Passagens sobre Rosto

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Frases sobre rosto, poemas sobre rosto e outras passagens sobre rosto para ler e compartilhar. Leia as melhores citações em Poetris.

Cantiga do Rosto Branco

Rico era o rosto branco; armas trazia,
E o licor que devora e as finas telas;
Na gentil Tibeima os olhos pousa,
E amou a flor das belas.

“Quero-te!” disse à cortesã da aldeia;
“Quando, junto de ti, teus olhos miro,
A vista se me turva, as forças perco,
E quase, e quase expiro.”

E responde a morena requebrando
Um olhar doce, de cobiça cheio:
“Deixa em teus lábios imprimir meu nome;
Aperta-me em teu seio!”

Uma cabana levantaram ambos,
O rosto branco e a amada flor das belas…
Mas as riquezas foram-se co’o tempo,
E as ilusões com elas.

Quando ele empobreceu, a amada moça
Noutros lábios pousou seus lábios frios,
E foi ouvir de coração estranho
Alheios desvarios.

Desta infidelidade o rosto branco
Triste nova colheu; mas ele amava,
Inda infiéis, aqueles lábios doces,
E tudo perdoava.

Perdoava-lhe tudo, e inda corria
A mendigar o grão de porta em porta,
Com que a moça nutrisse, em cujo peito
Jazia a afeição morta.

E para si,

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Há Palavras que Nos Beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Adeus Tranças Cor de Ouro

Adeus tranças cor de ouro,
Adeus peito cor de neve!
Adeus cofre onde estar deve
Escondido o meu tesouro!

Adeus bonina, adeus lírio
Do meu exílio de abrolhos!
Adeus, ó luz dos meus olhos
E meu tão doce martírio!

Adeus meu amor-perfeito,
Adeus tesouro escondido,
E de guardado, perdido
No mais íntimo do peito.

Desfeito sonho dourado,
Nuvem desfeita de incenso
Em quem dormindo só penso,
Em quem só penso acordado!

Visão, sim, mas visão linda,
Sonho meu desvanecido!
Meu paraíso perdido
Que de longe adoro ainda!

Nuvem que ao sopro da aragem
Voou nas asas de prata,
Mas no lago que a retrata
Deixou esculpida a imagem!

Rosa de amor desfolhada
Que n’alma deixou o aroma,
Como o deixa na redoma
Fina essência evaporada!

Gota de orvalho que o vento
Levou do cálix das flores,
Curto abril dos meus amores,
Primavera de um momento!

Adeus Sol, que me alumia
Pelas ondas do oceano
Desta vida, deste engano,

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Ela, Kate Croy, esperava a vinda do pai, mas ele se fazia esperar, sem a menor consideração, e houve momentos em que a moça exibiu par si mesma, no espelho acima do console da lareira, um rosto decididamente pálido, com uma irritação que a levou a ponto de ir embora sem vê-lo.

Amo-te Muito, Muito!

Amo-te muito, muito!
Reluz-me o paraíso
Num teu olhar fortuito,
Num teu fugaz sorriso!

Quando em silêncio finges
Que um beijo foi furtado
E o rosto desmaiado
De cor-de-rosa tinges,

Dir-se-á que a rosa deve
Assim ficar com pejo
Quando a furtar-lhe um beijo
O zéfiro se atreve!

E às vezes que te assalta
Não sei que idem, jovem,
Que o rosto se te esmalta
De lágrimas que chovem;

Que fogo é que em ti lavra
E as forças te aniquila,
Que choras, mas tranquila,
E nem uma palavra?…

Oh! se essa mudez tua
É como a que eu conservo
Lá quando à noite observo
O que no céu flutua;

Ou quando à luz que adoro
Às horas do infinito,
Nas rochas de granito
Os braços cruzo e choro;

Amamo-nos! Não cabe
Em nossa pobre língua
O que a alma sente, à mingua
De voz… que só Deus sabe!

Terceiro Canto

Cajás! Não é que lembra à Laura um dia
(Que dia claro! esplende o mato e cheira!)
Chamar-me para em sua companhia
Saboreá-los sob a cajazeira!

– Vamos sós? perguntei-lhe. E a feiticeira:
– Então! tens medo de ir comigo? – E ria.
Compõe as tranças, salta-me ligeira
Ao braço, o braço no meu braço enfia.

– Uma carreira! – Uma carreira! – Aposto!
A um sinal breve dado de partida,
Corremos. Zune o vento em nosso rosto.

Mas eu me deixo atrás ficar, correndo,
Pois mais vale que a aposta da corrida
Ver-lhe as saias a voar, como vou vendo.

Com vinte anos todos têm o rosto que Deus lhes deu; com quarenta, o rosto que lhes deu a vida; e com sessenta, o rosto que merecem.

A Beleza é uma Construção Cerebral

A beleza consome e dá de consumo, vem de um lado que ninguém conhece, constrói-se com os minutos, com o tempo de degustação, há pessoas que foram ficando bonitas pela repetição, vamo-las vendo e vamos percebendo traços novos, traços diferentes, como se o rosto tivesse vários rostos em si, uma matrioska estética, temos vários rostos no nosso, ou vários olhares no que olhamos, a beleza é um processo de inteligência, uma construção cerebral.

Que Aziago que Foi, que Dia Infausto

Que aziago que foi, que dia infausto
Aquele, em que vi tua formosura!
Em que cheio de amor e de ternura
Esta alma te ofertei em holocausto!
Teus olhos m’o fizeram ter por fausto,
Teus belos olhos cheios de doçura,
Mas logo me fez ver minha loucura
Teu peito de rigores nunca exausto.
Ai! e quão mesquinho é, quão desgraçado
Aquele, que como as mostras vão se engana
De um angélico rosto sossegado!

Pois mil vezes encobre a vista humana
Qual áspide cruel florido prado,
Um coração uma alma desumana.

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.

Se Perguntas Onde Fui

Se perguntas onde fui,
devo dizer: o mar.
Estive sempre ali,
mesmo estando a mudar.

Foi ali que escrevi
tua pele, teu suor.
Ao tempo, seus faróis.
Não mudei de mudar.

2

O que mudou em mim,
senão andar mudando
sem nunca mais mudar?

Quem mudará em mim,
se não sei mudar?

3

Ou me mudei. Sou outro.
Outra ventura, outra
virtude, cadência,
remota criatura.

Então que se apresente.
Seja tenaz, plausível
esse rosto invisível
e áspero.

Mudei. Soprava o mar.
Mudei de não mudar.