O objectivo da humanidade não é a felicidade, é a perfeição intelectual e moral.
Passagens sobre Intelectuais
221 resultadosOs Meios de Comunicação Têm Sempre Razão
A dominação intelectual é difícil se não dispomos de uma tribuna mediática. Em vez de perdermos longos anos a reflectir sobre o sentido da vida, as relações entre homens e mulheres, a influência da alimentação transgénica na produção leiteira das vacas normandas (conheço um investigador que passou quarenta anos a estudar as térmitas; admite não ter conseguido desvendar-lhes o segredo que, no seu entender, existe!) ou qualquer assunto mais ou menos relacionado com o destino da Humanidade, mais vale começarmos por arranjar meios de aceder à redacção de um jornal ou, melhor, de um canal televisivo. Com efeito, é a importância do meio de comunicação em termos de audiência que determina a supremacia de uma opinião. Qualquer tolice catódica emitida entre as 20 e as 20:30 horas é mais credível que a conclusão amadurecida de um colóquio de especialistas. Porquê mais credível? Porque mais acreditada.
O público aprecia a confirmação de que é verdade aquilo que sente como verdadeiro (por exemplo, que os políticos são podres ou que a Madonna é a mulher mais sensual do mundo). Este género de opinião, no entanto, só passa a ser uma evidência depois de ter sido santificado por um meio de comunicação.
A fidelidade é para a vida afectiva o que a coerência é para a vida intelectual – a simples constatação de um logro.
Nada contribui tanto para tranqüilizar a mente quanto um objetivo claro – um ponto sobre o qual a alma possa fixar seu olhar intelectual.
Deixem-me dizer-vos neste momento que não fazer nada é a coisa mais difícil do mundo, a mais difícil e a mais intelectual.
A criação intelectual, o mais misterioso e solitário dos ofícios humanos.
Não amei nunca, nem mesmo minha mulher que é morta e pela qual não tenho amor, mas remorso de não tê-la compreendido, mais devido à oclusão muda do meu orgulho intelectual; e tê-la-a amado certamente, se tão estúpido sentimento não tivesse feito passar por mim a única alma e pessoa que me podiam inspirar tão grave pensamento.
O Universo é uma Pavorosa Ilusão
A mim é-me familiar o que a outros, e a raros outros, apenas em horrorosos acasos é de algum modo vagamente experiência – o sentimento do mistério e do horror intelectual do mundo. É minha inimiga do meu sangue e na minha alma quotidiana a sensação oca de que o universo é uma pavorosa ilusão. Passou já o tempo em que este medo me era ocasional e, como um relâmpago, uma coisa de um horroroso instante. Hoje consubstancia-se com a minha vida espiritual ao ponto de me parecer estranha e não de mim a hora do espírito em que de algum modo me desenvencilho da consciência do mistério do mundo.
Há: mentiras que não o são. Aprimora-te: na capacidade de mentir sem substituíres qualquer verdade por uma mentira; alarga: a tua abrangência intelectual; cria: a tua base de dados metafórica; só assim: conseguirás ser capaz de mentir sem dizer uma mentira.
O segundo dom do Espírito Santo é a inteligência. Nãos se trata aqui da inteligência humana, da capacidade intelectual de que possamos ser mais ou menos dotados. É, pelo contrário, uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita a capacidade de ir além do aspeto externo da realidade e de sondar a profundidade do pensamento de Deus.
Um perene sentimento de insatisfação atravessa toda a parábola da existência humana. O Homem julga poder ser feliz se resolver todas as suas necessidades físicas, materiais, intelectuais, afetivas, relacionais e mesmo espirituais, mas quando alcança e obtém aquilo que deseja, repara em novas necessidades e sente fortemente a falta de alguma coisa que possa finalmente apaziguá-lo.
Egoísmo Relativo
Por mim, o meu egoísmo é a superfície da minha dedicação. O meu espírito vive constantemente no estudo e no cuidado da Verdade, e no escrúpulo de deixar, quando eu despir a veste que me liga a este mundo, uma obra que sirva o progresso e o bem da Humanidade.
Reconheço que o sentido intelectual que esse Serviço da Humanidade toma em mim, em virtude do meu temperamento, me afasta, muitas vezes, das pequenas manifestações que em geral revelam o espírito humanitário. Os actos de caridade, a dedicação por assim dizer quotidiana são cousas que raras vezes aparecem em mim, embora nada haja em mim que represente a negação delas.
Em todo o caso, reconheço, em justiça para comigo próprio, que não sou mais egoísta que a maioria dos indivíduos, e muito menos o sou que a maioria dos meus colegas nas artes e nas letras. Pareço egoísta àqueles que, por um egoísmo absorvente, exigem a dedicação dos outros como um tributo.
