dar de bom grado, me trata da garganta com competĂȘncia, como fez no dia 19 deste mĂȘs quando eu tive a outra angina.

NĂŁo imaginas as saudades de ti que sinto nestas ocasiĂ”es de doença, de abatimento e de tristeza. O outro dia, quando falei contigo a propĂłsito de eu estar doente, pareceu-me (e creio que com razĂŁo) que o assunto te aborrecia, que pouco te importavas com isso. Eu compreendo bem que, estando tu de saĂșde, pouco te rales com o que os outros sofrem,

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