Permitir que a cabeça cheia de asco e ódio afunde no peito.
Passagens sobre Ódio
426 resultadosQuando o amor ou o ódio não participa do jogo, a mulher é jogadora medíocre.
Sê aquele que afasta as pedras do caminho, o ódio dos corações, as dificuldades de um problema.
O Limite Saudável do Amor por Nós Próprios
O amor por nós mesmos, que só a nós diz respeito, sente-se satisfeito quando as nossas verdadeiras necessidades ficam satisfeitas; mas o amor-próprio – que se pretende comparar com ele – nunca se sente satisfeito nem o poderia estar, porque esse sentimento, que nos leva a preferirmo-nos aos outros, também exige que os outros nos prefiram a eles próprios; ora isso é impossível. Eis como as paixões suaves e afectuosas têm origem no amor por si próprio, e como as paixões de ódio e de ira provêm do amor-próprio. Assim, o que torna o homem essencialmente bom é o facto de ter poucas necessidades e de pouco se comparar com os outros; o que o torna essencialmente mau é ter muitas necessidades e preocupar-se muito com a opinião. Sobre este princípio, é fácil ver como se podem dirigir – para o bem ou para o mal – todas as paixões das crianças e dos homens. É verdade que, como não podem viver sempre sós, dificilmente poderão viver sempre bons: e esta dificuldade aumentará, necessariamente, com o alargamento das suas relações; e é nisso, sobretudo, que os perigos da sociedade nos tornam a arte e os cuidados mais indispensáveis para prevenir –
Estrangeiro
Sou estrangeiro em todos os lugares.
Inútil procurar-te, aldeia minha.
Subo de escada todos os andares,
com a fria espada a acutilar-me a espinha.Não sou daqui nem sou de lá. Perdi-me
na indecisão de becos e de esquinas.
Como o pardal diante do gato, vi-me
apanhado por garras assassinas.Os mapas pendurados nas paredes
riem de mim como insensíveis redes,
rasgando os peixes que não fogem mais.Prenderam-me entre muros que abomino
e toda a noite entoam-me seu hino
de insultos, gritos e ódios triunfais.
Na mulher, é mais duradoiro o ódio do que o amor.
O ódio não é senão o próprio amor que adoeceu gravemente.
O ódio pode ser desarmado pelo amor e acabar por esquecer; mas a inveja às vezes nem se detém à beira da sepultura.
As pessoas graves e sombrias tornam-se mais leves precisamente através daquilo que torna outras pessoas graves, através do ódio e do amor, e chegam assim por um momento à própria superfície
A cortesia é irmã da caridade, que apaga o ódio e fomenta o amor.
O sentimento que o homem suporta com mais dificuldade é a piedade, principalmente quando a merece. O ódio é um tónico, faz viver, inspira vingança; mas a piedade mata, enfraquece ainda mais a nossa fraqueza.
As Artes e as Ciências Nasceram dos Vícios
A astronomia nasceu da superstição; a retórica, da ambição, do ódio, da adulação, da mentira; a geometria, da ganância; a física, da curiosidade vã; e todas elas, mesmo a ética, do orgulho humano. As artes e as ciências devem portanto o seu nascimento aos nossos vícios, e nós deveríamos duvidar menos das suas vantagens se elas tivessem tido origem nas nossas virtudes. (…) Quantos perigos! Quantos caminhos equivocados na investigação das ciências? Por meio de quantos erros, milhares de vezes mais perigosos do que a verdade é útil, não é preciso abrir caminho a fim de alcançá-la? O problema é patente; pois a falsidade admite um número infinito de combinações; mas a verdade possui apenas um modo de ser.
Prazer não Significa Felicidade
Aqueles que disseram ser o prazer o sumo bem, viram bem a posição vergonhosa em que o colocaram. Negam eles também que a virtude possa ser separada do prazer e dizem que ninguém pode viver honestamente sem viver agradavelmente, tal como ninguém pode viver agradavelmente sem viver honestamente. Não vejo como elementos tão diversos podem ser postos lado a lado. Porque não se poderá, pergunto-vos, separar a virtude do prazer? Visto que o princípio de todo o bem é a virtude, será ela também a raiz de tudo o que vós amais e desejais? Todavia, se a virtude e o prazer não fossem coisas distintas, não se compreenderia por que razão há umas coisas que são agradáveis, mas desonestas, e outras que são honestíssimas, mas penosas e causadoras de sofrimento.
Acrescenta ainda que, enquanto o prazer se coaduna com uma vida vergonhosa, a virtude não admite uma má vida, e quantos há que são infelizes não por não terem prazer, mas precisamente por causa do prazer, o que não aconteceria se conjugassem o prazer com a virtude, a qual existe muitas vezes sem ele, sem nunca precisar dele para existir.
Porquê confundir coisas tão diversas ou mesmo opostas?
Quanto amargor fermenta-se no fundo da doçura, quanto desespero esconde-se na abnegação e quanto ódio mistura-se ao amor.
Quantas pessoas não estarão ferindo a si mesmas todos os dias? A indignação, o ódio, o temor, a ofensa e todos os demais pensamentos e sentimentos negativos ferem a própria pessoa.
O ódio provoca brigas, mas o amor perdoa todas as ofensas.
Todo filho da raça saxônica é educado para desejar ser o primeiro. Este é o nosso sistema; e um homem mede sua grandeza pelos arrependimentos, invejas e ódios de seus concorrentes.
Nossos livros de escola glorificam a guerra e escondem seus horrores. Eles incutem ódio nas veias das crianças. Eu preferiria ensinar paz do que guerra. Eu preferiria incutir amor do que ódio.
O ódio de uma pessoa atrai o ódio de outras dez, mas o sentimento de amor atrai o amor de cem pessoas.
A Paz Social
Não nos seduz nem satisfaz a riqueza, nem o luxo da técnica, nem a aparelhagem que diminua o homem, nem o delírio da mecânica, nem o colossal, o imenso, o único, a força bruta, se a asa do espírito os não toca e submete ao serviço de uma vida cada vez mais bela, mais elevada e nobre. Sem nos distrair da actividade que a todos proporcione maior porção de bens e com eles mais conforto material, o ideal é fugir ao materialismo do tempo: levar a ser mais fecundo o campo, sem emudecer nele as alegres canções das raparigas; tecer o algodão ou a lã no mais moderno tear, sem entrelaçar no fio o ódio de classe nem expulsar da oficina ou da fábrica o nosso velho espírito patriarcal.
Duma civilização que regressa cientificamente à selva separa-nos sem remissão o espiritualismo — fonte, alma, vida da nossa História. Fugimos a alimentar os pobres de ilusões, mas queremos a todo o transe preservar da onda que cresce no Mundo a simplicidade de vida, a pureza dos costumes, a doçura dos sentimentos, o equilíbrio das relações sociais, esse ar familiar, modesto mas digno da vida portuguesa — e, através dessas conquistas ou reconquistas das nossas tradições,