Passagens sobre ViolĂȘncia

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Quem SĂł Pensa em Si…

Um dos principais motivos da violĂȘncia Ă© a pessoa dar mais atenção ao que se passa dentro dela, aos seus conflitos e pressĂ”es, do que Ă quilo que acontece fora. SĂł pensa nela, sĂł vĂȘ o seu umbigo, e nĂŁo mede com objectividade o que lhe Ă© exterior. NĂŁo comunica, explode; nĂŁo fala, desabafa e exige; nĂŁo ouve, impĂ”e e ataca. Quem sĂł pensa em si, fica cego e culpa os outros. E descarrega neles a sua raiva sem qualquer medida ou respeito.

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Quando nĂŁo se possa escolher senĂŁo entre a cobardia e a violĂȘncia, aconselharei a violĂȘncia.

Querer saber – o que parece tĂŁo difĂ­cil – se nĂŁo Ă© errado, entre tantos seres vivos que praticam a violĂȘncia, ser o Ășnico ou um dos poucos nĂŁo violentos, nĂŁo Ă© diferente de querer saber se seria possĂ­vel ser sĂłbrio entre tantos embriagados, e se nĂŁo seria melhor que todos começassem logo a beber.

As InfluĂȘncias no Estado de EspĂ­rito

Agora estou disposto a fazer tudo, agora a nada fazer; o que me é um prazer neste momento em alguma outra vez me serå um esforço. Acontecem em mim mil agitaçÔes desarrazoadas e acidentais. Ou o humor melancólico me domina, ou o colérico; e, com a sua autoridade pessoal, neste momento a tristeza predomina em mim, neste momento a alegria. Quando pego em livros, terei captado em determinada passagem qualidades excelentes e que terão tocado a minha alma; quando uma outra vez volto a deparar com ela, por mais que a vire e revire, por mais que a dobre e apalpe, é para mim uma massa desconhecida e informe.
Mesmo nos meus escritos nem sempre reencontro o sentido do meu pensamento anterior: nĂŁo sei o que quis dizer, e amiĂșde me esfalfo corrigindo e dando-lhe um novo sentido, por haver perdido o primeiro, que valia mais. NĂŁo faço mais que ir e vir: o meu julgamento nem sempre caminha para a frente; ele flutua, vagueia, Como um barquinho frĂĄgil surpreendido no vasto mar por uma tempestade violenta (Catulo).
Muitas vezes (como habitualmente me advém fazer), tendo tomado para defender, por exercício e por diversão, uma opinião contråria à minha,

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O football Ă© uma escola de violĂȘncia e brutalidade e nĂŁo merece nenhuma proteção dos poderes pĂșblicos, a menos que estes nos queiram ensinar o assassinato.

Amor fora de Controle

É propriedade do amor o ser violento; e Ă© propriedade da violĂȘncia o nĂŁo durar. O amor acaba-se em nĂłs, nĂŁo por nossa vontade, mas porque tem por natureza o acabar; e ainda que tudo hĂĄ-de acabar connosco, nem tudo espera por nĂłs. Quando amamos, Ă© por força, porque a fermosura que nos inclina, nos vence; e tambĂ©m Ă© por força quando nĂŁo amamos; porque uma vez rotos os laços, ficamos de tal sorte livres, que ainda que queiramos, nĂŁo podemos tornar a eles; e assim nĂŁo estĂĄ na nossa mĂŁo o nĂŁo amar, nem tambĂ©m o amar; o coração por si mesmo se acende, e entibiece; nĂłs, nĂŁo o podemos inflamar, nem extinguir-lhe o ardor.

Ode MarĂ­tima

Sozinho, no cais deserto, a esta manhĂŁ de VerĂŁo,
Olho pro lado da barra, olho pro Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nĂ­tido, clĂĄssico Ă  sua maneira.
Deixa no ar distante atrĂĄs de si a orla vĂŁ do seu fumo.
Vem entrando, e a manhĂŁ entra com ele, e no rio,
Aqui, acolĂĄ, acorda a vida marĂ­tima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos de trĂĄs dos navios que estĂŁo no porto.
HĂĄ uma vaga brisa.
Mas a minh’alma estĂĄ com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele estĂĄ com a DistĂąncia, com a ManhĂŁ,
Com o sentido marĂ­timo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma nåusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.

Olho de longe o paquete, com uma grande independĂȘncia de alma,
E dentro de mim um volante começa a girar, lentamente,

Os paquetes que entram de manhĂŁ na barra
Trazem aos meus olhos consigo
O mistério alegre e triste de quem chega e parte.

