A Vida é uma Montanha Russa
A vida não é uma linha reta em que alguém conquistado ou algo adquirido é uma segurança para todo o sempre; a vida é uma montanha russa e, de vez em quando, sim, é preciso ficares de pernas para o ar. Tudo passa, tu ficas. Sou tão assertivo relativamente a este tema porque sei que é a dependência que gera o apego, ou seja, se as pessoas forem independentes é impossível serem apegadas. É o ego que as vincula à ideia de que não são suficientemente boas para dependerem de si mesmas e é contra esta terrível armadilha que é preciso lutar.
Uma mãe que dependa do bem–estar do filho e que viva para ele é uma mulher que não encontrará forças para lhe esticar o braço quando ele cair e precisar de uma verdadeira mãe, pois serão sempre dois a sofrer da mesma epidemia, da mesma dor, da mesma frustração ou desilusão; um homem que use e abuse da estabilidade profissional e financeira que conquistou e que dependa disso para, pensa ele, ser o que é, é alguém que mais tarde ou mais cedo, e num daqueles loopings da vida em que o que era já não é,
Passagens sobre Impossível
504 resultadosUma Discussão nesta Santa Terra Portuguesa Acaba sempre aos Berros
Não há maneira. Por mais boa vontade que tenham todos, uma discussão nesta santa terra portuguesa acaba sempre aos berros e aos insultos. Ninguém é capaz de expor as suas razões sem a convicção de que diz a última palavra. E a desgraça é que a esta presunção do espírito se junta ainda a nossa velha tendência apostólica, que onde sente um náufrago tem de o salvar. O resultado é tornar-se impossível qualquer colaboração nas ideias, o alargamento da cultura e de gosto, e dar-se uma trágica concentração de tudo na mesquinhez do individual.
Um professor afeta a eternidade; é impossível dizer até onde vai sua influência.
A vitória e o fracasso são dois impossíveis, e é necessário recebê-los com idêntica serenidade e com uma saudável dose de desdém.
Aprender a Ser Feliz
É impossível exigir a estabilidade plena da energia psíquica, pois ela organiza-se, desorganiza-se (caos) e reorganiza-se continuamente. Não existem pessoas que sejam sempre calmas, alegres e serenas. Nem mesmo existem pessoas ansiosas, irritadas e incoerentes permanentemente. Ninguém é emocionalmente estático, a não ser que esteja morto. Devemos reagir e comportar-nos segundo determinado padrão para não sermos instáveis, mas este padrão reflectirá sempre uma emoção flutuante.
A pessoa mais tranquila perderá a paciência. A pessoa mais ansiosa terá momentos de calma. Só os computadores são rigorosamente estáveis. Por isso, eles são lógicos, programáveis e, portanto, de baixa complexidade. Nós, pelo contrário, somos tão complexos que a nossa disposição, humor e interesses mudam com frequência. Devemos estar preparados para enfrentar os problemas internos e externos. Devemos ter consciência de que os problemas nunca vão desaparecer nesta sinuosa e bela existência. Podemos evitar alguns, outros porém são imprevisíveis.
Mas os problemas existem para serem resolvidos e não para nos controlarem. Infelizmente, muitos são controlados por eles. A melhor maneira de ter dignidade diante das dificuldades e dos sofrimentos existenciais é extrair lições deles. Caso contrário, o sofrimento é inútil. Ser feliz, do ponto de vista da psicologia, não é ter uma vida perfeita,
Algumas das maiores façanhas do mundo foram feitas por pessoas que não eram suficientemente espertas, para saber que elas eram impossíveis.
A Finalidade do Estado é a Liberdade
Num Estado democrático, o que menos se tem a temer é o absurdo, pois é quase impossível que a maioria dos homens unidos em um todo, se esse todo for considerável, concorde com um absurdo.
(…) Não, repito, a finalidade do Estado não é fazer os homens passarem da condição de seres razoáveis à de animais brutos ou de autómatos, mas, pelo contrário, é instituído para que a sua alma e o seu corpo se desobriguem com segurança de todas as suas funções, para que eles próprios usem uma Razão livre, para que não lutem mais por ódio, cólera ou artifício, para que se suportem sem animosidade uns aos outros. A finalidade do Estado é portanto, na realidade, a liberdade.
