Passagens sobre Escravos

250 resultados
Frases sobre escravos, poemas sobre escravos e outras passagens sobre escravos para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

A Sesta De Nero

Fulge de luz banhado, esplêndido e suntuoso,
O palácio imperial de pórfiro luzente
E mármor da Lacônia. O teto caprichoso
Mostra, em prata incrustado, o nácar do Oriente.

Nero no toro ebúrneo estende-se indolente…
Gemas em profusão do estrágulo custoso
De ouro bordado vêem-se. O olhar deslumbra, ardente,
Da púrpura da Trácia o brilho esplendoroso.

Formosa ancila canta. A aurilavrada lira
Em suas mãos soluça. Os ares perfumando,
Arde a mirra da Arábia em recendente pira.

Formas quebram, dançando, escravas em coréia.
E Nero dorme e sonha, a fronte reclinando
Nos alvos seios nus da lúbrica Popéia.

Meu Ser Evaporei na Luta Insana

Meu ser evaporei na luta insana
Do tropel de paixões que me arrastava:
Ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
Em mim quasi imortal a essência humana!

De que inúmeros sóis a mente ufana
Existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
Ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus, e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta em si não coube,
No abismo vos sumiu dos desenganos

Deus, ó Deus!… quando a morte a luz me roube,
Ganhe um momento o que perderam anos,
Saiba morrer o que viver não soube.

No momento em que o escravo decide que não quer ser escravo, suas correntes caem ao solo. Se libera e mostra aos outros como fazê-lo. A liberdade e a escravidão são estados mentais.

O Prestígio é Sempre Enganador

Tendo a generalidade das opiniões que a educação nos inculca, unicamente a educação por base, facilmente nos habituamos a admitir, com prontidão, um conceito defendido por um personagem aureolado de prestígio.
Sobre os assuntos técnicos da nossa profissão, somos capazes de formular conceitos muito seguros; mas, no tocante ao resto, não procuramos sequer raciocinar, preferindo admitir, com os olhos fechados, as opiniões que nos são impostas por um personagem ou um grupo dotado de prestígio.
De facto, quer se seja estadista, artista, escritor ou sábio, o destino depende, sobretudo, da quantidade de prestígio que se possui e, por conseguinte, do grau de sugestão inconsciente que se pode criar. O que determina o êxito de um homem é a dominação mental que ele exerce. O completo imbecil, entretanto, alcança êxito, algumas vezes, porquanto, não tendo consciência da sua imbecilidade, jamais hesita em afirmar com autoridade. Ora, a afirmação enérgica e repetida possui prestígio. O mais vulgar dos «camelos», quando energicamente afirma a imaginária superioridade de um produto, exerce prestígio na multidão que o circunda.
(…) Mesmo entre sábios eminentes, o prestígio é, muitas vezes, um dos factores mais certos de uma convicção. Para os espíritos ordinários, ele o é sempre.

Continue lendo…

A Falsa Emancipação da Mulher

Actualmente, tem-se a pretensão de que a mulher é respeitada. Uns cedem-lhe o lugar, apanham-lhe o lenço: outros reconhecem-lhe o direito de exercer todas as funções, de tomar parte na administração, etc.; mas a opinião que têm dela é sempre a mesma – um instrumento de prazer. E ela sabe-o. Isso em nada difere da escravatura. A escravatura mais não é do que a exploração por uns do trabalho forçado da maioria. Assim, para que deixe de haver escravatura é necessário que os homens cessem de desejar usufruir o trabalho forçado de outrem e considerem semelhante coisa como um pecado ou vergonha. Entretanto, eles suprimem a forma exterior da escravatura, depois imaginam, persuadem-se de que a escravatura está abolida mas não vêem, não querem ver que ela continua a existir porque as pessoas procedem sempre de maneira idêntica e consideram bom e equitativo aproveitar o trabalho alheio. E desde que isso é julgado bom, torna-se inveitável que apareçam homens mais fortes ou mais astutos dispostos a passar à acção. A escravatura da mulher reside unicamente no facto de os homens desejarem e julgarem bom utilizá-la como instrumento de prazer. Hoje em dia, emancipam-na ou concedem-lhe todos os direitos iguais aos do homem,

Continue lendo…

Estio

Saí da Primavera, entrei no Estio
Das fogosas funções da mocidade.
Nesta estação louçã da minha idade,
Entreguei-me às paixões, com desvario.

Qual cavalo rinchão, solto com cio,
Saltei desenfreado em liberdade:
Fui escravo da cega divindade
Que tem do cego mundo o senhorio.

Largos anos servi tão falso Nume;
Consagrei-lhe, servil, os sons da lira
Acesa em labaredas do seu lume.

Em câmbio de o cantar, deu-me a Mentira,
O engano, a ingratidão, o vil ciúme:
Que paga de o servir o homem tira!

Não existe nenhum rei que não tenha tido um escravo entre os seus antepassados, e nenhum escravo que não tenha tido um rei entre os seus.

A Estupidez da Humanidade

Nós passamos as nossas vidas a lutar para conseguir que pessoas ligeiramente mais estúpidas que nós aceitem as verdades que os grandes homens conheceram desde sempre. Já há milhares de anos que eles sabiam que fechar uma pessoa doente num ambiente solitário torna-a ainda pior. Já há milhares de anos que eles sabiam que um homem pobre que é assustado, pelo seu patrão, e pela polícia, é um escravo. Eles sabiam. Nós sabemos. Mas será que a granda massa iluminada dos britânicos o sabem? Não. É o nosso dever, Ella, o teu e o meu, de lhes dizer. Porque os grandes homens são demasiado grandes para serem incomodados. Estão já a descobrir como colonizar Vénus e como irrigar a Lua. Isso é que é o mais importante para o nosso tempo. Tu e eu somos os empurradores da pedra. Todas as nossas vidas, tu e eu, temos que empregar as nossas energias, e todo o nosso talento, a empurrar uma enorme pedra por uma montanha acima. A pedra é a verdade que os grandes homens sabem por instinto, e a montanha é a estupidez da humanidade.

Lavoura

Calma colheita do verbo sereno
Madura mansidão que se apresenta
Nessa escolha do fruto mais ameno
Servido à mesa suado e tão sedento.

Palavras semeadas num terreno
Quintal comum, adubo que se inventa
Na lida da lavoura em plano pleno
De quem se sabe longe da tormenta.

O fruto verde envolto nas lianas
Há muito debelado do seu travo
Hoje se escolhe o doce em filigranas.

No duro aprendizado fiz-me escravo
Cavalo de um arado em terra plana
Transpirando crepúsculos no estábulo.