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NĂŁo Ă© justo aquele que julga Ă s pressas, ou usa da violĂȘncia; o sĂĄbio serenamente considera o que Ă© certo e o que Ă© errado.

As diferenças sociais de classe nĂŁo se justificam e, em Ășltima anĂĄlise, sĂŁo baseadas na violĂȘncia.

Dizer NĂŁo

Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrårio dos outros.

Diz NÃO Ă  ordem das ruas, se ela Ă© sĂł a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciĂȘncia, e nĂŁo hĂĄ ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitĂ©rios.

Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.

Diz NÃO atĂ© ao pĂŁo com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagĂĄ-lo com a renĂșncia de ti mesmo. Porque nĂŁo hĂĄ uma sĂł forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.

Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código,

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A um Passo do Amor

A um passo do amor estarĂĄs a um passo do futuro e a duzentos mil anos do passado. O teu nome Ă© o nome de todas as coisas-, quando todas as coisas respiram no teu nome. Entre o sofrimento e a felicidade, muito de ti se espalha pela vida, muita vida te aguarda, muita vida te procura. Um duplo coração bate dentro do peito e fora de ti. Tens a sabedoria das crianças e a sabedoria dos velhos. Sabes ferir e beijar e sentes o vento do orgulho. Pequeninos gestos, grandes pensamentos, constroem um dia excepcional, um amor excepcional, uma violĂȘncia excepcional. Todas as noites sĂŁo uma sĂł noite, tanto desespero pode voltar a ser esperança. As tuas mĂŁos sĂŁo uma pĂĄtria. Os teus dedos sĂŁo, umas vezes, o mais difĂ­cil dos rebanhos. E outras, os cĂŁes que o guardam, quando a verdade Ă© triste e o amor tem a fome e a sede das estrelas.

Nunca use violĂȘncia de nenhum tipo. Nunca ameace com violĂȘncia de nenhum modo. Nunca sequer tenha pensamentos violentos. Nunca discuta, porque isto ataca a opiniĂŁo do outro. Nunca critique, porque isto ataca o ego do outro. E o seu sucesso estĂĄ garantido.

Mais do que mĂĄquinas precisamos de humanidade. Mais do que inteligĂȘncia precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes a vida serĂĄ de violĂȘncia e tudo estarĂĄ perdido.

Mandar e Ensinar Através do Exemplo

NĂŁo hĂĄ modo de mandar, ou ensinar mais forte, e suave, do que o exemplo: persuade sem retĂłrica, impele sem violĂȘncia, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dĂșvidas desata, e corta caladamente todas as desculpas. Pelo contrĂĄrio, fazer uma coisa, e mandar, ou aconselhar outra, Ă© querer endireitar a sombra da vara torcida.

NĂŁo Fora o Mar!

NĂŁo fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.

NĂŁo fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angĂșstia, pequeno prazer.

NĂŁo fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violĂȘncia
como irisadas bolas de sabĂŁo,
efĂ©mero cristal, branca aparĂȘncia,
e o resto — pingos de água em minha mão.

NĂŁo fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga mĂșsica ao sol pĂŽr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.

NĂŁo fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusĂŁo, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.

NĂŁo fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que Ă© alto, inacessĂ­vel, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.

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CĂąmara Escura

A meu pai

3

A biografia. Revejo-a em tecidos
fibrosos, retraindo-se. É já visível
a anquilose o vento austero
disperso pelos gestos, mais lentos

e difíceis. A migração das aves
inicia-se. Junto Ă  costa
atlùntica, falava-me do tempo, a viração
nefasta, o nevoeiro

poroso, sobre os ossos. Era o perĂ­odo
de estado: rajadas cubitais, golpes
de vento, as migraçÔes da dor, articulares…
As metĂĄforas clĂ­nicas. Procura,

apesar disso, algum sossego. Invoca ainda
o elemento natal, o livro prematuro
do inverno. E a dureza da neve,
os domĂ­nios do gelo, imprevisĂ­veis.

Com as chuvas de abril, a migração
atinge ĂłrgĂŁos vitais. A violĂȘncia
perdida pelos mĂłveis, nas janelas
translĂșcidas, no rumo vagaroso

da voz. Vigia os gestos, os indĂ­cios de
pĂąnico, a previsĂ­vel eclosĂŁo
da crise. DeformaçÔes, desvio dos
dedos no lado cubital, arthritis

– o peso das noçÔes.
Endurecem os sons, as linhas vistas
até ao declínio, o vento imóvel
semeado nos campos. Todo o regresso

persiste na matéria: os vårios
motores de frio,

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Saber resistir Ă  violĂȘncia Ă© forte, mas vulgar; saber resistir Ă  calĂșnia e aos motejos Ă© maior esforço e mais raro.