O Amor Busca para que o Entendimento Encontre
Não basta a agudeza intelectual para descobrir uma coisa nova. Faz falta entusiasmo, amor prévio por essa coisa. O entendimento é uma lanterna que necessita de ir dirigida por uma mão, e a mão necessita de ir mobilizada por um anseio pré-existente para este ou outro tipo de possíveis coisas. Em definitivo, somente se encontra o que se busca e o entendimento encontra porque o amor busca. Por isso todas as ciências começaram por ser entusiasmos de amadores. A pedanteria contemporânea desprestigiou esta palavra; mas amador é o mais que se pode ser com respeito a alguma coisa, pelo menos é o germe todo. E o mesmo diríamos do dilettante – que significa o amante. O amor busca para que o entendimento encontre. Grande tema para uma longa e fértil conversa, este que consistiria em demonstrar como o ser que busca é a própria essência do amor! Pensaram vocês na surpreendente contextura do buscar? O que busca não tem, não conhece ainda aquilo que busca e, por outra parte, buscar é já ter de antemão e conjecturar o que se busca.
Buscar é antecipar uma realidade ainda inexistente, preparar o seu aparecimento, a sua apresentação. Não compreende o que é o amor quem,
Só há um amor eterno: o amor intelectual.
A Independência da Solidão
O que me importa unicamente é o que tenho de fazer, não o que pensam os outros. Esta regra, igualmente árdua na vida imediata como na intelectual, pode servir para a distinção total entre a grandeza e a baixeza. E é tanto mais dura quanto sempre se encontrarão pessoas que acreditam saber melhor do que tu qual é o teu dever. É fácil viver no mundo de conformidade com a opinião das gentes; é fácil viver de acordo consigo próprio na solidão; mas o grande homem é aquele que, no meio da turba, mantém, com perfeita serenidade, a independência da solidão.
A Casa do Escritor
O escritor organiza-se no seu texto como em sua casa. Comporta-se nos seus pensamentos como faz com os seus papéis, livros, lápis, tapetes, que leva de um quarto para o outro, produzindo uma certa desrodem. Para ele, tornam-se peças de mobiliário em que se acomoda, com gosto ou desprazer. Acaricia-os com delicadeza, serve-se deles, revira-os, muda-os de sítio, desfá-los. Quem já não tem nenhuma pátria, encontra no escrever a sua habitação. E aí produz, como outrora a família, desperdícios e lixo.
Mas já não dispõe de desvão e é-lhe muitíssimo difícil livrar-se da escória. Por isso, ao tirá-la da sua frente, corre o risco de acabar por encher com ela as suas páginas. A exigência de resistir à auto-compaixão inclui a exigência técnica de defrontar com extrema atenção o relaxamento da tensão intelectual e de eliminar tudo quanto tenda a fixar-se como uma crosta no trabalho, tudo o que decorre no vazio, o que talvez suscitasse, num estádio anterior, como palavriado, a calorosa atmosfera em que emerge, mas agora permanece bafiento e insípido. Por fim, já nem sequer é permitido ao escritor habitar nos seus escritos.
Os intelectuais, educados para o culto à Beleza, conservam sempre, mesmo nas piores depravações, uma espécie de ordem.
Trabalho intelectual é uma expressão errada. Não é uma expressão errada. Não é trabalho é prazer, dissipação nossa maior recompensa.
Procura desenvolver os dotes intelectuais e morais e a felicidade apresentar-se-á.
A Influência das Ilusões nas Nossas Vidas
Traçar o papel das ilusões na génese das opiniões e das crenças seria refazer a história da humanidade. Da infância à morte, a ilusão envolve-nos. Só vivemos por ela e só ela desejamos. Ilusões do amor, do ódio, da ambição, da glória, todas essas várias formas de uma felicidade incessantemente esperada, mantêm a nossa actividade. Elas iludem-nos sobre os nossos sentimentos e sobre os sentimentos alheios, velando-nos a dureza do destino.
As ilusões intelectuais são relativamente raras; as ilusões afectivas são quotidianas. Crescem sempre porque persistimos em querer interpretar racionalmente sentimentos muitas vezes ainda envoltos nas trevas do inconsciente. A ilusão afectiva persuade, por vezes, que entes e coisas nos aprazem, quando, na realidade, nos são indiferentes. Faz também acreditar na perpetuidade de sentimentos que a evolução da nossa personalidade condena a desaparecer com a maior brevidade.
Todas essas ilusões fazem viver e aformoseiam a estrada que conduz ao eterno abismo. Não lamentemos que tão raramente sejam submetidas à análise. A razão só consegue dissolvê-las paralisando, ao mesmo tempo, importantes móbeis de acção. Para agir, cumpre não saber demasiado. A vida é repleta de ilusões necessárias.
Os motivos para não querer multiplicam-se com as discussões das coisas do querer.