A Deus nada é impossível.
O Amor Português não é um Fenómeno Ternurento
Do carinho e do mimo, toda a gente sabe tudo o que há a saber — e mais um bocado. Do amor, ninguém sabe nada. Ou pensa-se que se sabe, o que é um bocado menos do que nada. O mais que se pode fazer é procurar saber quem se ama, sem querer saber que coisa é o amor que se tem, ou de que sítio vem o amor que se faz.
Do amor é bom falar, pelo menos naqueles intervalos em que não é tão bom amar. Todos os países hão-de ter a sua própria cultura amorosa. A portuguesa é excepcional. Nas culturas mais parecidas com a nossa, é muito maior a diferença que se faz entre o amor e a paixão. Faz-se de conta que o amor é uma coisa — mais tranquila e pura e duradoura — e a paixão é outra — mais doída e complicada e efémera. Em Portugal, porém, não gostamos de dizer que nos «enamoramos», e o «enamoramento» e outras palavras que contenham a palavra «amor» são-nos sempre um pouco estranhas. Quando nós nos perdemos de amores por alguém, dizemos (e nitidamente sentimos) que nos apaixonamos. Aqui, sabe-se lá por que atavismos atlânticos,
A felicidade é a possibilidade de Deus, não mais, a possibilidade de um milagre – é muito mais feliz a possibilidade de um milagre do que o próprio milagre; os milagres são uma seca, algo impossível acontecer não me excita minimamente, excita-me mais a tensão de um desafio, procurar superá-lo por mais improvável que pareça.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível
Quem não Dava a Vida por um Amor?
O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade. Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível, mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.
Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.
Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.
O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mai tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado.
Envolvê-la nos Meus Braços
Três minutos depois de você ter partido. Não, não consigo reprimi-lo. Digo-lhe o que já sabe: amo-a. É isto que destruí vezes sem conta. Em Dijon, escrevi-lhe cartas longas e apaixonadas (se você tivesse permanecido na Suíça ter-lhas-ia enviado), mas como posso eu enviá-las para Louveciennes?
Anais, não posso dizer muito agora – encontro-me demasiado alterado. Quase não consegui conversar consigo, porque estava continuamente prestes a levantar-me e a envolvê-la nos meus braços. Tinha esperanças de que você não tivesse de ir jantar a casa… De que pudéssemos ir a algum lado jantar e dançar. Você dança… Já sonhei com isso vezes sem conta… Eu a dançar consigo, ou você a dançar sozinha com a cabeça inclinada para trás e os olhos semicerrados. Algum dia tem de dançar para mim dessa maneira. Esse é o seu Eu espanhol, o tal sangue andaluz destilado.
Estou sentado no seu lugar e já levei aos lábios o copo onde você bebeu. Mas não sei o que dizer. O que você me leu pôs-me a cabeça às voltas. A sua linguagem é ainda mais avassaladora do que a minha. Comparado consigo, não passo de um petiz… porque, quando o útero que há em si fala,
Ao trocarem informações, os maníacos sexuais verificam que a originalidade é impossível.
O Medo de nos Aceitarmos como Somos
Como as prisões e as galeras estão cheias de pessoas, segundo elas, inocentíssimas, assim os empregos públicos e as honrarias de toda a espécie são ocupados apenas por pessoas convidadas e forçadas a aceitar a seu malgrado. É quase impossível encontrar alguém que confesse ou ter merecido as penas que sofre, ou procurado ou desejado as honrarias de que goza.
Ode Marítima
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pro lado da barra, olho pro Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh’alma está com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.Olho de longe o paquete, com uma grande independência de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente,Os paquetes que entram de manhã na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.
O homem pode acreditar no impossível, mas nunca pode acreditar no improvável.
A história ensina-nos que o homem não teria alcançado o possível se, muitas vezes, não tivesse tentado o impossível.
O que quer que tu queiras mesmo fazer, fá-lo. As condições serão sempre impossíveis.
Amor que morre
O nosso amor morreu… Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta,
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!Bem estava a sentir que ele morria…
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre… e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia…Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer,
E são precisos sonhos para partir.E bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
De outro amor impossível que há-de vir!